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“Terra da Boa Gente” augura paz efectiva no país

Hoje o Chefe do Estado trabalha no distrito de Massinga onde tem agendado um comício popular, visita ao hospital distrital,

entre outras actividades para amanhã rumar para Govuro, onde vai visitar o regadio de Chimunda

A população da província de Inhambane pede ao Presidente da República (PR), Filipe Jacinto Nyusi, para trabalhar no sentido de promover a união e coesão nacional entre os moçambicanos de modo que o país possa progredir rumo ao desenvolvimento sustentável, estabilidade social e paz efectiva.

A cidade de Inhambane foi o ponto de entrada do Chefe de Estado, Filipe Nyusi , na visita de trabalho que efectua desde a última sexta-feira e que termina amanha. O estadista moçambicano está neste ponto do país para interagir com a população sobre o seu novo ciclo de governação.

E porque momentos destes são de festa os citadinos da capital provincial de Inhambane não mediram esforços tendo afluído em massa ao aeródromo local para desejar boas vindas a Filipe Nyusi.

Empunhando dísticos com mensagens de saudação e agradecimento pelos 100 dias de governação, a população foi cantando e dançando os ritmos locais, com destaque para a dança Zore, cuja exibição deixou a plateia boquiaberta.

As cancões entoadas falavam ainda da necessidade de conjugação de esforços no sentido de trazer para o convívio social todas aquelas pessoas que se encontram desavindas com os seus próximos, sobretudo os que têm estado a propalar as mensagens da divisão do território nacional.

A título do exemplo, o grupo coral Santuário disse na sua intervenção que os moçambicanos necessitam de paz para exercer as suas atividades a vontade tendo em vista ao crescimento socioeconómico do país.

O mesmo grupo pediu a Deus para iluminar a governação de Filipe Nyusi no sentido de este governar com sabedoria, humildade e conhecimento, colocando as pedras certas no lugar e horas próprias.

A população disse de forma reiterada que o Presidente da República foi eleito pelos moçambicanos para dirigi-los em toda extensão territorial. “Não queremos as regiões autónomas no país. Queremos um só Presidente do Norte, Centro e Sul, para que possamos usufruir da unidade nacional”.

Os grupos culturais sublinharam ainda nas suas intervenções que escolheram Filipe Nyusi para assumir os destinos do país, porque confiam nele e no seu projecto de governação. “O povo escolheu-lhe porque confia em ti, avança”.

Com este mosaico cultural a população da chamada “Terra da Boa Gente” quis desejar boas vindas ao estadista moçambicano, antes de transmitir o seu pensamento em relação a situação política, económica e social do país.

INQUIETAÇÕES

DA POPULAÇÃO

Já no espaço reservado a interacção com o Presidente da Republica, cinco intervenientes disseram de forma reiterada que o seu desejo é no sentido de tudo se fazer para que os moçambicanos voltem a viver uma paz duradoira.

Nguila Cuamba, por exemplo, disse que o que pedia era que o estadista moçambicano trabalhasse para que houvesse uma paz efectiva e que as pessoas voltem a circular a vontade ao longo do país.

Segundo afirmou, é necessário que o diálogo continue e que abarque todas as forças da sociedade e não apenas os partidos políticos. “A nossa grande preocupação é com os focos de instabilidade política que se registam em algumas regiões. Gostaríamos que tudo fizesse para trazer ao convívio social aqueles que andam desavindos ou se deixam levar pelos discursos divisionistas”. 

Por sua vez, Celestina Malate pediu para que se desse maior atenção as associações femininas que tudo tem feito em prol do bem-estar da famílias moçambicanas em particular e do país em geral.

Segundo ela, é necessário que haja maior investimento nas iniciativas das mulheres agrupadas em associações, uma vez terem demonstrado que são capazes de produzir mais e o melhor de modo a melhorar as condições de vida da sociedade.

Domingos Nguila disse, na sua intervenção, que a população de Inhambane está cansada de ouvir falar da guerra e que já era tempo de se pôr termo a tensão política que prevalece em algumas regiões.

“O que nós pedimos é para que se resolva o problema da guerra porque não nos sentimos a vontade e muito menos seguros quando nos deslocamos de uma província para outra, sobretudo, as do Centro e Norte, isto é, estamos cansados da guerra”,disse Domingos Nguila para quem o diálogo é o caminho certo para se ultrapassar as diferenças.

Mas antes mesmo das intervenções populares, o nosso jornal ouviu alguns cidadãos sobre o que pensavam da situação politica e quais eram as prioridades que gostavam que o Presidente da República atacasse logo a partida.

Mário Fernando Cumbe, residente no bairro Guitambane disse que se pudesse falar com o Presidente da Republica ia pedir para trabalhar no sentido de acelerar a tramitação processual nos tribunais, uma vez que muitos são os cidadãos que se encontram nas cadeias sem que a sua situação seja devidamente regularizada.

No concernente a situação política, Mário Cumbe pede a Deus para que ilumine o coração do líder da Renamo para que abandone a sua atitude belicista e entrar para o convívio harmonioso tendo em vista ao bem-estar da população.

Acrescentou que ouviu várias vezes o Chefe do Estado afirmar que caso fosse eleito Presidente da Republica dedicaria as suas energias para trazer a paz. “ Ouvi durante a campanha eleitoral que ele ia fazer de tudo para os moçambicanos terem a paz que tanto precisam, então que cumpra com a promessa feita, porque o povo está a espera”.

Por sua vez, João Nhanala afirmou que uma das prioridades que o Chefe de Estado devia atacar com urgência é a situação das camadas desfavorecidas, sobretudo, as populações vulneráveis que nem têm habitação condigna.

“Ainda é cedo para fazer avaliação do desempenho do Presidente da República, mas gostaria que na sua governação desse prioridade aquelas pessoas que não têm tecto para esconder a cabeça e apoiar os agricultores do sector familiar que também precisam de insumos agrícolas para aumentar a produção e produtividade”disse Nhanala.   

OS PROBLEMAS

TÊM RESPOSTAS

Em resposta as intervenções da população, o Presidente da República afirmou que todos os problemas levantados já eram do seu domínio e que estão plasmados no Plano Quinquenal 2015-2019 (PQG), recentemente aprovado no Parlamento.

Dirigindo-se a população de Inhambane no comício popular no bairro Muelé, o Chefe do Estado falou das cinco prioridades plasmadas no PQG. Como de costume nos seus encontros com a população, Filipe Nyusi apresentou-se em língua local, neste caso, o Guitonga para o gaúdio dos populares.

Para responder às questões das populações, o PR pegou nos cinco pilares do PQG e escalpelizou-os para que os presentes os entendessem na sua plenitude de modo a que não restassem dúvidas principalmente quando forem transmitidas as pessoas que não estavam no local do comício.

O primeiro pilar, disse que tem há ver com a unidade nacional e que a Chama da Unidade lançada no pretérito mês de Abril em Namitil e que está a percorrer o país deve servir de reflexão sobre qual deve ser o papel de cada  cidadão na preservação deste desiderato.

“Dissemos sempre que a nossa prioridade era paz para resolver os problemas da população e viver em paz significa inclusão defendida por todos e não por um grupo, quer dizer, viver em paz é ser tolerante e tudo fazer para que aquele que está em dificuldades tenha solidariedade como aconteceu aquando das cheias que assolaram o país”,disse o Chefe do Estado sublinhando que a situação dos homens armados da Renamo que se regista particularmente em Funhalouro e noutras regiões do país não pode continuar.

Relativamente ao segundo pilar que é atinente ao desenvolvimento do capital humano e social, Filipe Nyusi afirmou que tal passa pela criação de competências e habilidades para as pessoas melhorarem as suas condições de vida.

Apontou como exemplo neste pilar, a criação de condições para que as pessoas tenham uma habitação condigna e incentivos para a empregabilidade das camadas juvenis, respeitando-se a equidade do género.

Em relação ao terceiro pilar que se debruça sobre o emprego, produtividade e competitividade, o PR afirmou que tal passa pela criação de incentivos para que mais jovens tenham acesso ao emprego seguro com a instituição de mais empresas segundo as potencialidades de cada distrito.

No concernente ao quarto que é atinente a infraestruturas, disse que este objetivo prende-se com a edificação um pouco por todo o país, de escolas de todos os níveis, hospitais, estradas e pontes bem como a expansão da rede de energia  elétrica.

Em relação ao quinto que refere-se a questão da transparência na exploração de recursos naturais, referiu que tal processo passa por os recursos beneficiarem as populações nativas dos locais onde ocorrem os recursos, assim como do país em geral.

Entretanto, o Presidente da República desafiou os combatentes a envidar esforços no sentido de preservarem a unidade nacional, condição principal para a implementação do PQG.

Filipe Nyusi que falava na abertura da segunda Conferencia Nacional da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN) exortou ainda aos membros desta agremiação a contribuirem para a defesa da paz e soberania.

Ainda na cidade de Inhambane, o Chefe do Estado orientou a sessão extraordinária do governo provincial onde ficou a saber do informe apresentado pelo governador, Agostinho Trinta que a província durante o ano passado atingiu uma produção global avaliada em 10.047.36 mil contos.

Segundo o informe, este nível de produção corresponde a um crescimento na ordem de 12,2 por cento, em que destaca-se a industrial, 41, 3 por cento, agrária, 26,5 por cento, transportes e comunicações, 11 por cento e pesqueira, 9,2 porcento.

Refira-se que Inhambane tem uma população de 1.499.479 habitantes, dos quais 826.194 são mulheres, o correspondente a 55, 1 por cento e 673.285 são homens, 44,9 porcento. A densidade populacional é de 21.9 habitantes por quilómetro quadrado, com uma taxa de crescimento de 2;5 por cento por ano.

A província possui 14 distritos, 26 postos administrativos, 70 localidades, 5 cidades e vilas municipais, nomeadamente, Inhambane e Maxixe e as vilas de Vilankulo, Massinga e Quissico.

O Presidente da República reuniu-se igualmente com empresários do ramo turístico de Inhambane para ouvir as sensibilidades destes relativamente ao seu negócio, bem como visitou um projecto de tanques piscícolas para se inteirar da aquacultura.

Um pormenor interessante e que se enquadra no âmbito da contenção de custos, tem a ver com o facto de o PR ter usado na sua viagem de Maputo a esta província um avião da Força Aérea de Moçambique. Chegado a Inhambane todas as deslocações aos distritos são por via terrestre e o esforço é reduzir cada vez mais o número de viaturas, razão pela qual há casos em que os directores provinciais são instados a usar a mesma viatura, o que nas lides populares é visto como um bom sinal de redução das despesas.

Nyusi insiste na melhoria da qualidade do ensino

No segundo dia da visita a esta província, Filipe Nyusi escalou o distrito de Inharrime, onde foi interagir com a população em torno da sua governação, mas antes esteve na Escola Secundária de Nhacoongo, no povoado de Dongane.

Na ocasião, o Chefe do Estado assistiu a uma aula da disciplina de Inglês da oitava classe e não gostou do facto de os alunos até a esta altura não saberem, ler, e escrever devidamente ao que exortou os docentes a aplicarem-se mais para a melhoria da qualidade do ensino.

Aliás, depois da aula reuniu-se com mais de 500 funcionários da educação a nível da província, encontro que serviu para a troca de impressões sobre que fazer para tirar o ensino do marasmo em que se encontra. Em resposta, os professores vincaram a necessidade de se rever o currículo escolar, sobretudo os programas e os conteúdos lecionados no nível primário.

A escola tem 330 alunos, dos quais 169 são meninas e 161 são rapazes distribuídos por seis turmas e assistidos por doze professores, dos quais dois são mulheres.

De notar que esta escola foi construída em resposta aos pedidos da população que em 2012 numa das visitas do antigo chefe de estado pedira uma instituição do ensino secundário para reduzir a distância que percorria até a vila sede de Inharrime que dista a cerca de 25 quilómetros de Nhacoongo.

Fotos de Acamo Maquinasse

Texto de Domingos Nhaúle
Nhaule2009@gmail.com

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