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Fizeram a sujeira e agora pedem África para limpar

Por Idnórcio Muchanga

No fim da recentemente realizada Cimeira do G7, na França, os líderes dos sete Estados mais industrializados do mundo decidiram envolver a União Africana e países africanos nas discussões sobre o futuro da Líbia. Para o G7, a solução para a crise na Líbia deve ser política e o envolvimento dos africanos é fundamental para que se possa chegar a um clima de estabilidade que leve a uma paz duradoura. O que é interessante nesta história é que três, se não todos, dos agora defensores de uma solução política para a crise na Líbia foram, em 2011, defensores da solução militar que mergulhou o país africano no caos em que hoje se encontra. É caso para dizer que as grandes potências fazem sujeira em territórios alheios e, quando fica clara a sua impotência de solucionar os problemas por si criados, chamam as organizações internacionais e regionais para a limpar quando, no momento da criação da confusão, preferiram ignorá-las.

Um breve recuo ao início da crise que hoje se vive na Líbia mostra que foram membros do G7 – a França, o Reino Unido e os EUA – que instruíram um dos seus “instrumentos de silenciação de incómodos”, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), para destruir a ascendente Líbia e guilhotinar o seu líder Muammar Qaddafi. Os outros quatro membros, ainda que não protagonistas activos no teatro de operações, foram cúmplices da criação da crise tanto por não se terem oposto à invasão camuflada com o princípio de “responsabilidade de proteger” como também por serem membros de pleno direito da OTAN, organização que liderou a destruição do próspero país africano.

Quando os africanos, por meio da União Africana defenderam a necessidade de se encontrar uma solução política para a crise que se vislumbrava, os “três mosqueteiros” do G7 – na altura Sarkozy, Cameron e Obama – fizeram ouvidos de mouco. Era como se houvesse algum rancor das lideranças dos “três mosqueteiros” contra a pessoa de Muammar Qaddafi, de tal forma que todos os avisos sobre os riscos de um segundo Iraque foram descartados. Aliás, a União Africana havia criado uma comissão de alto nível para ir encetar conversações com as partes desavindas na Líbia: o governo do já morto Qaddafi e a oposição. O grupo de contacto era encabeçado pelo então presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e composto por quatro outros chefes de Estado: Mohamed Ould Abdel Aziz da Mauritânia, Amadou Toumani Toure do Mali, Denis Sassou Nguesso do Congo-Brazzaville e Yoweri Museveni do Uganda. Leia mais…

Por Edson Muirazeque * 

edson.muirazeque@gmail.com

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