O presidente do Observatório Eleitoral (OE), Dinis Matsolo, disse sexta-feira última em Maputo que as organizações da sociedade civil defendem a realização urgente de um encontro entre o
Presidente da República (PR) Armando Emílio Guebuza e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para ao mais alto nível, buscarem as soluções para os problemas que afectam o país, com destaque para a questão da insegurança que se regista na região central do país.
Falando à saída da audiência que manteve com o PR, Dinis Matsolo afirmou que a ocasião permitiria um momento para uma reflexão conjunta sobre a situação prevalecente no país, caracterizada por uma tensão política, que já ceifou vidas humanas e destruição de bens.
“Julgamos ser importante que, na medida do possível, houvesse um encontro directo entre o Presidente Armando Guebuza e o líder da Renamo para se encontrarem formas de se ultrapassar as diferenças prevalecentes”,apelou o reverendo Dinis Matsolo.
Segundo afirmou, é importante investir-se no diálogo real que possa produzir resultados frutuosos e que desemboquem numa saída areosa, tendo em vista desbloquear os impasses que se verificam nas conversações em curso entre as delegações do Governo e da Renamo.
Questionado se a situação de insegurança que se vive em algumas zonas da província de Sofala estaria ou não a afectar o processo eleitoral, ora em curso no país, Dinis Matsolo afirmou não haver dúvidas que constitui uma preocupação enorme.
“Quando se está numa situação de desavenças e não há concordância, na forma de fazer as coisas, isso afecta o processo normal do andamento das eleições. Por isso, achamos que é importante que se encontre uma solução para que possamos avançar sem sobressaltos”,disse para depois acrescentar: “neste momento, as comunidades mostram-se reticentes, porque as coisas não estão claras. Não se sabe se vai ou não haver eleições. É importante que se encontre uma saída que mostre que o país está em paz e está tudo tranquilo para que as pessoas possam ir ao recenseamento.”
Para o Observatório Eleitoral, as eleições constituem um momento de festa e todos os moçambicanos devem participar nessa festa. “Agora, se alguém não participa por vontade própria, temos de respeitar isso, mas se não participa porque existem desavenças que fazem com que não participe, então temos de encontrar caminhos para se ultrapassar essas desavenças.”
De referir que a Renamo decidiu não tomar parte das eleições autárquicas de 20 de Novembro próximo, alegando não existirem condições materiais e legais para a sua realização, enquanto a Frelimo, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e os partidos extra-parlamentares já preparam-se para o escrutínio que se avizinha.
Para a “perdiz”, é necessário que haja revisão da legislação eleitoral, de modo a introduzir-se o princípio de paridade para os partidos com assento parlamentar na constituição dos órgãos eleitorais, nomeadamente, Comissão Nacional de Eleições e o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral.