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Angola comemora batalha de Cuito Cuanavale

Por admin

A histórica batalha do Cuito Cuanavale e que daria, por consequência, origem à independência da Namíbia, à abolição do regime do apartheid e à libertação de Nelson Mandela, entre outros, completou, esta semana,  28 anos. Foi a 23 de Março de 1988 que as tropas invasoras sul-africanas foram derrotadas pelas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA).

 O governo angolano defende a celebração da data em toda a região da África Austral, tendo em atenção a dimensão histórica que a batalha atingiu,   com oc encarniçados combates travados no terreno, considerados por especialistas de guerra como as maiores confrontações militares   depois da Segunda Guerra Mundial

Durante os confrontos entre as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), e as da África do Sul (SAD), as forças do regime do apartheid lançaram obuses com substâncias tóxicas e de fragmentação, a partir dos canhões de longo alcance do tipo G-5 e G-6, artefactos de guerra que possuem um poder de destruição em massa.

As FAPLA, com o apoio do povo martirizado do Cuito Cuanavale, resistiram aos ataques e infligiram uma   derrota ao exército sul-africano que utilizou no terreno sofisticados meios de guerra como os tanques Oliphante, Centurion e AML-90, os aviões de combate Impala MK2, Bucaner e Mirage III, bem como aviões teleguiados (drones).

Ampliação do Memorial

As obras de ampliação do Memorial da Batalha do Cuito Cuanavale decorrem a bom ritmo e prevê-se que o monumento seja inaugurado durante as celebrações do 29.º aniversário da batalha, em 2017.

Neste momento, estão construídas as bases onde vão ser posicionadas as estátuas gigantes do material de guerra usado pelas FAPLA, sobretudo os tanques BMP-1 BMP-2 e peças de artilharia,

Numa parede, vão ser inscritos os nomes de todos os militares das extintas FAPLA que participaram na operação “Saudemos Outubro” que tinha como missão atacar o quartel-general da UNITA na Jamba, mas a intervenção dos racistas sul-africanos impediu que isso acontecesse e deu lugar à batalha do Cuito Cuanavale.

A ponte que resistiu a todos os ataques

A história da resistente ponte de 12 pilares construída em módulos sobre o rio Cuito foi toda contada na passada quarta-feira no 28.º aniversário da Batalha do Cuito Cuanavale. Tentando impedir o avanço das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola sobre Mavinga e a Jamba em 1987, as forças do regime de apartheid usaram tudo para destruir a ponte do Cuito, desde cargas explosivas colocadas por mergulhadores, 40 disparos de morteiro G5 e G6, até bombas inteligentes de fabrico israelita.

A ponte aguentou todas as investidas. Teve bravos combatentes angolanos a defender e a continuar no dia seguinte a travessia do rio. “Se eu tomar o Tumpo, irei ao Cuito Cuanavale”, declarou o então comandante sul-africano Mike Muller, já falecido. Muller acabou derrotado no Triângulo do Tumpo, nunca passou pela ponte do Cuito e toda a vergonha da África do Sul racista e do seu aliado Jonas Savimbi, pela perda da Batalha do Cuito Cuanavale, caiu sobre os seus ombros. A ponte sobre o rio Cuito tem uma nova e moderna estrutura e foi inaugurada pelo ministro da Defesa Nacional, João Lourenço.

O ministro recordou que as páginas gloriosas escritas no Triângulo do Tumpo, hoje internacionalmente conhecido e objecto de estudo por historiadores e estudiosos de arte militar, foram protagonizadas por jovens, que actualmente estão na faixa etária dos 40 e 50 anos.

A batalha foi superiormente dirigida pelo Comandante-em-Chefe José Eduardo dos Santos, apoiado pelo Estado-Maior General das FAPLA”, realçou.

João Lourenço aproveitou a ocasião para render uma homenagem de agradecimento de todo o povo angolano para com o povo irmão de Cuba, que nos momentos mais difíceis esteve sempre ombro a ombro com os angolanos nas principais batalhas.

O sangue derramado pelos combatentes cubanos em Angola continua a irrigar a árvore que queremos cada vez mais frondosa, da eterna amizade entre os nossos Povos, nossas Forças, nossos Países”, concluiu.

Nas comemorações dos 28 anos da derrota das tropas racistas sul-africanas e da UNITA no assalto final do Triângulo do Tumpo, o então integrante do grupo de engenharia da força aérea, afecto à 24ª brigada, tenente-general Carlos Filipe “Feijó” lembra que das seis tentativas de destruição de que a ponte foi alvo, três quase a deitaram abaixo. Feijó aponta o ataque com bombas inteligentes, o flagelamento intenso e a Operação Coolighe e refere que o árduo trabalho e pronta intervenção da brigada de engenharia das FAPLA foram decisivos para manter a infra-estrutura intacta.

A primeira grande operação conjunta entre as tropas sul-africanas e da UNITA contra a ponte para separar a vila do Cuito Cuanavale da parte Leste e impedir o avanço das FAPLA contra Mavinga e posteriormente atingir a Jamba realizou-se a 28 de Fevereiro de 1987. 

Sem indícios de dados da inteligência, a UNITA estava preocupada, porque percebeu que estava em preparação uma grande operação por parte das FAPLA e resolveu sabotar a ponte para travar a nossa marcha”, disse. 

Nos dias 9 e 10 de Agosto do mesmo ano, dá-se mais um ataque conjunto. Apesar da alta tecnologia em sua posse, mais uma vez os agressores falharam os seus intentos. Infelizmente, desta vez causaram danos consideráveis, deixando-a parcialmente destruída. A 25 de Agosto de 1987, nova tentativa de destruição da ponte. Denominada Operação Coolighe, os sul-africanos resolvem introduzir mergulhadores e simultaneamente atacaram os depósitos de combustível no Porto do Namibe e três barcos com material de guerra das FAPLA.

Confiantes do seu grande poderio militar, mais uma vez voltaram a encontrar forte resistência. Do ataque realizado de madrugada, com recurso a botes, divididos em três grupos e munidos com elevadas cargas de explosivos, o desconhecimento da zona de conflito revelou-se fatal para as tropas inimigas que ficaram encurraladas.

A embaixadora de Cuba em Angola, Gizela Garcia Rivera, manifestou a sua satisfação, uma vez que decorridos 28 anos da batalha do Cuito Cuanavale, a maior efectuada no continente africano a Sul do Sahara, e vencida brilhantemente pelas FAPLA que resistiram a mais de 60 dias de cerco, Angola está a viver em paz.

Estamos contentes por termos contribuído nas batalhas do Cuito Cuanavale, Quifangondo, Ebo, Ntó, e em todos os lugares onde estiveram os cubanos”, disse Gizela Garcia Rivera.

Avelino Mucavele, em Blintyre, Malawi

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