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Há “barulho” no INSCIG

Por admin

Onze funcionários do Instituto Superior de Ciências e Gestão (INSCIG) foram expulsos no mês passado de Fevereiro, por terem exigido que uma colega lhes pedisse desculpas por alegadamente ter servido de “pombo-correio” de informações difamatórias ao sócio-gerente da instituição.

Destes, sete são docentes e os outros estão afectos nos diferentes departamentos da instituição.

Tudo começou no ano passado, 2015, quando os funcionários desco­briram que a colega, conhecida por Olímpia, trocava correspondência elec­trónica com o sócio-gerente contendo informações relacio­nadas com os demais colegas.

Na altura, Olímpia desem­penhava a função de docente. Conta-se que no mês de Agosto, a referida docente terá enviado informações ao sócio-gerente e esqueceu-se de fechar o seu correio electrónico (e-mail).

Porque naquela instituição os computadores são partilha­dos por todos, depois de ela abandonar o local, um dos cole­gas sentou-se para usar o mes­mo computador e deu de caras com a correspondência e, pior, na qual constava o seu nome. Com a curiosidade ao rubro, o aludido funcionário apercebeu­-se de que as informações que ali constavam eram difamató­rias e que faziam referência ao dia-a-dia de cada funcionário, inclusive do director-geral.

Depois de tomarem conhe­cimento deste caso, os funcio­nários do INSCIG decidiram imprimir os e-mails para pos­teriormente assinarem e entre­gar à colega. Segundo eles, a iniciativa visava fazê-la enten­der que todos já sabiam e, por esta via, obriga-la a pedir des­culpas, uma vez que a sua ati­tude era tida como difamatória.

QUEIXA

Relatam ainda que aquela funcionária ter-se-á sentido desconfortável com a atitude dos seus colegas e terá conta­do o sucedido ao sócio-gerente que, de seguida, levou o caso à Polícia de Investigação Crimi­nal (PIC) e mais adiante para o tribunal. As duas instituições concluíram que não havia fun­damentos para incriminar os funcionários.

Mesmo assim o sócio-ge­rente não terá ficado satisfeito com o desfecho do caso e deci­diu, no último mês de Feverei­ro, suspender as actividades de todos os funcionários abrangi­dos, sem, no entanto, apresen­tar as suas razões.

Aliás, segundo relatos dos funcionários, o sócio-gerente chegou à instituição acompa­nhado pelo seu advogado e apresentou cheques referentes ao salário de um mês, para além de uma carta de rescisão de contrato.

Contam que naquela mesma ocasião mandou os funcioná­rios assinarem a carta, mas es­tes não concordaram com a de­cisão, porque judicialmente era ilegal, uma vez que, sendo fun­cionários efectivos, devia haver uma comunicação atempada e alguma referência à indemniza­ção. Mesmo perante tudo isto, aqueles funcionários foram interditos pelo sócio-gerente de entrarem no edifício onde a  INSCIG funciona.

DIRECTOR-GERAL

E OS FUNCIONÁRIOS

O director-geral do INSCIG, Vasco Lino, que reconhece a existência do problema, dis­se que foi ele quem apoiou a iniciativa dos funcionários, de fazer a impressão dos e-mails e obrigar a colega a pedir des­culpas.

Lino acusa o sócio-gerente de tomar medidas sem con­sultar os outros membros da direcção, talvez por ser sócio maioritário. Outro facto que, segundo nos afiançou, é que o tal sócio-gerente apresenta as suas decisões quase sempre de forma verbal. Raramente põe as suas decisões no papel.

O sócio-gerente está em Nacala e toma medidas sem, pelo menos, consultar aos colegas que estão a gerir as delegações. Ele contenta­-se com as fofocas que lhe chegam. Como resultado disso temos accionistas que já abandonaram o projecto, disse.

 

 Num outro desenvolvimen­to, Lino disse que depois de ter conhecimento sobre o que estava a acontecer naquela ins­tituição mandou a funcionária Olímpia suspender as suas ac­tividades, numa medida que vi­sava devolver um bom ambiente no seio dos funcionários, mas foi em vão, pois ficou a saber que a mesma, juntamente com uma outra que foi transferida de Nacala, continuam no activo.

Fiquei surpreendido quando soube que estavam a recrutar novos docentes por­que eu é que era responsável pela área académica. Mandei suspender o processo por­que não sabia quais eram os mecanismos que estavam a ser seguidos, disse.

Falando ainda sobre as con­sequências que o cenário está a trazer na instituição referiu que o instituto perdeu muitos estudantes. Actualmente é nor­mal encontrar uma turma com apenas nove estudantes, facto que não se verificava até ao ano passado.

A fonte revelou que recebeu, na última terça-feira, do sócio­-gerente, uma ordem verbal de demissão que, segundo ele, até veio a calhar. Fiquei satisfeito porque o actual ambiente da instituição estava apenas a manchar a minha imagem. Mas, exigi que fosse feito por escrito.

SALÁRIOS EM ATRASO

 

 O INSCIG tem a sua sede es­tabelecidana cidade portuária de Nacala e conta com três de­legações, sendo uma na cidade de Maputo, outra no distrito de Dondo, em Sofala, e a última em Monapo, na província de Nampula. Entretanto, o epicen­tro de toda esta trama é a dele­gação de Maputo.

Consta ainda que os do­centes afectos à sede e à de­legação de Dondo estão a en­frentar o problema de atraso de salários. Por exemplo, em Nacala, os docentes ainda não receberam os salários de 2014 e uma parte do ano de 2015, enquanto os de Dondo têm os salários atrasados desde o ano passado.

A situação está a contribuir negativamente para o prosse­guimento das aulas nessas ins­tituições, visto que uma parte dos docentes deixou de leccio­nar. Alguns destes ameaçam levar o caso ao tribunal, outros preferem continuar a exigir sem recorrer a outras instân­cias porque são funcionários públicos.

 

 É uma decisão de gestão

 

 – sócio-gerente, Pedro Tualufo

 

 O sócio-gerente do INSCIG, Pedro Tualufo, disse que o afastamento dos 11 funcionários na instituição é uma decisão meramente de gestão e não tem nenhuma relação com as alegadas trocas de correspondência com a funcionária de que tanto se fala. Aliás, sublinha que o afastamento daqueles profissionais está previsto nos estatutos da instituição. A medida vem na sequência das dificuldades financeiras que a instituição está a atravessar, diz.

Tualufo desmente que a mesma esteja relacionada com o problema gerado pela troca de correspondência entre ele e a docente Olímpia, visto que o mesmo foi resolvido pelas entidades competentes.

Realizamos uma reunião com os funcionários onde explicamos o que estava a acontecer na instituição, sobretudo na componente financeira. De seguida entregamos uma carta de dissolução de contrato para assinarem. À carta foi anexo um cheque com parte do valor de indemnização. O que surpreendente é que todos negaram assinar. Então, achamos melhor deposita-lo nas suas contas, assim no dia 16 de Abril vamos depositar a última tranche, disse.

Tualufo conta que antes de todas estas demarches dirigiu-se à Direcção de Trabalho da Cidade de Maputo para apresentar as dificuldades que a sua instituição estava a atravessar e terá sido aconselhado a se sentar com os seus trabalhadores e juntos discutirem a melhor forma de ultrapassar a situação, sem prejudicar as partes.

Foi o que fizemos, mas eles não quiseram ouvir. Abandonaram o encontro. Já tentamos convidá-los para, mais uma vez, explicar-lhes o que está a acontecer. Quando ligamos não atendem às nossas chamadas, apenas mandam mensagens com conteúdos que não posso citar em jornal ou em qualquer lugar público, disse.

Entretanto, falando sobre os problemas de salários que se verificam nas delegações, revelou que os mesmos se registavam em Nacala mas, segundo ele, já foram resolvidos. Confirmo que já tivemos o problema de salários em Nacala. Sentei com os docentes, conversamos e acordamos que a sua canalização devia ser por fases. Assim fizemos e já terminamos. Agora não temos nenhum problema relacionado com salários, concluiu.

Texto de Abibo Selemane
abibo.selemane@snoticias.co.mz

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