A Primeira-Dama de Moçambique, Maria da Luz Guebuza, pediu esta semana aos parceiros ligados ao sector da saúde, para que ajudem o país a concretizar o seu objectivo de instalar uma unidade de radioterapia para o tratamento de cancro.
O pedido foi formulado durante um encontro que Maria da Luz Guebuza manteve sexta-feira última, em Seul, capital da Coreia do Sul, com representantes de algumas instituições especializadas no acompanhamento e tratamento de casos de cancro do colo do útero, de mama e da próstata.
O encontro teve lugar à margem da Conferência Anual dos Programas Académicos Globais, que junta cientistas, médicos, representantes de governos e das organizações não-governamentais e académicos de diversos ramos de actividade, tendo em vista a apresentação de resultados das pesquisas e troca de experiências em matéria do câncer cervical.
Na ocasião, a Primeira-Dama dialogou com representantes de instituições de pesquisa e tratamento do cancro como o MD Andersen Cancer Centre, dos EUA, Teaching and Research Institute, Barretos Cancer Hospital e Hematology, Hospital Israelita Albert Einstein, as últimas duas do Brasil.
Entre as dificuldades arroladas por Maria da Luz Guebuza e que Moçambique enfrenta, destaca-se a falta de uma unidade sanitária especializada em oncologia, bem como a escassez de condições materiais e humanas para o tratamento do cancro por radioterapia.
“Hoje, o tratamento de cancro por esse método, radioterapia, exige uma deslocação ao estrangeiro, no nosso caso, à África do Sul, mas a maioria das famílias não tem dinheiro para custear, não só o tratamento, que por si só é caro, mas também para o alojamento e alimentação durante o tempo que estiverem em tratamento”, anotou a Primeira-dama.
“Por isso, se pudessem dar algum apoio na instalação de uma unidade especializada para o tratamento do cancro seria uma grande mais-valia para o país”, acrescentou Maria da Luz Guebuza.
Para além da falta de meios materiais e financeiros, Moçambique debate-se ainda com o problema de disponibilidade de pessoal qualificado. Segundo o director Nacional da Saúde Pública, Francisco Mbofana, o país possui actualmente apenas dois oncologistas e sete patologistas dos cerca de mil e 500 médicos existentes no país.
Face a esta realidade, a Primeira-Dama também pediu um maior apoio na componente de formação do pessoal de saúde. Aliás, Moçambique tem em vista a introdução de uma vacina contra o cancro, mas não dispõe de meios financeiros suficientes para a sua massificação, pelo que será necessária uma mão dos parceiros, “para, juntos, podermos reduzir o sofrimento das populações”.
Reagindo ao apelo, os parceiros manifestaram a sua disposição em tudo fazer para ajudar Moçambique neste grande desafio de combate ao cancro.
Por exemplo, o representante do Instituto de Pesquisa, Barretos Cancer Hospital, do Brasil, disse que a instituição está aberta para formar moçambicanos nesta área, aproveitando, para o efeito, o facto de ambos os países falarem a mesma língua, o que poderá facilitar o processo.
Por seu turno, Elisabeth Weidepas, do Instituto de Pesquisa do Cancro da Noruega, apontou ser urgente que Moçambique comece já a organizar um banco de dados sobre a situação da doença no país.
Weiderpas, que já trabalhou na cidade da Beira, província central de Sofala, num projecto privado, disse ser possível, com poucos recursos, realizar o registo, a partir dos pacientes que se apresentam nas unidades sanitárias.
Importa referirque o Ministério da Saúde (MISAU) está a preparar a criação de três centros regionais de registo do cancro no país (Norte, Centro e Sul).