Decididamente vale a pena juntar dinheiro para, pelo menos uma vez na vida, visitar Istambul. Fica-se com a sensação de que o universo conspirou e colocou naquela cidade de 15 milhões de habitantes toda a beleza do mundo.
A vista encanta. Deleita. É o reflexo da beleza infinita. A cidade foi traçada à régua e esquadro. Esmerou-se na trigonometria.
Olhando para a cidade, os conhecimentos sobre o universo perpassam pela nossa cabeça à velocidade igual a de um TGV. Entrando para um museu é o início de uma viagem infinita pelo império otomano.
Agosto é o mês de Istambul. Turistas. E mais turistas. A cidade aguenta. Abre-se para a multidão e para a religião. Tudo em formato de arco-íris. Negros. Mestiços. Brancos. Mongóis. Tibetanos. Ortodoxos. Muçulmanos. Cristãos. Budistas. Pagãos. Animistas. Baptistas. Católicos. Enfim….Celebra-se a vida.
Depois, ruas. Carros. Pessoas. Ruas. Carros. Museus. Monumentos. Monumentos. Carros. Pessoas. É Istambul hospedeira. Esbelta. Elegante. O rio Bósforo traça-lhe as curvas.
Istambul apaixona. É arte. Cultura. Cor. Alegria. Conhecimento. História Universal. Faz-se de cruzamentos. Professores catedráticos, paleontólogos, sociólogos, médicos, astrólogos, físicos, jornalistas, meteorologistas, banqueiros, economistas, escritores, escultores, músicos, pintores, etc, etc.
Conhecemo-la acidentalmente. No passado dia 18 de Agosto. Estávamos em trânsito. A caminho do Tajiquistão. Sucedeu que o mayor da cidade de Istambul soube que Alberto Vaquina, o nosso Primeiro-Ministro, estaria ali por dezenas de horas aguardando o voo de ligação que o levaria a Dushanbe, capital tajique.
Os governantes turcos esmeraram-se na recepção. E porque o turismo é fuel oil limpo foi-lhe servido em bandeja de cristal. Enumeramos os espaços:
Mesquita Azul. Próximo da Igreja da Divina Sabedoria fica situada a elegante Mesquita Imperial de Sultanahmet, com os seus minaretes a rasgar os céus. Construída entre 1609 e 1616, pelo arquitecto Mehmet, o edifício é conhecido como a Mesquita Azul, devido ao seu magnífico interior revestido de azulejos azuis e brancos. A sua planta tem um clássico desenho otomano, com um pátio dianteiro onde, no centro, fica situada a fonte de abluções, e um pórtico que se estende por três dos seus lados; aí, tanto se orava, como se meditava ou estudava. No interior, a magnificência dos tectos abobadados e dos candeeiros suspensos, faz suster a respiração dos turistas.
Durante os meses de Verão, há um espectáculo nocturno de luzes e som. Esta mesquita é uma atracção turística tão popular que é necessário controlar as entradas, para preservar o carácter sagrado do monumento: somente os crentes podem entrar pela porta principal, enquanto os turistas têm de o fazer pela porta do lado sul e sair pela do norte.
A Basílica de Santa Sofia, também conhecida como Hagia Sophia, que significa "Sagrada Sabedoria em turco (Ayasofya) é um imponente edifício construído entre 532 e 537 pelo império bizantino para ser a catedral de Constantinopla (actualmente Istambul). Da data em que foi dedicada em 360 até 1453, ela serviu nesta função, com excepção do período entre 1204 e 1261, quando ela foi convertida para uma catedral católica romana durante o Patriarcado latino de Constantinopla que se seguiu ao saque da capital imperial pela quarta cruzada. O edifício foi uma mesquita entre 29 de Maio de 1453 e 1931, quando foi secularizada. Reabriu como um museu em 1 de Fevereiro de 1953.
De referir que a igreja foi dedicada ao Logos, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, com a festa de dedicação tendo sido realizada em 25 de Dezembro, a data em que se comemora o nascimento de Jesus, a encarnação do Logos em Cristo. Famosa principalmente por sua enorme cúpula (ou domo), ela é considerada a epítome da arquitectura bizantina.
Durante as vinte horas que permanecemos em Istambul, repartidas em duas partes, a delegação moçambicana foi levada a conhecer o Museu de Arqueologia. Encontra-se no interior do Palácio Topkapi e, entre os seus inúmeros tesouros antigos, está o sarcófago de Alexandre, O Grande, e parte da fachada do Templo da Atenas de Assos. Do espólio do Museu do Antigo Oriente fazem parte artefactos sumérios, babilónicos, assírios e hititas.
Para quem, como eu, adora filmes épicos, desaguar no palácio Topkapi foi reencontrar-me com a história ao vivo. Foi rever papéis de grandes guerreiros interpretados por actores como Omar Sharif, Alec Guiness, Anthony Quinn, Claude Rains e Peter O’Toole, no filme Lawrence da Árabia. Ou Fethi 1453, filme este que explodiu com as bilheteirasturcas com sua versão de acção e gráficos da conquista da antiga capital imperial bizantina Constantinopla por Maomé II.
A merecer ainda uma visita estão o Museu Kariye, no complexo de Chora; o Museu da Aviação, em Yesilkoy; o Museu Militar, com artefactos datados do Império Otomano; ou o Museu Ataturk, com o seu espólio pessoal.
Agora, uma confissão: não sei quantas crónicas conseguirei escrever porque foram muitas as imagens que a minha retina captou em Istambul. Receio que me doa o pulso. Ou, na pior das hipóteses, que o lápis pare de riscar.