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Imprensa deve garantir comunicação responsável para evitar conflitos

Por admin

O Vice-Presidente da Comissão Independente de Eleições da África do Sul (IEC), Terry Tselane, considera que as eleições são um evento altamente contestado na maioria das vezes, o que 

decorre de haver muita “coisa” em jogo. Resulta daí que uma comunicação responsável é, portanto, importante, uma vez que a desinformação pode levar a uma escalada de conflito. O cenário de violência pós-eleitoral que se assistiu no Quénia em 2007 é um dos exemplos mais frescos desta asserção.   

 

Tselane falava quinta-feira última, no decurso de uma Conferência Internacional sobre a Liberdade de Imprensa em períodos eleitorais, realizada no CSIR International Convention Centre, em Pretória,  África do Sul, perante cerca de três dezenas de jornalistas provenientes de diferentes países africanos com maior pendor para os da região da SADC.

“Onde a imprensa lança dúvidas sobre os resultados das eleições – legítimas ou não – a violência pode acontecer como foi visto no Quénia, em 2007, anotou o Vice-presidente da IEC da África do Sul, para quem o papel da Comunicação Social em processos eleitorais não se pode resumir apenas à cobertura da actividade de campanha dos partidos concorrentes e seus candidatos mas sim devem se preocupar principalmente com “o direito dos eleitores à informação completa e exacta”.

Isso só será possível se a imprensa gozar do direito de informar livremente e de examinar todo o processo eleitoral.
Quando os resultados eleitorais surgem gradualmente, é importante que sejam divulgados com rapidez e precisão. Esta é uma função também importante da imprensa uma vez que promove o exame público e atenua a possibilidade de manipulação do processo de contagem dos resultados eleitorais, referiu Tselane para quem o ambiente de “blackout” (mutismo) que se decretou (pelos órgãos eleitorais quenianos) em relação à imprensa, na fase da divulgação de resultados, criou precisamente espaço para a eclosão do conflito pós-eleitoral no Quénia.

Num outro momento, Terry Tselane chamou atenção para o facto de a  Internet ter operado profundas mudanças na maneira como as eleições são relatadas e de forma mais “revolucionária” ainda encontram-se os telefones celulares, que desempenham um papel na massificação de informação, especialmente através do sistema de mensagens curtas de texto, vulgo “sms´s”.
Ainda de acordo com Tselane, a violência que marcou as eleições quenianas de 2007 foi vista, em certos círculos de opinião, como tendo sido na sequência do incitamento à violência por via de sms´s.

As mensagens de texto  – e não a mídia formal – foram usadas ​​para inflamar as tensões e incitar conflitos. A Comissão de Direitos Humanos do Quénia informou que a não regulamentação da “massa de mensagens (SMS´s) foi uma das características que pesou nas campanhas eleitorais”. Mas lá está, deve-se ter em mente que qualquer tentativa do governo de proibir a cobertura da imprensa às fases posteriores da votação (sobretudo a contagem de votos) pode abrir espaço para surgimento de rumores que irão circular nos blogs e mensagens de texto. Em alguns casos, afirma-se, que os telefones celulares inteligentes (os smartphones) tomaram o lugar dos órgãos de comunicação, sublinhou. Aliás, os participantes e representantes dos diferentes órgãos de comunicação na referida conferência convergiram na ideia de que em relação à chamada “nova mídia” é quase complicado (se não mesmo impossível) regula-la que até acaba exercendo uma certa pressão sobre a “velha mídia” –  jornais, rádio e televisão.

Similarmente a imprensa internacional joga também um papel importante. Com o advento da televisão por satélite, é possível que as últimas notícias sobre uma eleição possam ser captadas por eleitores através de uma emissora internacional antes de localmente tal informação ser tornada pública pelos canais domésticos. A mídia internacional é difícil de regular e apresenta um desafio diferente a menos que sejam parte mutuamente de um acordo ou protocolos dentro do país.
Um elemento importante no ambiente de mídia é o grau de profissionalismo dos profissionais da comunicação social. Reportagens ou artigos mal pesquisados ​​e imprecisos podem pôr em causa a credibilidade de uma eleição e “podem iluminar um fusível em uma situação delicada”.
O ponto é que a deficiente ou pobre cobertura jornalística pelos meios de comunicação não é o resultado de muita liberdade de imprensa, mas a falta dela. Onde a imprensa está autorizada a operar livremente e regular-se o relato impreciso de factos noticiosos será aproveitado por órgãos rivais que difundirão informações correctas. Aí a informação correcta será capaz de lutar contra a desinformação.”

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