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Jornalismo deve resgatar dignidade dos africanos

Por admin

Hyacinthe Boowurosigue Sanou, jornalista burquinabe, recebeu o prémio CNN Multichoice African Journalist of the year pelo seu trabalho “Nuit du 29 octobre à Azalai: Nous étions à la chambre142” publicado no jornal burquinabe L´observateure Pallga e foi escolhido entre candidaturas de 39 países de África. 

Bento Venâncio, do Jornal domingo, de Moçambique,  recebeu uma menção honrosa graças a Reportagem “Seita da Fé Macabra”, num universo de 1400 concorrentes.

No evento, realizado no Kenyatta International Convention Centre na cidade de Nairobi, o Presidente do Quénia Uhuru Kenyatta, na sua intervenção pediu que os jornalistas trabalhassem também no sentido de resgatar a dignidade dos africanos.

Estamos hoje numa festa de celebração da excelência em jornalismo, mas há ainda grandes desafios pela frente. Não podemos continuar a ser um continente que só é conhecido pelas piores razões. Há também muita coisa positiva no nosso continente, nos nossos países, que o mundo tem direito de saber”, disse Kenyata.

Acrescentou que já é tempo de se mudarem alguns paradigmas enraizados nalgum jornalismo que propalam para o Ocidente apenas aquilo que é trágico no continente; “no Ocidente também há problemas sérios mas quantas pessoas podem dizer que já viram nos seus canais e jornais os corpos das vítimas desse acontecimentos trágicos por lá?”, questionou o estadista queniano.

Kenyatta frisou que a imagem que o continente africano ostenta no concerto das nações é também fruto do trabalho dos profissionais de comunicação. “Os correspondentes africanos dos Media Ocidentais só mandam para fora aquilo que é mau. Quando os Governos africanos fazem coisas boas, os mesmos não são capazes de reconhecer isso. É tempo de mudarmos e colocarmos o nosso jornalismo ao serviço das próprias comunidades”.

O Presidente do Quénia Uhuru Kenyatta; Tim Jacobs, CEO MultiChoice Africa e Deborah Rayner, SVP International Newsgathering TV and Digital, CNN International, entregaram o galardão a Hyacinthe Boowurosigue Sanou que na sua curta intervenção disse: “Sinto muita sorte por ser nomeado Jornalista Africano CNN MultiChoice do Ano. Minha história foi sobre o poder e como as pessoas podem lutar contra ele – Estou muito orgulhoso que a história foi contada e agora pode ser lembrada. Quero compartilhar meu prémio com todos os que trabalham no L’Observateur Paalga”.

Dirigindo-se particularmente os outros jornalistas, arrancou aplausos da plateia ao afirmar que “eu não sou o melhor jornalista africano; sou apenas o que teve mais sorte”.

Moçambique, refira-se, esteve representado na finalíssima dos prémios CNN Multichoice 2015, pelo jornalista Bento Venâncio, por sinal editor de Sociedade do semanário domingo. Venâncio concorria com o trabalho “Seita de Fé Macabra” na categoria de Imprensa Generalista em Língua Portuguesa cuja vencedora foi a jornalista Carla Gonçalves, 29 anos, representante de Cabo Verde.

Carla Gonçalves concorreu com um texto intitulado, “Memorial de Amílcar Cabral vandalizado e entregue ao lixo”.

CELEBRANDO A EXCELÊNCIA

O trabalho de Hyacinthe Boowurosigue Sanou(“Nuit du 29 octobre à Azalai: Nous étions à la chambre142”) documenta a expulsão de Blaise Campaore, que governou o Burkina Faso durante 27 anos.

Na hora da consagração, Boowurosigue Sanou afirmou: “Sinto muita sorte por ser nomeado Jornalista Africano CNN MultiChoice do Ano. Minha história foi sobre o poder e como as pessoas podem lutar contra ele – Estou muito orgulhoso que a história foi contada e agora pode ser lembrada. Quero compartilhar meu prémio com todos os que trabalham no L’Observateur Paalga”.

O presidente do painel de jurados, Ferial Haffajee, declarou: “Room 143 foi um trabalho empreendedor. O protesto parlamentar do Burkina Faso obrigou Blaise Campaore a abandonar o seu lugar e o país. Foi um momento notável num ano cheio de notícias. Esta peça leva o leitor para a noite anterior – a noite das facas longas, na qual os membros do parlamento tentaram conquistar apoios suficientes para prolongar a presidência de Campaore. Isto não chegou a acontecer e a peça explica porquê. Uma peça escrita de forma dramática, baseada na decisão inteligente do repórter de ocupar um quarto (143) do hotel no qual decorreu a acção.”

Hyacinthe Boowurosigue Sanou, vencedor do Prémio Notícias Generalistas Francófonas – na categoria de jornalismo Impresso, estava entre 32 finalistas de 15 países que participaram na cerimónia que foi o culminar de um programa de quatro dias com workshops, fóruns de media e networking em Nairobi, no Quénia.

Por seu turno, o angolano Pedro Paxi,  foi galardoado pelo seu trabalho “Erupção Vulcânica na ilha do Fogo”, onde cobriu a catástrofe natural, o impacto ambiental e sobretudo na vida das populações daquela ilha.

Deborah Rayner, Vice-presidente sénior da International Newsgathering TV and Digital, CNN International, afirmou: “Os vencedores desta noite demonstraram claramente o que há de melhor no jornalismo – desde o poderoso jornalismo de investigação até às histórias de esperança e mudança. Louvo a decisão dos juízes de elegerem Hyacinthe Boowurosigue Sanou vencedor geral – é um vencedor digno dos 20º African Journalist Awards.”

Tim Jacobs, CEO MultiChoice Africa, afirmou: “Congratulo todos os vencedores, as vossas palavras e imagens refletem a realidade do nosso mundo e confirmam a importância do papel dos meios de comunicação no desenvolvimento da África. Como bom cidadão corporativo, juntamente com a nossa parceria, CNN e outros patrocinadores continuaremos a investir nos CNN MultiChoice African Journalist Awards para garantir o crescimento do desenvolvimento do jornalismo de excelência em todo o continente.”

O vencedor do CNN MultiChoice African Journalist 2015 recebe um prémio substancial em dinheiro e todos os finalistas recebem um prémio em dinheiro, e um iPad Air, sendo que os finalistas recebem um iPad mini.

Agora na sua 20ª edição, os prémios contaram com o apoio de um conjunto de prestigiados patrocinadores: A24 Media, African Development Bank, Dow, Ecobank, GE, IPP Media e MSD (MSD é conhecida por Merck nos E.U.A e no Canadá).

O Prémio “CNN MultiChoice African Journalist” é, actualmente, o mais prestigiado  prémio de  jornalismo  em  África.  Abrange vários domínios e áreas de interesse, entre os quais: Tecnologia e Inovação, Economia e Negócios, Ambiente, Desporto, Saúde e Cultura.

Belmiro Adamugy, enviado a Nairobi

 

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