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Pilares só serão visíveis no próximo ano

Por admin

Texto de Jorge Rungo

As obras de construção da ponte que vai ligar Maputo à Catembe, na baía de Maputo, iniciaram a seis de Junho do ano passado e já estão implementadas em cerca de 22 por cento. Porém, pouco ou nada se vê porque todo o esforço está voltado para as fundações que, em alguns casos, vão até aos 97 metros de profundidade e cerca de dois metros de diâmetro. Dada a sua complexidade da obra, os pilares só começarão a ser visíveis no próximo ano.

O projecto de construção da ponte Maputo-Catembe segue à velocidade de cruzeiro e poderá ser concluída em finais de 2017, altura em que o uso de ferryboats e de outras embarcações de transporte público para a travessia da baía de Maputo vai entrar em desuso ou se tornará meramente turístico.

Esta infra-estrutura está inserida no contexto da construção de uma série de infra-estruturas rodoviárias na região Sul de Maputo, de entre as quais se destacam as estradas Circular de Maputo, a ligação entre Catembe e Ponta de Ouro, incluindo uma bifurcação para a fronteira com a África do Sul.

No mesmo contexto, está projectada a edificação de uma estrada que vai ligar a vila de Bela Vista, no distrito de Matutuíne, à vila municipal de Boane, para além de uma ponte que vai ligar a vila de Marracuene à área turística de Macaneta, o que vai totalizar 210 quilómetros de estrada.

Por outro lado, e inserido no mesmo âmbito deverá ser desenvolvido um projecto de urbanização da Catembe, com estradas, zonas residenciais, entre outras infra-estruturas económicas, sociais e administrativas em parceria com o Conselho Municipal. Todo este projecto está orçado em cerca de 726 milhões de dólares.

Dados colhidos junto de Vicente Miranda, engenheiro responsável pela construção da ponte Maputo-Catembe indicam que de seis de Junho de 2014 a esta parte já foram desenvolvidas actividades que estimadas em 22 por cento.

Apesar desta estimativa de avanço da obra, em termos concretos, pouco ou nada é visível no terreno, à excepção da movimentação de homens e máquinas, facto que deixa meio mundo atónito e com a impressão de que a empresa Maputo-Sul, responsável pelo projecto, está a entreter a sociedade.

Entretanto, Vicente Miranda afirma que esta obra é demasiado complexa, pois implica uma série de actividades que vão desde a montagem dos estaleiros, mobilização de meios humanos e materiais pelo empreiteiro, estudo geotécnicos, desenhos dos projectos preliminares, definitivos e detalhados, para se seguir a fase das fundações que actualmente decorrem e que são consideradas estruturas complicadas.

A complexidade desta fase está associada ao facto de ser necessário edificar vários pilares (estacas) com um metro e meio de diâmetro e com cerca de 60 metros de profundidade em ambas as margens da baía. “São obras que estão a ser feitas para baixo e, por isso, difíceis e que ninguém consegue ver. Os pilares só se tornarão visíveis no próximo ano”, disse.

Aliás, no lado Norte, que corresponde à cidade de Maputo, decorre a construção de pilares que deverão ter um diâmetro de dois metros e vinte centímetros e uma profundidade de 97 metros.

Ainda no que se refere às especificações da ponte Maputo-Catembe, que é a obra mais imponente do conjunto, Vicente Miranda disse que a mesma será composta por uma ponte principal suspensa, com um vão de cerca de 780 metros, mais dois viadutos que se vão construídos a Norte e a Sul da ponte, sendo que cada uma destas partes será independente da outra.

Entre outras características, esta ponte será a maior do continente africano em termos de vão central em ponte suspensa e em termos de comprimento (cerca de três quilómetros), ao mesmo tempo que se posicionará entre as 50 maiores a nível mundial com este desenho.

Para dissipar equívocos, Miranda afirma que a ponte da Ilha de Moçambique possui 3900 metros, mas é uma ponte simples, tem vãos pequenos de dez metros, é de construção fácil e não tem uma grande dimensão e complexidade em termos de estrutura.

Estamos habituados a construir os pilares e depois irmos fazendo os vãos através de vigas pré-fabricadas ou de cofragens que são colocadas e depois se faz a betonagem do tabuleiro. Neste caso o pilar é construído e depois a ponte vai desenvolvendo em consola, como se fez na ponte de Caia (ponte Armando Guebuza) e na nova ponte de Tete. Por isso é que afirmo que são sistemas complicados”, disse.

Outro dado que salta à vista é o facto de estar a ser projectado um número reduzido de pilares na estrutura que se localiza no lado Norte da ponte (cidade de Maputo), por ser uma zona urbana.

Miranda referiu que “do lado da Catembe, que é uma zona menos urbanizada, fizemos mais pilares. Temos um viaduto inicial com 45 metros de vão e o viaduto a seguir com 30 metros de vão, ou seja, o sistema de construção já é completamente diferente”.

ESTRUTURAS DE TAMANHO “XXL”

Entre as estruturas da ponte Maputo-Catembe que tornam esta obra complexa estão também os blocos de betão que devem receber o cabo que vai ajudar o tabuleiro a se manter suspensa sobre o mar. “Esse cabo deve estar agarrado a alguma coisa e se apoia em torres que tem cerca de 136 metros de altura”, revelou.

As estruturas que seguram o cabo são chamadas de blocos de ancoragem e tem possuem 50 metros de diâmetros, com paredes com 50 metros de profundidade e um metro e vinte centímetros de espessura que vão permitir que a parte central seja escavada para se fazer a fundação até altura necessária.

Do lado de Maputo será necessário escavar cerca de 16 metros até encontrar uma rocha branda, mas capaz de suportar o peso da fundação. Por seu turno, do lado da de profundidade para se instalar a base que vai agarrar o cabo de suspensão.

No que se refere às paredes dos blocos de ancoragem, o lado de Maputo, está com cerca de 90 por cento concluído, ou seja, já temos os 50 metros de 50 metros de profundidade. Ainda deste lado, estamos a começar as fundações da torre Norte e muito brevemente vamos começar o viaduto Norte. Do lado da Catembe estão feitos 60 por cento e, quando terminarmos, vamos iniciar a escavação central. Por outro lado, fizemos as fundações de cerca de 15 pilares, do lado da Catembe”, revelou.

No que se refere à disponibilidade financeira, Vicente Miranda afirmou que “está todo garantido”, tanto a parte correspondente à contribuição do Estado moçambicano, assim como a parte chinesa.

Quanto à mão de obra, a nossa Reportagem apurou que presentemente a obra está a ser executada por mil operários, dos quais 600 são moçambicanos e os restantes 400 são estrangeiros. Porém, no pico da construção o número vai subir para 1500 operários, sendo 900 nacionais e 600 expatriados.

O grande desafio que temos é de conseguir áreas de trabalho, sobretudo na margem Norte. Temos áreas asseguradas na Catembe, no interior do Porto de Maputo e na Rua de Malanga que encerramos para recolocarmos condutas de água, electricidade e comunicações”, disse.

Apesar destes avanços, persistem constrangimentos relacionados com a avenida UNEMO e com a encosta da Malanga que, para além das famílias que residem e que devem ser reassentadas, existem linhas de transporte de energia em alta tensão que devem ser transferidas para outro local sem afectar o fornecimento de electricidade à cidade de Maputo.

Do lado da Catembe a situação é simples, mas em Maputo temos a inserção da obra praticamente na zona da praça 16 de Junho e essa inserção obriga que se faça um grande nó rodoviário para acolher o tráfico que se vai gerar, entrar e sair da cidade de cidade de Maputo”, frisou.

Mesmo a propósito das necessidades de espaço, a nossa fonte referiu que no quadro da construção da ponte Maputo-Catembe será preciso erguer nó rodoviário bastante grande na praça 16 de Junho, que inclui rampas de acesso e de saída, e um viaduto por cima daquela praça para viabilizar o tráfego daqueles que estarão na avenida 24 de Julho e pretendam ir à Avenida da OUA.

Por isso precisamos de espaço. Por exemplo, para fazer a avenida da UNEMO que vai ligar a rotunda da praça 16 de Junho até a rotunda da Brigada Montada será necessário reassentar cerca de mil famílias e remover várias infra-estruturas”, sublinhou.

Jorge Rungo

jrungo@gmail.com

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1 comment

become an ISO 27 de Setembro, 2023 - 10:16

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