A intervenção dos EUA no Afeganistão certamente pode ser motivo de obras ou filmes cómicos que ironizem o fracasso de uma superpotência, mais uma, naquele país asiático. Os EUA invadiram o Afeganistão para derrubar o governo dos talibãs, mas agora abandonam o país à mercê do mesmo grupo que juraram eliminar. Enquanto fogem da confusão que criaram, depois de duas décadas em que semearam terror e destruição na sua alegada missão de erradicar o terrorismo e salvar o povo afegão, os EUA dizem agora que já não podem continuar a apoiar um povo que não está disposto a lutar para auto-salvar-se. Aliás, na sua tentativa de fugir à responsabilidade do caos instalado com a retirada, o presidente Biden diz que a missão do seu país nunca foi construir um país estável, mas sim combater terroristas que ameaçavam a segurança dos EUA. O que é curioso na retirada dos EUA é que enquanto Biden canta vitória contra o terrorismo, os talibãs, que motivaram a invasão, estão novamente a tomar as rédeas do poder no país.
A invasão ao Afeganistão foi consumada em 2001 depois do ataque terrorista perpetrado pela al-Qaeda contra alvos nos EUA. O objectivo primário estatuído na altura era erradicar a ameaça terrorista proveniente daquele país asiático, criando condições para que ele não fosse usado como campo de recrutamento e treinamento de terroristas. Para o governo dos EUA, o alcance desse objectivo passava necessariamente por derrubar o governo dos talibãs, na altura considerado repositório de elementos do grupo responsável pelo 11 de Setembro.
A missão no Afeganistão era, no entanto, vista como uma oportunidade de estabelecimento de um governo estável, eventualmente democrático, que garantisse a reconstrução do país sem alimentar o extremismo violento. Leia mais…
Por Edson Muirazeque *
