Início » Hiroko Kishida de Hiroshima: paz é tranquilidade, sorriso no rosto e felicidade

Hiroko Kishida de Hiroshima: paz é tranquilidade, sorriso no rosto e felicidade

Por Idnórcio Muchanga

Caro leitor, hoje quero contar-lhe o testemunho da senhora Hiroko Kishida, sobrevivente da bomba atómica atirada sobre a cidade de Hiroshima, a 6 de Agosto de 1945. Encontrei-a no Parque Nacional da Paz, em Hiroshima. Uma senhora de oitenta anos que durante uma hora contou-me com detalhes as vicissitudes que a sua família e não só viveu aquando da explosão da bomba atómica, a primeira, cuja alcunha era "Litle Boy". Para transmitir a emoção ao caro leitor vou deixar a senhora Kishida falar na primeira pessoa e aí vai:

"Senhor Paulo, eu vou mostrar-lhe uma pintura sobre o antes e o depois do edifício A-Bomb Dome que depois da explosão ficou danificado em três segundos. Eu estava a 1,5 km. A casa dos meus pais ficou em cinzas. Na casa vivíamos eu, o meu avô, a minha mãe e os meus dois irmãos. O meu pai estava na guerra, na China. Eu tinha seis anos. Nesse dia, 6 de Agosto de 1945, um pouco antes da explosão da bomba, por volta das seis horas, tocou o alarme do governo a avisar o recolher obrigatório porque haveria ataque aéreo. Mas, trinta minutos depois, o aviso foi retirado, voltando-se à normalidade e o meu irmão mais velho foi à escola. Inesperadamente, por volta das oito horas e quinze minutos da manhã, a minha mãe disse que o aviso foi retirado, mas ainda havia aviões no ar. E nessa hora eu fui à casa de banho para observar da janela os aviões bonitos (B29) que sobrevoavam a cidade, mas não consegui observar, e, poucos segundos depois, ouvi um som (boom).

Não sei quanto tempo passou, só me lembro que depois gritei socorro, e a minha mãe veio me tirar dos escombros, foi um milagre. Depois vim a saber que o fogo da bomba atómica tinha uma velocidade de 280 quilómetros por segundo e a nossa casa estava em chamas, apenas um pilar sobrevivera e foi onde nos reagrupámos, enquanto ardia, para a fuga. Partimos sem destino e houve um incidente muito triste que a minha mãe carregou a vida toda. O meu avô tinha paralisia e não conseguiu fugir connosco, ele disse-nos vão e procurem refúgio, e ele morreu queimado naquele lugar onde nem os ossos dele encontrámos. Leia mais…

Por Paulo Mateus Wache*

PWache2000@yahoo.com.br

Você pode também gostar de:

Leave a Comment

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana