Início » Moçambique: do divórcio com o Ocidente à machadada do IDAI

Moçambique: do divórcio com o Ocidente à machadada do IDAI

Por Idnórcio Muchanga

Queria escrever este texto com a mesma neutralidade de sempre, ver os factos, descrevê-los, analisá-los e traçar cenários no impessoal, a forma gramatical que mais atrai o leitor por o autor não aparecer na primeira pessoa, seja do singular como do plural. Mas desta vez a destruição do IDAI na região central do nosso belo Moçambique me impede de suspender o juízo (epoché fenómenológica) e analisar os factos friamente como sempre tentei fazer nos meus textos neste Canto Diplomático. Perdoe-me, caro leitor, se, neste texto, não vai encontrar a racionalidade que espera, na verdade, eu só quero exprimir os meus sentimentos, e talvez coincidam com os seus, caro leitor.

Desde 2016, com a descoberta das dívidas ilegais, ocultas, não pagáveis ou qualquer outra designação, que a Comunidade Internacional, entenda-se Ocidente, desligou-se (divorciou-se) de Moçambique pelo menos no sentido de apoio ao Orçamento do Estado de Moçambique, a economia moçambicana tem estado a ressentir-se da “esmola” que o Ocidente concedia. O custo de vida desde então subiu e todos temos estado a aguentar com esperança de que a qualquer momento a situação vai melhorar. Quero acrescentar que o argumento que eu mesmo apresento pode ser falacioso, o de que o Ocidente deixou de apoiar o Orçamento de Estado por causa das dívidas soberanas, porque quando o assunto das dívidas foi despoletado o G19 (Grupo de 19 parceiros ocidentais, países e organizações, que apoiavam o Orçamento do Estado Moçambicano) tinha-se reduzido a G14, o que significa que cinco parceiros de Moçambique já tinham pegado o seu catre e seguido o seu caminho.

Certamente, o caro leitor quererá saber por que o Ocidente já não queria apoiar o Orçamento de Estado. Sinceramente eu não sei, mas pense comigo. Não será porque a economia moçambicana estava a mostrar robustez jamais vista desde a independência, e, sobretudo, era manchete dos jornais internacionais por causa da descoberta dos recursos naturais? Se discordar vou-lhe entender. Mas deixe-me dizer também que o apoio ao Orçamento não era apenas um acto humanitário (porque se o fosse, agora com o IDAI, regressaria), era, sobretudo, político, os ditos condicionalismos. Porém, o crescimento económico e as previsões de exploração do gás natural em Pemba tinham tornado Moçambique um “país com o qual se fala e não de que se fala”, e não aceitava com a mesma facilidade de sempre os condicionalismos.

Leia mais…

Por Paulo Mateus Wache*
PWache2000@yahoo.com.br

Você pode também gostar de:

1 comment

tlover tonet 19 de Dezembro, 2023 - 6:25

This really answered my problem, thank you!

Reply

Leave a Comment

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana