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Relançada produção intensiva de arroz

Depois de longos anos de uma espécie de ociosidade a que esteve votada grande parte da área cultivável do Regadio do Baixo Limpopo, em Xai-Xai, província de Gaza, eis que desponta um projecto ousado para o aproveitamento integral daquelas extensas terras. A ideia é relançar a produção agrícola e sobretudo da cultura do arroz e outros cereais que até aqui o nosso país vem acusando um défice gritante para sua produção. Os primeiros sinais apontam para um sucesso garantido.

A natureza encarregou-se de fazer a sua parte “alocando” àquele torrão do país terras aráveis, água abundante e gente com força suficiente para transformar os recursos naturais disponíveis em fonte de geração de alimentos e riqueza para os próprios moçambicanos.

No entanto, até há bem pouco tempo não havia uma combinação óptima de todos estes factores de produção e que permitissem alcançar tal objectivo facto que empurrava as autoridades governamentais a terem que adoptar esquemas de importação cíclica do arroz e outros cereais  

Estamos a falar de uma zona com excelentes condições agro-ecológicas para produção intensiva de arroz e outras culturas alimentares, mas no lugar disso abundava capim e arbustos de encher a vista bem como uma infinidade de bichos que povoavam as até então ociosas terras do baixo Limpopo, mesmo numa altura em que o país registava défices gritantes em termos de segurança alimentar.

Era possível a partir do cimo da ponte de Xai-Xai, na Estrada Nacional Numero 1 (EN 1), visualizar o cenário desolador a que estava votada aquela baixa, que goza de vantagens altamente comparativas para produção de cereais com maior pendor para o arroz.

O FIM DA OCIOSIDADE DAS

TERRAS DO BAIXO LIMPOPO  

No entanto, já brilha uma luz no fundo do túnel com o arranque, desde o ano antepassado, de um projecto de produção de arroz e outras culturas alimentares, ao abrigo de uma parceria do tipo público-privada envolvendo o governo moçambicano e uma companhia chinesa.

O referido projecto, segundo apurou o domingo preconiza a produção intensiva de cereais com destaque para o arroz, e está sendo executado pela firma chinesa Wanbao Agriculture for Development, lda numa área de cerca de 20 mil hectares localizados no Regadio do Baixo Limpopo, em Xai-Xai, província de Gaza.

Com efeito, centenas de chineses povoaram praticamente a baixa da cidade de Xai-Xai e naquele seu estilo característico no que toca ao trabalho braçal tem estado sol-à-sol a transformar aquelas terras, que durante anos serviam apenas como zona de pasto e de multiplicação de batráquios e outras espécies que se desenvolvem em habitat pantanoso. 

Avaliado em cerca de 250 milhões de dólares norte-americanos o mesmo conta com o envolvimento de produtores locais dos sectores privado e familiar (cerca de 8 mil), num sistema de produção directa, e estima-se que gradualmente sejam cultivados em media 2 mil hectares /ano.

Na penúltima campanha agrícola, antes da ocorrência das cheias, havia sido  cultivada a título experimental, uma área de 150 hectares na qual foi possível obter 1200 toneladas de arroz.

Segundo Armando Ussivane, Director Geral da WANBAO, como resultado da determinação em relançar a produção de arroz naquela região o Projecto da WANBAO permitiu que fossem lavrados ate ao momento 12 mil hectares tendo sido cultivadas para a presente época agrícola um total de 8 hectares para produção de arroz.

Neste momento estão envolvidos 71 produtores locais que beneficiam de treinamento e tem estado a familiarizar-se com tecnologias modernas de produção intensiva e sustentável desta cultura alimentar.    

Importa referir que cerca de 70% da população moçambicana vivia (ou ainda vive) nas zonas rurais e pratica a agricultura como sua principal fonte de obtenção de renda. A produção agrária é desenvolvida maioritariamente pelo sector familiar, que ocupa mais de 97% dos 5 milhões de hectares actualmente cultivados no país.

Guebuza impressionado com

aproveitamento do Baixo Limpopo 

O Presidente da República, Armando Guebuza, visitou demoradamente, pela segunda vez, a área onde está sendo desenvolvido o referido projecto e não escondeu a sua satisfação com os resultados e sinais promissores do mesmo numa altura em que o desenvolvimento da província de Gaza mais particularmente no sector da agricultura está em crescendo, apesar das situações adversas por vezes impostas pelas calamidades naturais nos últimos dois anos.

Depois de percorrer durante cerca de uma hora a área explorada pela Wanbao e de se ter inteirado do curso das obras de construção da fábrica de processamento, silos e outras infraestruturas imprescindíveis para o sucesso daquele empreendimento o Presidente Guebuza mostrou-se positivamente impressionado com o que viu e ouviu dos responsáveis pelo Projecto.

Segundo afirmou Guebuza, numa conferência de imprensa para o balanço da sua visita de cinco dias à província de Gaza, no âmbito da Presidência Aberta e Inclusiva (PAI), os resultados encorajadores verificados decorrem do facto de estar a haver uma entrega abnegada dos diversos actores da vida económica e social na região, que tem o rio Limpopo como um dos principais factores para impulsionar o seu desenvolvimento.

Aliás, conforme referiu o PR, o rio Limpopo é um recurso hídrico de crucial importância para o desenvolvimento socio-económico dos moçambicanos apesar de nalguns momentos constituir um foco de destruição, luto e dor quando ocorrem calamidades naturais, tal como aconteceu no ano passado, situação provocada, por um lado, pela ocorrência do fenómeno das mudanças climáticas e, por outro, pela falta de infraestruturas apropriadas para o controlo mais adequado das águas tais como barragens e diques de defesa. 

José Sixpence

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