Internacional

Bento XVI diz deixar a igreja com confiança

O Papa Bento XVI disse na quarta-feira que tem “grande confiança” no futuro da Igreja Católica e afirmou que seu papado teve “águas agitadas”, ao falar publicamente pela última vez como

pontífice, um dia antes de sua renúncia.

 Falando à multidão, Bento XVI afirmou que seu papado, iniciado em Abril de 2005, teve alegrias, mas também muitas dificuldades. O pontífice disse que enfrentou “águas agitadas e vento contrário”.

“O Senhor nos deu muitos dias de sol e ligeira brisa, dias nos quais a pesca foi abundante, mas também momentos nos quais as águas estiveram muito agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja e o Senhor parecia dormir”,disse Bento XVI.

Mas ele afirmou ter fé em que Deus não vai deixar a Igreja “afundar”. “Estou realmente emocionado e vejo uma Igreja viva”, disse o Papa, sempre bastante aplaudido pela multidão.

Ele voltou a afirmar que sua renúncia, anunciada de maneira surpreendente em 11 de Fevereiro, foi decidida “não para o meu bem, mas para o bem da Igreja”, e reiterou que sabe “da gravidade e da novidade” da decisão que tomou.

“Amar a Igreja significa também ter a valentia de tomar decisões difíceis, tendo sempre presente o bem da Igreja, e não o de si próprio”,disse.

O pontífice, de 85 anos, disse ainda que “não vai abandonar a Cruz” e que, pela oração, vai continuar a serviço da Igreja. “Minha decisão de renunciar ao ministério petrino não revoga a decisão que tomei em 19 de Abril de 2005 (ao ser eleito Papa)”, disse.

“Não abandono a cruz, sigo de uma nova maneira com o Senhor Crucificado, sigo a seu serviço no recinto de São Pedro”,completou.

Bento XVI também pediu que os fiéis orem pelos cardeais que, após a renúncia, terão de eleger seu sucessor, em uma tarefa que ele considera difícil. “Orem pelo meu sucessor! Que Deus os acompanhe”.

O Papa apareceu para o público, no papamóvel, por volta das 10h40 locais. Durante o passeio de cerca de 15 minutos pela praça, ele foi cumprimentado com gritos de “Bento! Bento!” e “Viva o Papa!”.

O Vaticano distribuiu 50 mil entradas para a audiência, mas, segundo estimativa da Santa Sé, havia pelo menos 150 mil pessoas na praça para acompanharem a última aparição pública do Papa um dia antes de sua renúncia.

Vários grupos de pessoas, entre religiosos, seminaristas e estudantes, com bandeiras amarelas (cor do Vaticano) e de países, estavam na praça.

Cerca de 70 cardeais também participaram.

Depois da cerimónia, aconteceu uma breve audiência na Sala Clementina, com algumas personalidades e autoridades para o tradicional “beija mão”, em que o Papa é cumprimentado.

Já na quinta-feira Bento XVI deixou o posto, em um acontecimento sem precedentes na história da Igreja moderna, e passou a ser chamado de “Papa Emérito”, coexistindo com seu sucessor.

Na ocasião, no Palácio Papal, o decano do Colégio de Cardeais, Angelo Sodano, fez um pequeno discurso de despedida, ao que se seguiu uma despedida separada por parte de cada um dos cardeais presentes. Estiveram nessa cerimónia cerca de 100 cardeais.

Terminado este acto, Bento XVI partiu de heliporto do Vaticano para a Castel Gandolfo, a 25 quilómetros ao sul de Roma, a residência de verão do Papa, onde passará dois meses, antes de se estabelecer em um mosteiro no Monte do Vaticano.

Bento XVI chegará à residência de verão e saudará os fiéis a partir da varanda. Esta será sua última aparição como chefe da Igreja. Nada de especial está previsto quando o relógio badalar oito horas da noite (hora local), momento em que oficialmente termina o pontificado.

 Às 20h, o pequeno destacamento da Guarda Suíça, em frente à residência, fechará a porta e colocará assim um fim ao seu serviço, reservado exclusivamente ao Papa. Mas a polícia vai continuar a garantir a segurança de “Sua Santidade, o Papa Emérito”.

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