A “crise humanitária” em que vivem os gregos fez de AlexisTsipras o chefe da oposição antiausteridade. Agora, terá de mostrar o que vale no poder. Quais os desafios e as prioridades deste engenheiro ateu que adora andar de mota e nunca pôs uma gravata na vida?
Nas eleições gregas, AlexisTsipras teve direito a uma noite de arromba. O seu Syriza foi o partido mais votado das eleições legislativas e ele próprio anunciou que “o povo grego fez história” ao deixar para trás a “austeridade e a humilhação”.
No entanto, mal terminou a festa da vitória, o novo herói da política grega tinha ainda trabalho em casa: tirar a roupa da máquina de lavar. Quem o garante é a imprensa local – uma óbvia anedota com o propósito de retratar o “homem normal” que vive num apartamento arrendado, no bairro de Kypseli, no centro de Atenas.
Este licenciado em Engenharia Civil que sempre viveu da política e para a política, faz questão de reservar a sua família da exposição mediática e não é por acaso que houve muita gente a pensar que a loura por ele abraçada frente às camaras de televisão, na noite de 25 de Janeiro, fosse a sua mulher.
Estavam enganados. Trata-se de Rana Dourou, dirigente do Syriza e governadora de Ática, a área metropolitana da capital helénica e onde se concentra 40 por cento da população do país. É que a mulher da vida de AlexisTsipras, a mãe dos seus dois filhos, tem por nome PeristeraBatziana – “Betty”.
Conheceram-se em 1987 e desde então que partilham convicções ideológicas e não só: no liceu eram militantes comunistas e ambos participaram em múltiplas lutas estudantis até terminarem as respectivas carreiras académicas – ela viria a formar-se em engenharia electrotécnica.
Na opinião dos amigos do casal, é “Betty” quem impede Alexis de viver num qualquer Olimpo, sem contacto com o delicado quotidiano dos gregos. Talvez por isso ,Peristera – que significa pomba – lhe peça para continuarem a dividir tarefas domésticas e goste de o ver sair quase todas as manhãs de casa com o filho mais velho, PoivosPavlos, de quatro anos, para depois o deixar no infantário.
E não leve a mal o fanatismo de Tsipras pelo Panathinaikos nem a sua mania das velocidades – recorde-se que ele tem uma moto de alta cilindrada, de uma marca Premium, que deve ser uma das suas poucas concessões aos luxos burgueses…
Goste-se ou não deles, Alex e Betty são um casal moderno. E caso aceitem mudar-se para VillaMaximos, a residência oficial dos chefes de Governo, serão a primeira “união de facto” a usufruir desse privilégio.
Naquele país tendencialmente conservador e machista, nunca houve um primeiro-ministro a viver em “regime de concubinato” e assumidamente ateu. Nem tão novo – cumprirá 41 anos a 28 de Julho. Nem tendo a seu lado uma feminista que odeia comprar roupa e promete muitos engulhos protocolares quando o casal viajar em missão oficial a países que não reconhecem certas modernices. No entanto, tudo isto sãominudências tendo em conta os hércules desafios do novo chefe do Governo de Atenas.
