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Funcionários roubam tonelada de marfim

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Por Alfred Maringa, em Dar-Es-Salam

No Uganda as autoridades da fauna bravia suspenderam semana finda cinco altos funcionários depois do desaparecimento de uma tonelada de marfim que estava a sua guarda. O produto está avaliado em um milhão de dólares.

Os funcionários são tidos como especialistas em roubar e vender as pontas de marfim confiscadas aos traficantes. Uganda é um dos principais pontos de trânsito de marfim para o comércio ilegal.

A Interpol foi convidada para ajudar na investigação do marfim após os apelos do presidente Yoweri Museveni para que os culpados fossem descobertos e penalizados.

O chefe da Autoridade da Fauna Bravia Raymond Engena disse que os cinco altos funcionários  foram suspensos para permitir o curso das investigações.

O marfim estava guardado em cofres seguros mas estranhamente passado algum tempo desapareceu uma tonelada, sem nenhuma pista.

“Estamos trabalhando com a Polícia para apanhar as pessoas que estão por detrás deste crime, e também envolvemos a Interpol nas investigações”- afirmou Engena.

Funcionários corruptos

A Autoridade da Fauna Bravia, UWA, disse que uma verificação de rotina descobriu que 1.335 kg de marfim tinham desaparecido de locais supostamente seguros e que as autoridades estimam o seu valor em 1.1 milhões de dólares, cerca de oitocentos e oitenta mil euros.

Alguns funcionários corruptos são acusados de levantar algumas quantidades de marfim para usa-las como isca para seduzir os potenciais traficantes, mas depois acabam vendendo.

A caça ilegal aumentou consideravelmente em toda a África nos últimos anos, impulsionado pelo aumento da demanda na Ásia do marfim e do corno de rinoceronte, cobiçado como medicina tradicional e como símbolo de status.

Anualmente, mais de trinta e cinco mil elefantes são abatidos no continente africano numa procura desenfreada pelo marfim.

A África está entre os continentes onde se regista um acentuado declínio de animais, entre os quais elefantes e rinocerontes.

A população de algumas espécies valiosas, compreendendo mamíferos, aves, répteis e anfíbios caiu para metade nos últimos quarenta anos, devido ao aumento da actividade humana, segundo revelam os cientistas ambientais.

Cientistas da World Wildlife Fund que conduziram o estudo sobre as espécies em perigo nos últimos quarenta anos dizem que a tendência global não mostra sinais de abrandamento, apesar da intensificação das campanhas de conservação ambiental.

A análise atribui a perda do habitat da vida selvagem em África, como em outros quadrantes do mundo, ao aumento do uso da terra, especialmente para a agricultura, ao crescimento populacional e a produção de energia.

Durante muitos anos, os mamíferos desempenharam um papel significativo na geração de receitas e no crescimento económico, atraindo milhões de turistas que trazem divisas para África, e que depois são usadas para a importação de bens e serviços.

O elefante na floresta

Em África, os elefantes e os rinocerontes estão entre os animais em perigo de extinção devido a actividade humana.

Na categoria dos primeiros, o elefante da floresta, uma espécie do elefante africano, distribuído em quase todas as florestas da África Ocidental e Oriental, enfrenta o maior risco.

Devido a rápida perda do seu habitat tradicional, os números também caíram rapidamente.

Análises recentes sugerem que a população do elefante da floresta reduziu em mais de sessenta por cento entre 2002-2011 devido ao aumento da caça furtiva para a obtenção do marfim.

Tanzania mobiliza esforços

Este mês a Tanzania organizou em Arusha uma reunião regional sobre mecanismos de combate a caça furtiva.

No evento estiveram para além de Moçambique, todos os países que fazem fronteira com a Tanzania, nomeadamente, Zâmbia, Quénia, Uganda, República Democrática do Congo e Malawi.

A África do Sul e o Zimbabwe foram convidados, bem como algumas organizações internacionais que trabalham na área da defesa da fauna e flora.

A iniciativa desta reunião teve como pressuposto a compreensão de que a caça furtiva requer a mobilização de esforços de uma forma integrada, porque o fenómeno afecta quase toda a região, onde proliferam verdadeiros sindicatos de crime organizado.

Nos últimos anos, a Tanzania regista um aumento da caça ilegal de elefantes em África.

Com cerca de dez mil elefantes abatidos em 2013, a Tanzania sozinha constitui um dos principais pontos de partida do marfim ilegal comercializado no mundo.

Recorde-se que a agência das nações unidas para o comércio de espécies selvagens recusou o pedido da Tanzania e da Zâmbia de venda de marfim, por receios de abate ilegal.

Os dois países solicitaram a convenção internacional de espécies em perigo de extinção, permissão para vender as reservas do governo.

O comércio de marfim foi banido em 1989.

Por Alfred Maringa, em Dar-Es-Salam

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