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Progresso e bem-estar permanecem na mira

Por admin

O ano 2012 está a dar as últimas. Dele, pouco ou nada sobra. Mas, para a nossa felicidade, nestes doze meses não se registaram intempéries de tipo ciclone Nádia e Fávio, ou cheias, como as 

que aconteceram entre 2008 e 2009. Antes pelo contrário. A conversa neste agoniante 2012 foi bem outra. Os moçambicanos conviveram com um “boom” de notícias sobre a descoberta de recursos minerais, grandes investimentos em vários domínios e, nesta recta final, a revelação de que a arrecadação de receitas públicas está tão boa que o Orçamento Geral de Estado (OGE) para 2013 dependerá menos da ajuda externa.  

 

O fim do ano é sempre momento de festas de arromba. A humanidade se mistura em todos os cantos e recantos para celebrar a vida. Animais são sacrificados, bebidas são servidas a rodos, música é liberta ao volume máximo, passos de dança são ensaiados, enfim. É dia de festa que, por imposição das circunstâncias, deve decorrer até o dia 1 de Janeiro ganhar corpo.

Nestas últimas horas de 2012, é comum ouvir votos de “boas entradas” pronunciadas até por crianças em idade pré-escolar, as quais imitam os pais, irmãos e amiguinhos. Trata-se de um desejo que até sabe a sincero, pois qualquer acidente ou doença nas cercanias pode estragar esta festa de dimensão planetária, na qual ricos e pobres dão largas ao consumo.

Para quem tem posses mais carnudas, o fecho do ano é passado em ambiente requintado de restaurante de hotel, onde o preço de entrada para uma criança de cinco anos pode corresponder ao salário mínimo. Mas é nos bairros suburbanos, vilas e aldeias onde a verdadeira festa acontece, dado que não imposições de traje, regras de etiqueta por seguir, cuidados com a maquilhagem ou passos de dança ensaiados. É um vale tudo!

Nestes locais, a noite de 31 de Dezembro é caracterizada por “cancelas abertas” e o vizinho pode atravessar o quintal para vir provar um naco deste lado, ao mesmo tempo que nos convida a irmos provar o naco que ainda está a ser grelhado no seu quintal. Se cá há uma bebida, o vizinho pode beber um copo e vice-versa. Ao meio da madrugada todos estão ébrios e já nem se recordam do que ingeriram e onde. Vale o convívio e nada mais.

Enquanto o povo faz a sua festa, o Governo também celebra feitos que para muitos parecem abstractos, nomeadamente o alcance da meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e da manutenção da taxa de inflação a níveis baixos e controlados. O que faz com que a equipa económica do Governo se sinta radiante com este feito é o facto de ter conseguido estes dois preciosos “golos” numa altura em que o ambiente macroeconómico mundial (sobretudo europeu e americano) é adverso.

É que, Moçambique depende em parte da ajuda oriunda de países que estão hoje a atravessar uma crise financeira, crise esta que parece ter vindo ficar, portanto, ver o PIB crescer e conseguir alcançar a meta de inflação baixa e controlada é um grande feito que merece ser celebrado com as melhores taças que podem existir na cristaleira.

Outro detalhe que também anima é que, durante longos anos, o nosso país andou a marcar passo no que tange às exportações que se situavam em torno dos 600 milhões de dólares, contra importações mais rechonchudas. Entretanto, graças à nova dinâmica económica que o país assiste, o volume de exportações já anda pertinho de um bilião de dólares.

O que os economistas não conseguem esconder, e o cidadão comum vislumbra sem grandes dificuldades é que a exploração de recursos minerais é uma certeza mas, mais do que explorá-los, exige-se de todos uma visão aberta para se perspectivar melhor o que deve ser a economia nacional nos próximos tempos.

Tal abertura de visão deverá ter como base uma leitura atenta dos fenómenos externos tais como a redução da oferta de cereais no mercado internacional, com particular destaque para o trigo, o que pode corresponder a uma oportunidade de investimento neste sector nas regiões onde as condições agro-climáticas são favoráveis.

Por outro lado, há que prestar alguma atenção ao comportamento do preço do petróleo que, segundo dados em poder do domingo, vai continuar alto para o nosso país, o que representa um risco para a nossa economia. Segundo apurámos, a importação de combustíveis está a crescer e com ela também cresce a factura ano após ano.

Pior do que a subida anual, a nossa Reportagem apurou que a factura de combustível consumido no mês de Outubro deste ano foi de cerca de 120 milhões de dólares, em Novembro passou para 110 milhões e, até meados de Dezembro já rondava os 140 milhões de dólares.

Para o sossego da Nação moçambicana, o Chefe de Estado, Armando Guebuza, fez questão de se deslocar à Assembleia da República para reafirmar, alto e em bom som, que o Governo se mantêm determinado em “continuar a desenvolver múltiplas acções tendentes a dinamizar a implementação do Plano Económico e Social para o ano 2013 e a aprofundar a nossa democracia multipartidária, com a realização das 4ª eleições municipais, num processo para o qual devemos todos fazer o nosso melhor para que, como nos anteriores, seja livre, justo e transparente”.

Trata-se de um pronunciamento que deixa evidente que a liderança do nosso país está decidida a assegurar a estabilidade política, social e macroeconómica, elementos fundamentais para a atracção de mais investimentos que, por seu turno, geram emprego e riqueza para o país.  

Para o ano de 2013 que se avizinha, asperspectivas económicas apontam para a prevalência de uma conjuntura internacional adversa e incerta, sobretudo ao nível das economias mais avançadas, onde se espera um abrandamento do ritmo de expansão da actividade económica acompanhada de aumento do desemprego.

Perante este quadro, o Governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove afirma que a incerteza em relação ao fim da crise de dívida soberana na Zona Euro requer monitoria permanente para afastar os perigos do efeito contágio no nosso sistema financeiro.

Apesar dos bancos que operam no nosso país possuírem capitais estrangeiros, na sua maioria portugueses, estes não assumem aquela bandeira e nem funcionam como “ramais” dos bancos que lhes servem de “patronos”. Segundo o Banco de Moçambique estes bancos operam no mercado nacional obedecendo às regras moçambicanas, o que faz com que os efeitos perversos da crise financeira não afectem de forma descontrolada a nossa economia.

Dados em nosso poder indicam que as economias de mercado emergentes e em desenvolvimento poderão registar um crescimento agregado de cerca  de cinco por cento, enquanto as avançadas poderão crescer apenas um por cento por cento, penalizadas pelos desenvolvimentos nas economias da Zona Euro onde se espera um agravamento da recessão económica.

Ainda ao longo do ano que inicia na próxima terça-feira, o Banco de Moçambique assegura que vai fazer o seu melhor para manter os ganhos de estabilidade macroeconómica e do sector financeiro, prevendo uma inflação anual de sete por cento, um crescimento do PIB de 8.4 por e uma acumulação de reservas internacionais que permita a cobertura de cerca de quatro meses de importações de bens e serviços não factoriais.

Para o alcance destes objectivos o BM se propõe a privilegiar o uso dos instrumentos disponíveis nos mercados monetário e cambial, complementados com a supervisão prudêncial, visando assegurar uma expansão dos meios totais de pagamento em redor de 19.3 por cento e do crédito bancário ao sector privado em redor de 19 por cento. A base monetária deverá ter um crescimento não superior a 18.4 por cento.

Adicionalmente e no seguimento das acções já iniciadas nos últimos anos, o BM vai continuar a continuar a melhorar a gestão da política monetária, reforçando a capacidade de previsão e de resposta, fortalecer o papel de supervisor e regulador das instituições de crédito. Por outro lado, e em parceria com as instituições de crédito, vai prosseguir o esforço de bancarização da economia nacional, a modernização do sistema nacional de pagamentos e a busca de preçários dos serviços financeiros, mais competitivos e transparentes, entre outros.

No ano prestes a terminar, entraram em funcionamento 19 novas instituições de micro crédito, foram abertos 39 novos balcões de bancos, passando para um total de 479 em funcionamento em 2012, cobrindo todas as capitais provinciais, municípios e 62 dos 128 distritos.

“Ainda que reconheçamos e saudemos o esforço realizado pelas instituições de crédito neste domínio, não restam dúvidas que muito há por realizar, pois a demanda de serviços financeiros pela nossa população, é inadiável, impondo-se a necessidade de expansão para mais lugares do nosso vasto território, onde as populações produzem riqueza e carecem do apoio da banca, quer para o depósito das suas poupanças, quer para o investimento”, aludiu Gove.

Perante este quadro, resta 

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