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Renamo vandaliza assembleias de voto em Tete

Por admin

Traídos pelo respectivo líder que depois de tentar sabotar o processo eleitoral veio a recensear sozinho no último dia do prolongamento do censo eleitoral, e já com uma derrota à vista, membros e simpatizantes da Renamo provocaram intimidações e vandalizaram mesas de votos, afectando um total de 22 assembleias em seis distritos da província de Tete.

De acordo com as informações que começaram a chegar à capital provincial de Tete no próprio dia da votação, os distritos mais afectados foram Tsangano e Angônia, onde há relatos de pelo menos três viaturas queimadas, membros de assembleias de voto feridos e janelas e carteiras escolares destruídas.

Pelo que pudemos perceber no terreno, a grande bagunça começa quando um significativo número de simpatizantes da Renamo, alguns dos quais terão pouco antes da assinatura do cessar-fogo aterrorizado Tsangano e assassinado um régulo local, se dá conta de que não podem votar exactamente porque não se recensearam.

O desânimo foi tal que em muitas mesas das áreas vandalizadas os delegados de lista nem se deram ao trabalho de se apresentar a tempo de assistir ao descerramento das caixas contendo o material eleitoral. Assim, o pretexto imediato encontrado foi a tentativa de introdução à força de delegados de listas já no meio do processo e pelo meio da manhã, o que teria sido entendido em muitas mesas como contraproducente. Teria sido então que os tais membros da Renamo se organizaram para levar a cabo autênticos assaltos a mesas de votação, dispersando tanto os eleitores como os membros das mesas de voto. O ponto de partida foi Tsangano.

Porém, a pronta intervenção policial impediu que tal prática fosse para além de uma escola em Tsangano, num processo que não foi nada pacífico nem isento de sangue.

O RELATO POLICIAL

No dia seguinte à votação, dia 16 de Outubro, o Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique, viria a emitir um comunicado detalhado nos seguintes termos.

Cerca das 8,00 horas do dia 15 de Outubro de 2014, no distrito de Tsangano, Localidade de Chiandame, 40 membros e simpatizantes do Partido Renamo, amotinaram-se na Assembleia de Voto da Escola Primária Completa de Chiandame, reivindicando que o presidente de uma das mesas de voto não teria permitido a presença de delegados de lista daquele partido por terem apresentado credenciais e cartões viciados (rasurados). Seguidamente vandalizaram e incendiaram o material de voto constituído por boletins, urnas e outro material de cinco mesas que funcionavam naquela escola.

A força de protecção escalada, quando se apercebeu dos factos, persuadiu para reposição da ordem. Porém, os autores aumentaram a fúria, perseguindo os membros da PRM para confrontar e arrancar armas de fogo.

A força disparou armas de fogo tendo sido alvejado um dos amotinados de nome Jemusse Chikwadza Lemussoro, e capturados 18 desordeiros.

Salienta ainda o comunicado da PRM em Tete que cerca das 16 horas do mesmo dia de votação, outros grupos de membros e simpatizantes da Renamo atacaram assembleias de voto das escolas primárias do 1º Grau de Gandali, Kawere e Chimutu desta vez no distrito de Macanga, pressionando que os brigadistas autorizassem a inclusão dos delegados de lista da Renamo que haviam sido recusados por terem sido flagrados em ilícito eleitoral naqueles lugares no dia anterior, 14 de Outubro, concretamente, a realizar campanha eleitoral em dia de reflexão.

Assim, incendiaram o material de votação das assembleias daquelas escolas. Como consequência imediata da confusão que se instalou, o processo de votação foi interrompido.

COMISSÃO PROVINCIAL CONFIRMA

Já na sexta-feira, a Comissão Provincial de Eleições, na pessoa do respectivo Presidente, Eduardo Sinalo, destacou em conferência de imprensa a nódoa do vandalismo que teria afectado o processo eleitoral com maior gravidade nos três distritos já descritos e ligeiramente noutros como Chifunde, Moatize e Mutarara. Em todos os distritos os protagonistas da arruaça foram membros e simpatizantes do partido de Afonso Dhlakama.

Em alguns pontos, cujas tentativas foram repelidas com devida antecedência, os amotinados começavam por cercar uma assembleia de voto e proferir ameaças tais como : se nessa mesa não está a ganhar Afonso Dhlakama, esses votos não saem daqui.

VITÓRIA DE NYUSI E FRELIMO

Quando estavam escrutinadas 35,54 por cento das mesas a nível da Província de Tete, Filipe Jacinto Nyusi e o Partido Frelimo registavam uma larga vitória sobre os seus concorrentes.

Os dados colhidos no terreno na última sexta-feira em Tete, apontavam que nas 591 das 1662 mesas, se desenhava o seguinte cenário eleitoral.

Para as presidenciais, Filipe Jacinto Nyusi somava 60,44 por cento, com 116.369 votos, contra 35,27 por centro de Afonso Dlhakama, com 67.902 votos e quatro por cento para Daviz Simango, que amealhou apenas 8.253 votos.

Para a Assembleia da República, quando estavam contabilizadas 516 mesas, correspondentes a 31,03 por cento, o Partido Frelimo se apresentava igualmente como virtual vencedor, com 61,42 por cento, correspondente a 97.040. Em segundo lugar aparece a Renamo, com 32,64 por cento e por fim o MDM com cinco por cento.

Para a Assembleia provincial, o cenário não é muito diferente das presidenciais e legislativas, onde o Partido Frelimo aparece igualmente em primeiro luigar, com 61, 54 por cento, seguido pela Renamo com 31,35 e o MDM com 7,13 por cento.

Terá sido também este cenário que pela manhã do dia 16 já se percebia que os ânimos dum dos perdedores como a Renamo não se contiveram, tendo dado continuidade do vandalismo iniciado no dia da votação que, entretanto, na opinião dos responsáveis eleitorais, não influenciaram os resultados globais da província.

Francisco Alar, nosso enviado a Tete

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