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MOÇAMBIQUE E UGANDA REVITALIZAM COOPERAÇÃO

O Presidente da República, Armando Guebuza, realizou semana finda, uma visita de trabalho ao Uganda, a convite do seu homólogo daquele país dos Grandes Lagos, Yoweri Museveni, tendo como objectivo principal o reforço da cooperação entre os dois estados.

Durante a visita, o estadista moçambicano também participou nas celebrações dos 51 anos de independência do Uganda, um evento no qual era convidado de honra.

 

Destaca-se ainda uma palestra sobre paz e segurança no continente que proferiu na academia militar de comandos e oficiais superiores localizada em Jinja, cerca de 80 quilómetros de Kampala.

 

No fim da visita de trabalho de três dias, Guebuza manifestou a sua satisfação, afirmando que testemunhou “a profunda amizade existente entre nós, Moçambique e Uganda”.

 

As relações entre ambos os países datam de há quatro décadas, quando Moçambique ainda lutava contra o colonialismo português e Uganda contra o regime ditatorial de Idi Amin.

 

Moçambique alcançou a sua independência em 1975 e Uganda livrou-se da ditadura de Idi Amin em 1979. Nos últimos anos, os dois países têm estado a registar progressos económicos assinaláveis, mas os laços de cooperação nunca foram além do domínio político diplomático.

 

Durante a visita de Guebuza ao Uganda, ambos os dirigentes manifestaram a sua vontade de estreitar os laços político-diplomáticos e expandir a cooperação para outros domínios, incluindo economia, agricultura, educação, infra-estruturas e saúde.

 

Para o efeito, Guebuza defende a necessidade de se ultrapassarem as barreiras geográficas e trabalharem em conjunto com vista a “encurtar a distância que separa os dois países”, afirmando que os economistas “irão dizer que Moçambique e Uganda podem encurtar ainda mais a distância que os separa ao consolidar a sua amizade, excelentes relações diplomáticas e políticas para aproveitar as inúmeras oportunidades de negócios com que foram abençoados”.

 

Nas conversações havidas entre as delegações dos dois países, foram dados os primeiros passos para “encurtar essa distância”. “Vamos criar grupos de trabalho porque a nossa comissão mista há muito que não têm funcionado e estas comissões técnicas de lado a lado vão apresentar propostas para revitalizar a Comissão Mista. Ela vai nos indicar o que podemos fazer para reactivar e intensificar a actividade económica”, referiu Guebuza.

 

Trocámos opiniões sobre o nosso estágio de desenvolvimento e sobre o que mais podemos fazer para cimentar essa nossa amizade. Vamos continuar a discutir, porque estamos preocupados, pois ainda não estamos a fazer o suficiente na área económica”, acrescentou.

 

Existem inúmeras oportunidades na área de cooperação económica, pois ambos os países apresentam muitas similaridades. Com um crescimento médio anual na ordem de sete por cento, Moçambique e Uganda integram um grupo que regista um crescimento económico mais acelerado do mundo inteiro.

 

As recentes descobertas de depósitos massivos de gás natural e carvão em Moçambique, e petróleo, gás e minério de ferro no Uganda abrem novas perspectivas de cooperação.

 

Falando quarta-feira durante as celebrações da independência do Uganda, o Presidente ugandês anunciou a possibilidade de o seu país adquirir o carvão moçambicano para a produção de energia. Contudo, a materialização dessa iniciativa passa por investimentos na área dos transportes e sobretudo na realização de estudos de viabilidade.

 

Comentando sobre o assunto, Guebuza disse: “Ele (o Presidente Museveni) falou da possibilidade. Não se exclui essa possibilidade. É por isso que o grupo que vai trabalhar, vai procurar analisar a situação de forma a ter em consideração a viabilidade do projecto”.

 

UGANDA ENALTECE PAPEL DA FRELIMO

 

Durante as celebrações da independência, Museveni dedicou parte considerável do seu discurso para falar do papel da Frelimo na libertação de Moçambique, do Uganda e de outros países da África Austral.

 

O dirigente ugandês explicou às milhares de pessoas que afluíram ao campo municipal de Rukungiri, que dista cerca de 400 quilómetros da capital Kampala, que foi a Frelimo que, a pedido do então presidente da Tanzânia, o falecido Julius Nyerere, treinou o núcleo das forças armadas do Uganda que libertaram o país da ditadura de Idi Amin.

 

O Presidente Samora permitiu-me levar grupos de ugandeses para treinarem nos campos da Frelimo em Nachingwea ou em Moçambique. Levei entre três a quatro grupos”, disse o estadista ugandês, falando no evento em que Guebuza foi o principal convidado de honra.

 

Segundo Museveni, no período de 1973 a 1978, foram treinados 28 ugandeses nos campos da Frelimo. “Esses 28 rapazes que foram treinados em Montepuez entre 1976/78 são os que nos ajudaram a constituir as forças de nove mil homens quando lutamos contra o Idi Amin”, anotou.

 

O derrube de Idi Amin foi um dos marcos importantes da história do Uganda que, para o efeito, contou com a participação das forças armadas tanzanianas, apoiadas por Moçambique.

 

Por isso, Museveni reconhece que a Frelimo teve uma “grande contribuição histórica” na luta contra o colonialismo em África.

 

Para Museveni, a vitória da Frelimo em Moçambique não só beneficiou os moçambicanos e os africanos, mas também os portugueses em Portugal, com a queda do fascismo.

 

Os portugueses não só foram derrotados em Moçambique, mas também em Portugal, onde caiu o governo fascista devido à derrota do exército em Moçambique. Por isso, a Frelimo jogou um papel um papel muito importante, não apenas na nossa libertação e de Moçambique, mas também da África Austral e de Portugal”, referiu.

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