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População enaltece governação de Guebuza

Por admin

Numa altura em que a tendência dominante nos últimos tempos, a nível mais ou menos global, é de um certo alheamento e descrédito nos políticos e nas mensagens que estes tentam transmitir ao povo (quando a ele se aproximam) e uma cada vez mais preferência a assuntos de cariz social (sobretudo privados), desportivos, culturais e actividades de puro lazer, sucede que em Moçambique as Presidências Abertas e Inclusivas (abreviadamente baptizadas por PAI) estão aparentemente a engendrar uma configuração “sui generis” e a produzirem um efeito que contraria a actual tendência.

À parte a polémica que emergiu e vem acompanhando esta forma de actuação governativa interpretada no estilo e marca muito próprios que o Presidente da República, Armando Guebuza, impregnou, o feedback do principal grupo alvo deste “investimento político” (a população e autoridades locais do meio rural, principalmente) mostra-se receptivo ao modelo e considera-o positivo.

O sentimento da maioria das pessoas de diferentes estratos sociais abordadas pelo autor destas linhas converge na linha de que as Presidências Abertas, no formato que assumiram, nos últimos dez anos, deixaram naturalmente o seu “aroma típico” que dependendo dos gostos e apuro do sentido de olfacto de cada um podem ter “causado uma sensação agradável para uns e nem tanto para outros” .

Esta derradeira edição do PAI é o mais próximo e fresco exemplo de que este exercício arrisca-se a tornar-se numa espécie de novo paradigma em matérias de (boa) governação e, de certa forma, num apetecível objecto de estudo que até já provoca e alimenta sugestivas (e polémicas) perspectivas de análise. 

Como dizíamos, na entrada deste artigo, os partidos políticos e seus actores estão, quase que a nível mundial, a passar por uma espécie de “zona de turbulência” ou melhor, a experimentarem um ambiente que os desafia a uma reflexão e revisão, quiçá estrutural, dos seus métodos e formas de actuação política e, sobretudo, a exibirem uma predisposição para se adaptarem aos desígnios de uma sociedade cada vez mais iluminada, dinâmica e com um padrão de exigências antes impensáveis.  

Por isso, o entendimento de alguns cidadãos abordados pelo domingo, nos bastidores dos comícios e outros encontros com as autoridades locais orientados por Guebuza, a actividade de Presidência Aberta representa um sinal de que o PR sempre esteve ciente da necessidade de se operar uma certa reformulação na maneira de pensar e fazer politica e/ou exercer a governação, nos tempos que correm e, por isso, resolveu abraçar e acarinhar o povo que vive nas mais diversas e inimagináveis condições de vida marcadamente precárias.   

É assim que a ousada decisão de Armando Guebuza em realizar as dez edições de Presidência Aberta, mesmo debaixo de algum criticismo, resvalou num preço muito alto a pagar e que lhe foi cobrado exactamente por alguns dos seus críticos e/ou detractores que não o pouparam de uma “autntica intifada”, com ressonância em certa imprensa dita independente e nas famigeradas redes sociais.

Aparentemente, Guebuza confiou nos seus instintos e nos resultados da sua análise de custo de oportunidade que o “aconselharam” a privilegiar o contacto com o povo que se encontra no mais recôndito e sofrido lugar deste país e que enfrenta as mais penosas privações das suas necessidades básicas humanas.

A ilustração disso pode ser captada em intervenções de “anónimos cidadãos”,  tais como Tomás Portugal, um ancião que reside no distrito de Alto Mulócuè, que apresentou espontaneamente o seu testemunho sobre o balanço dos dez anos da governação de Guebuza, em pleno comício popular, na vila sede daquele ponto do país.

Portugal fez questão de dizer que “o Presidente Guebuza trabalhou muito para o seu povo. Não é preciso colocar óculos para ver o resultado desse trabalho. Basta citar a ponte sobre o rio Zambeze que é um exemplo de peso das várias obras de vulto que foram feitas durante o seu mandato, o número de furos ou sistemas de abastecimento de água potável que foram construídas no meio rural, as novas construções de unidades sanitárias e educacionais de diferentes níveis de ensino, a expansão da telefonia móvel e da rede eléctrica e mesmo a construção de silos em Mugema, são apenas algumas das inúmeras obras que tiveram como mestre este grande homem aqui”.

Num outro desenvolvimento, Tomás Portugal desvalorizou com alguma veemência aqueles que “dizem que o Presidente não fez nada” e prosseguindo com a sua alocução, e já num tom cáustico, afirmou que tais pronunciamentos “só podem vir de pessoas de má-fé e a essas (pessoas) podemos considerar indisciplinadas ou invejosas”.

No entanto, Portugal não circunscreveu o seu discurso a elogios, mas também referiu-se a alguns problemas que julga que ainda emperram o desenvolvimento das comunidades locais e que urge resolvê-los “mesmo que o Presidente Guebuza já não vá a tempo, mas o seu sucessor deveria esforçar-se nesse sentido”. Nestes termos, aquele ancião pediu ao PR que fosse estendida a energia eléctrica da Rede Nacional ao posto administrativo de Nawela, onde ele reside, pois a ligação terminou em Mugema (a uma distância de 12 quilómetros de Nawela).

Portanto, as Presidências Abertas são, ao que tudo indica, percebidas pela população do meio rural como um mecanismo de diálogo e prestação de contas entre os governantes e os governados, onde para a população, a simples oportunidade que lhes é dada para colocarem os seus problemas é, em si, um ganho em que a resolução efectiva, a curto ou longo prazo, de tais preocupações representa uma mais valia.

As autênticas hordas humanas que preenchem o cenário dos vários momentos da visita de Guebuza a cada um dos distritos escalados nesta última leva da PAI parecem desconstruir a célebre tese da “impopularidade de Guebuza”. É que tal enunciação tem sido produzida e defendida por algumas correntes de opinião que avultam no meio urbano e, acto contínuo, reproduzidas nas redes sociais como se de um axioma se tratasse.

Na verdade, a advocacia de tais teses, que têm sido feitas, amiúde, aparentemente exibe dificuldades de fazer uma abstracção e encarar Mocambique na sua plenitude e como o somatório das suas mais variadas unidades territoriais, onde em cada uma delas há realidades e gente com anseios comuns, mas também específicos. Portanto, os propagadores de tais teses são geralmente uma espécie de “galácticos”, cujas demandas já não estão ao nível do que ainda anseia o “zé povinho”, mas sim  de ter um bom “café descafeinado” depois de uma refeição “light” (a dita comida saudável ou com baixo nível de colesterol mau). 

As intervenções de elementos da população e mesmo os seus depoimentos fora do ambiente de comícios populares têm salientado, de  forma recorrente, a lição de que os governantes são desafiados a se colocarem mais próximos dos cidadãos para auscultarem as suas preocupações,  “beberem” da fonte e um dos retornos disso é que os níveis de  participação política dos cidadãos tenderá a elevar-se.  

Guebuza, que já deu mostras de ser politicamente hábil, tem agido de forma a demonstrar que a relação entre governantes e governados jamais deve assumir característica de “nós( dirigentes) e eles (povo)” para evitar, ou , no  mínimo, reduzir o grau de alheamento do cidadão na vida política do seu próprio país.

A interpretação, que conseguimos apurar do contacto com populares, nos vários lugares visitados pelo PR, reforça a ideia de que é crucial que se privilegie doravante a chamada “democracia societal”, no lugar da democracia eminentemente tradicional de cariz institucional. Esta última tem nos políticos e seus partidos os seus actores quase exclusivos.

Num espaço mais o menos afastado do lugar onde decorria um dos comícios orientados por Guebuza na Vila sede de Ribáuè, domingo interpelou a cidadã Rabia Mulumassa Vinte, 49 anos de idade, professora primária e residente naquele distrito, que, a dado passo da nossa conversa, fez um comentário “de se lhe tirar o chapéu”.

Há muita gente aqui no campo com saber e opiniões interessantes sobre vários tipos de assuntos, mas que não quer ou não encontra espaço para fazer política activa, e, consequentemente, se os políticos não tiverem a visão e maneira de ser semelhantes às do Presidente Guebuza, que se aproxima e mostra que ama o seu povo, o que pode naturalmente acontecer, é estas mesmas pessoas desligarem-se deles e recusarem-se a participar voluntariamente em encontros como estes” ( referindo-se ao comício de Ribáuè), rematou Rabia Vinte.

Rabia acrescentou que não basta organizar comícios e mandar “as estruturas do partido mobilizarem a população a vir para aqui para ver e ouvir o Presidente a falar. É preciso que se “dê voz” às pessoas e que isso não termine por aí, pois , uma vez em Maputo,  os nossos dirigentes devem lutar para dar resposta aos nossos pedidos, porque, aqui nos distritos, ainda temos muitas carências para a nossa sobrevivência humana”. 

Como se pode ver, os governos e tomadores de decisão estão claramente a ser desafiados a ir ao encontro das ideias e anseios da população que aparentemente, no passado, não eram levados em consideração.

Na óptica dos nossos entrevistados, este constitui um dos aspectos que o Presidente Guebuza conseguiu lidar com ele, de forma muito inovadora e pragmática, ao fazer um esforço hercúleo para “pegar” as ideais e preocupações apresentadas pela população e dar-lhes a relevância e priorização necessária, na sua acção governativa e depois exigir que os seus colaboradores, a todo custo e níveis, materializem acções concretas que demonstrem a preocupação do Governo em  dar resposta aos anseios do povo, no que tange ao provimento de determinados serviços sociais básicos demandados pelo povo.

Isto vem acontecendo já desde os tempos em que ele ainda era secretário-geral e candidato da Frelimo até agora que é Chefe do Estado, sobretudo, no decurso das Presidências Abertas. Eu penso que as Presidências Abertas deveriam ser institucionalizadas no nosso país, porque só desta forma colocariam os nossos dirigentes em contacto permanente com a população, com todas vantagens que daí poderiam advir ” , elucidou a nossa interlocutora. 

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