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Moçambique exalta feitos de ilustres cidadãos

Por admin

O acto central comemorativo dos 39 anos da Independência, realizado última quarta-feira, em Maputo, foi uma cerimónia carregada de bastante simbolismo e significado, e onde instituições, cidadãos nacionais e estrangeiros foram galardoados com insígnias, títulos honoríficos e condecorações pelo contributo dado, em diferentes momentos, para a independência e estabelecimento da paz e democracia no país.

O evento dirigido pelo Presidente da República, Armando Guebuza, serviu para celebrar o 25 de Junho, data da independência nacional, onde também coube o reconhecimento de algumas personalidades e instituições que contribuíram para que o sonho de liberdade e independência se concretizasse. Que a integridade territorial se mantivesse inviolável. Que os fundamentos de um país de crescente prosperidade, unido e consolidando a paz através do diálogo e da reconciliação fossem cristalizados.

“Queremos aqui recordar, que em retribuição dessa amizade e solidariedade internacionais que recebemos, fizemos da proclamação da nossa Independência Nacional um acto de alargamento das fronteiras da liberdade na África Austral, no Continente e no mundo”, frisou Guebuza.

Segundo o estadista moçambicano, foi com honra e júbilo que presidiu a cerimónia de atribuição de insígnias, títulos honoríficos e condecorações a cidadãos e instituições nacionais e de fora das nossas fronteiras que se destacaram através dos seus feitos em prol do povo moçambicano. “Esta cerimónia, porque realizada em reconhecimento desses serviços meritórios à Pátria, é carregada de muito simbolismo e sentido de missão e de História”, exaltou o Chefe de Estado.

CIDADÃO HONORÁRIO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

Os antigos estadistas desempenharam um papel fundamental e empenharam-se na ajuda ao país irmão na busca da independência nacional com alto sentido de responsabilidade.

Por isso, eles também fora condecorados, alguns a título póstumo, como são os casos do falecido Presidente da Tanzânia, Mwalimo Julius Nyerere, Hamed Ben Bela, da Argélia e Seretse Kama, do Botswana.

Foram ainda galardoados na mesma categoria o antigo Presidente da Zâmbia, Kenneth Kaunda, presente no evento, Linda Chocker, da Bélgica, Paulette Pierson-Mathy, da Grã-Bretanha e uma legião de personalidades italianas ligadas ao processo de paz em Moçambique, Mario Raffaeli, Matteo Zuppi, Andrea Riccardi, Dina Forti e Aldo Ajjelo.

Depois foram condecorados antigos oficiais e instrutores militares chineses: Chaoxiang Chen, Fengsheng Wang, Naiyu Huang, Shaoxun Wang, Shifang Zhang e Wenqing Zhai que se dedicaram e se sacrificaram pela causa da libertação do povo moçambicano do jugo colonial rumo à independência nacional.

ORDEM EDUARDO MONDLANE

O Presidente galardoou também seis cidadãos e instituições com a Ordem Eduardo Mondlane, sendo cinco do primeiro grau e um do segundo, três dos quais a título póstumo.

Nesta categoria destacam-se Simão Lindalandolo, Giuseppe Soncini, Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), Polícia da República de Moçambique (PRM), Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE) e o antigo director do SISE, José Castiano Zumbire (a título póstumo).

ORDEM SAMORA MOISÉS MACHEL

Receberam a Ordem Samora Machel do 1º grau e a título póstumo, José Chaúma, Calisto Malido, Celestino Jocker e também a Unidade de Intervenção Rápida.

A ordem 4 de Outubro foi atribuída à Comunidade de Santo Egídio e aos cidadãos nacionais Francisco Madeira e Orlando Chirindza, pelo seu empenho e contribuição dada para a paz.

As instituições como Academia de Ciências Policiais (ACIPOL) e Instituto Nacional de Gestão de Calamidades Naturais (INGC) foram galardoadas com a Medalha Nachingwea devido às actividades em benefício da sociedade. A ACIPOL, pela sua contribuição em prol da ordem e segurança pública. O INGC pela pronta resposta e intervenções adequadas em tempo de calamidades para salvar vidas humanas.

Três oficiais receberam a insígnia de medalha de Mérito de Polícia a título póstumo pelos preciosos serviços na ordem e segurança pública: Cipriano Salégua, Manuel Chitupila e Nataniel Macamo.

Finalmente os cidadãos Abílio Awendila e Salomão Manhiça foram atribuídos a medalha de Mérito Artes e Letras, pois a cultura ocupa um lugar privilegiado e desempenha um papel central na promoção da identidade e promoção da unidade nacional e da auto-estima.

Que haja consenso e colaboração

O antigo estadista zambiano, Keneth Kaunda manifestou-se satisfeito pela ocasião de voltar a estar em Moçambique e agradecido ao Presidente da República, Armando Guebuza, pela condecoração.

Kaunda felicitou ainda o Governo, porque o país está a caminhar numa direcção certa rumo ao desenvolvimento económico e social.

A fonte manifestou o desejo de que a actual tensão político-militar caracterizada por ataques na zona centro do país venha a terminar a breve trecho, através do entendimento entre o Governo e Renamo. “Estou convicto de que o Governo está a fazer a sua parte e espero que todo o povo moçambicano colabore neste trabalho maravilhoso e magnífico”, disse Kaunda.

Acrescentou que espera que haja consenso nas conversações que vem decorrendo e se houver algo errado por parte do Governo, a Renamo deverá dizer e vice-versa.

“É a única forma de resolver qualquer tipo de conflito”, concluiu o antigo estadista zambiano.

Moçambicanos podem resolver a crise

O mediador do Acordo Geral de Paz, Aldo Ajello referiu que o país mudou completamente nos últimos 20 anos, prova disso são as inúmeras actividades rumo ao desenvolvimento para se tornar moderno.

“É uma razão de orgulho para nós pelo trabalho que fizemos, mas também para os moçambicanos”, disse Ajjelo.

Ele caracterizou o momento actual como “turbulento”, mas mostrou-se optimista que o mesmo seja ultrapassado através do diálogo. “Os moçambicanos têm capacidade de resolver esta situação. Com paciência e negociação podem chegar a acordo”, disse. Em seguida afirmou não haver espaço para o regresso da guerra em Moçambique, “pois isso não ajuda a ninguém”.”Tudo passa pela negociação e seguramente Dhlakama possui essa capacidade. Agora é preciso convencer a ele a optar pelo diálogo e largar as armas”, apelou o mediador italiano, acrescentado que o Acordo Geral de Paz foi concluído e implementado, “agora deve-se olhar para frente”.

Diálogo flexível e razoável

O Chefe dos mediares do Acordo geral de Paz, Mário Raffaelli apelou aos moçambicanos a terem capacidade de preservar as suas conquistas por via do diálogo como forma de sair da crise que se vive. Para tal, as pessoas com responsabilidade devem ser flexíveis e razoáveis.

O mediador chefe do AGP disse que neste momento, a responsabilidade para ultrapassar a crise está com Dhlakama. “Falei frequentemente com ele nos últimos meses e fiquei com a impressão de que no início a Renamo tinha questões importantes sobre a Lei Eleitoral. Agora, o pedido para a alteração nas Forças de Defesa e Segurança não faz sentido, disse Raffaelli.

“A última vez que falei com Dhlakama foi para lhe convencer a fazer o recenseamento eleitoral”, garantiu o mediador italiano.

Segundo a fonte, é preciso reconhecer que Dhlakama foi importante no processo de paz e tem todas as condições para participar no processo eleitoral que se avizinha e para que o Moçambique venha a ter um Parlamento que reflicta a realidade do país.

A vida da população evoluiu

– Verónica Macamo, presidente da Assembleia da República

A presidente da Assembleia da República disse que muito foi feito nestes 39 anos de independência nacional no domínio da Educação que conheceu uma evolução em termos quantitativos e qualitativos. Mencionou a construção de estabelecimentos de ensino de nível primário, secundário e universitário.

No sector da Saúde, destacou a área da saúde materno infantil, onde se passou a efectuar mais partos nas unidades sanitárias e consequentemente reduziu-se o número de mortes de mães e filhos pós parto.

“O desenvolvimento da comunidade conheceu um grande ímpeto ao longo dos 39 anos, sendo visível nas visitas que efectuamos às zonas rurais, onde constatámos que a vida da população evoluiu”,afirmou Verónica Macamo.

Apelou aos moçambicanos a celebrarem a unidade na diversidade e que sejam cada vez mais donos dos seus destinos. “Nesta ocasião, celebramos também a emancipação da mulher e da equidade do género, não em termos de cargos, mas sim na relação homem e mulher”, frisou a presidente da AR.

Governo tem feitos impressionantes

– Mariano Matsinha, veterano da Luta Armada

Para Mariano Matsinha, veterano da Frelimo, o fundamental é estarmos independentes. “Nós lutamos pela independência e sabíamos que haveríamos de enfrentar problemas ao longo dos anos, porque na sociedade as pessoas pensam de maneira diferente”, disse Matsinha. Acrescentou que o Governo tem realizações impressionantes na área económica e social. Com a descoberta de hidrocarbonetos, particularmente gás e carvão, o país evoluirá ainda mais nos próximos anos. “Não estou a dizer que estes dois recursos, exclusivamente, vão desenvolver o país. É preciso investir na agricultura, pesca para que tenhamos um crescimento integrado”, vincou a fonte.  

Quanto ao reacender da guerra, Matsinha mostra-se esperançado que as partes, Governo e Renamo venham a entender-se para o bem dos moçambicanos, razão pela qual estão em conversações no Centro de Conferencias Joaquim Chissano.

“Penso que caso o Presidente Guebuza receba em audiência o Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama muitos pontos de discórdia seriam ultrapassados, embora considere uma situação infeliz, mas previsível”, frisou a fonte.

Lamentamos a instabilidade que se vive no país

Venâncio Mondlane, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), lamentou o facto de o país comemorar 39 anos de independência no meio de uma instabilidade político-militar caracterizada por ataques em várias regiões de Moçambique.

Na sua opinião, esta situação representa um revés, porque uma das maiores bandeiras de Moçambique ao longo destes anos era a sua estabilidade política reconhecida e elogiada mundialmente. “Portanto, o que nós, como MDM, verificamos que esta bandeira foi rasgada. Por isso, estamos de luto, porque milhares de moçambicanos estão privados de um direito básico e fundamental, o direito à vida, criticou a fonte. 

Vamos continuar a desenvolver o país

– afirma Armando Guebuza por ocasião da passagem do 39º aniversário da Independência Nacional

O Presidente da República, Armando Guebuza apelou aos moçambicanos para que tenham confiança em si mesmos e avancem no quadro do reforço da unidade nacional. “Nestes 39 anos de independência nacional o país conheceu grandes avanços que vão desde a continuação da liberdade dos moçambicanos, através da conquista da soberania, da capacidade de defender e preservar a paz e finalmente a coragem de combater a pobreza rumo ao desenvolvimento”.

Guebuza proferiu estas palavras momentos após depositar uma coroa de flores em homenagem aos heróis nacionais na Praça dos Heróis em Maputo.

Por está ocasião, o Presidente deixou uma mensagem aos moçambicanos no sentido de não perderem a esperança e convicções, pois o Governo escolheu o diálogo para permitir que as pessoas tenham consciência das suas responsabilidades como formar de reforçar a cultura de paz nos moçambicanos.

O Chefe de Estado reiterou que a descoberta dos recursos minerais não significa a sua imediata exploração. E citou o exemplo de um cidadão que corre com sal na mão atrás de uma galinha. O resultado dessa perseguição, segundo o Presidente será infortúnio, pois perderá a galinha e o próprio sal.

Com esta explicação, Guebuza pretendia assegurar que o Governo possui políticas claras de distribuição de riqueza aos moçambicanos, através da construção de escolas, emprego e trabalho.   

Guebuza mostrou-se esperançado que o país venha a conhecer maiores índices de desenvolvimento nos próximos tempos, porque as questões básicas para o efeito estão criadas.     

O Presidente da República, que efectua, nos próximos dias, uma visita à província de Sofala, no âmbito da Presidência Aberta e Inclusiva, deixou claro que não vai se encontrar com o líder da Renamo, Afonso Dlhakama, mas sim trabalhar. “Eu não vou visitar Dhlakama, mas sim a província de Sofala”, clarificou Guebuza.

 

 

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