
Sim, a humanidade está angustiada – está num estado de ansiedade, inquietude, aflição – por causa da epidemia do Covid-19. Esta angústia nasce do sentimento de impotência diante de uma doença sem cura, como diria Heidegger (1889-1976) ela ‒ a angústia ‒ nasce da consciência de que não se pode evitar a morte. Os relatos que nos chegam da Itália (berço do cristianismo), onde os médicos podem decidir a quem atender e a quem deixar morrer (poder que deveria ser reservado a Deus) fazem crescer a angústia existencial, não só dos italianos mas da humanidade. A angústia é justificada pela situação de muitos países, economicamente francos, principalmente em África, que não têm sequer condições para testagem da doença e muito menos materiais de protecção. A humanidade está à mercê da selecção natural darwiniana, onde os mais fortes sobrevivem e os fracos desaparecem.
O mais difícil de perceber não é a perigosidade da pandemia, é, isso sim, o egoísmo destrutivo da humanidade a todos os níveis. No nível estatal ocorre o açambarcamento de produtos de protecção como luvas, máscaras e álcool para depois serem revendidos a preços especulativos, relegando-se assim aos menos afortunados a morte por falta de meios de protecção. O açabarcamento acontece também em relação aos produtos alimentares, por aquele que pode pagar, deixando o pobre sem alternativa de comprar os produtos quando puder amealhar alguns centavos. Portanto, fica claro que a nível estatal as maiores vítimas serão, sem dúvida, os pobres, que são a maioria, que não terão nem máscaras, nem luvas, nem álcool desinfectante (se bem que podem recorrer à cinza e outros produtos locais) nem condições de fazer a testagem. Leia mais...
Por Paulo Mateus Wache*
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