Início » Edward Snowden: entre a paranóia e o real

Edward Snowden: entre a paranóia e o real

Por admin

O jovem analista de 29 anos que denunciou o maior escândalo de que a América tem memória desde os “ Papéis do Pentágono”, em 1971, sobre as mentiras acerca da guerra do Vietname, 

cresceu em Elizabeth City, na Carolina do Norte, antes de se mudar, com a família, para Ellicott City, no Maryland.

Em 2003, este rapaz, que não conseguiu concluir uma educação universitária, juntou-se ao exército para, disse, lutar contra as injustiças e a tirania de Saddam Hussein, mas seria dispensado após um acidente em que partiu as pernas. Conseguiu, no entanto, um emprego como segurança externo de uma das instalações da NSA e ir frequentando cursos de informática nas escolas técnicas públicas.

Em 2007 estava colocado em Genebra, a trabalhar para a CIA. E é aqui que começa o seu processo de desilusão com a forma como o Governo norte-americano actua, ao testemunhar uma bem sucedida operação de recrutamento: segundo contou ao “Guardian”, para conseguirem obter a colaboração de uns banqueiros, os operacionais levaram-no a beber até ficar bêbado, incentivaram-no, de seguida, a conduzir, apenas para se oferecerem para o ajudar, quando foi apanhado pela polícia, conseguindo, assim, criar o laço emocional que levou à sua efectiva contratação. Nos últimos quatro anos,  Snowden trabalhou sempre para diferentes firmas subcontratadas pela NSA- os últimos meses para a Booz Allen e Hamilton.

Ao responder a comentários de ex-colegas segundo os quais ele deveria “ser desaparecido”, Allen limitou-se a dizer que “esse tipo de mindset autoritário, que acha preferível atirar alguém de um avião  a deixá-lo ir, um dia que  seja, a tribunal”- está presente não só nas secretas como nas forças armadas, onde a verdadeira motivação  não  é lutar pelo país e pela justiça, mas antes “matar árabes”. Desde 20 de Maio que se encontrava num hotel, em Hong-Kong, encostando almofadas à porta do quarto para evitar escutas à distância e protegendo-se com um grande capuz quando digitava uma “password” no seu computador. Afirmou que  se resolveu a agir porque viu muitos “abusos” e uma “arquitectura da opressão” a ser construída, pela forma como a NSA controla as comunicações digitais. Disse também ter autorizações de segurança e capacidade para espiar “até o Presidente, desde que saiba  o seu e-mail pessoal.

E com o seu laptop nas mãos, cheio de autocolantes de organizações que se dedicam à causa da liberdade digital, como a Electronic Frontiers Foundation e o Projceto Tor, afirmou que estamos a chegar a um ponto em que uma busca errada no Google pode trazer sérias consequências para os indivíduos no futuro. Estamos, diz, na eminência de uma “ turnkey tyranny” (tirania do carcereiro) em que um novo líder é eleito e eles mudam o circuito, através de alguma forma de chantagem. Paranóico ou realista?

Você pode também gostar de:

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana