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Eternizar a cultura pesqueira

Por admin

O Museu de Pescas, um moderno e majestoso edifício construído de raiz à beira da Baia de Maputo, junto ao Porto de Pescas, será inaugurado esta quinta-feira pelo Presidente da República, Armando Guebuza. O mesmo servirá para eternizar a cultura pesqueira do país.

O novo edifício do Museu das Pescas, em Maputo, cujas obras arrancaram em Abril de 2012 com o lançamento da primeira pedra, está orçado em quatro milhões de dólares.

As instalações ocupam uma área de quase três mil metros quadrados e tem dois pisos. No rés-do-chão funcionam os serviços administrativos e na parte superior a sala de exposições que leva o nome de Manuel Gonçalves em homenagem ao mentor da iniciativa.

Existe igualmente um anfiteatro com uma capacidade entre 70 a 100 pessoas de acordo com a disposição das mesmas.

Segundo um documento descritivo do Museu, trata-se de um imóvel marcadamente horizontal, feito na base de blocos, madeira e vidro, inserido no meio envolvente da zona histórica da cidade de Maputo, com espaços flexíveis e versáteis, ventilados e iluminados de forma natural para evitar um alto consumo energético e dotado de soluções arquitectónicas tradutoras do ambiente aquático e dos elementos de construção naval. A pouca opacidade faz dele, poeticamente, um espaço de transição para o mar.

Ele apresenta-se como “um museu inserido noutro museu” devido à sua localização junto ao mar, à presença de pescadores e transportadores marítimos que operam na baía de Maputo, no porto de pesca, no “Anjo Voador” e na doca, para além da Fortaleza e do Museu da Moeda, com os quais partilha a Praça 25 de Junho, a praça geradora da cidade e uma das mais emblemáticas, onde ocorre, aos fins-de-semana uma importante feira de artesanato.

O Museu dá ainda um contributo do sector das pescas para a requalificação da zona baixa da cidade. As instalações e o funcionamento do mesmo permitem ainda idealizar um sistema integrado pela Casa de Ferro, Jardim Botânico, Catedral, Mercado Central e Estação dos Caminhos de Ferro como marcos importantes da cidade e constituem pontos de atracção turística para cidadãos provenientes de várias partes do mundo.

O edifício foi construído pela empresa portuguesa Teixeira Duarte.

ARTEFACTOS EXPOSTOS

No Museu das Pescas, pode-se encontrar embarcações, artes de pesca, acessórios e objectos de auxílio à navegação, pesca e aquacultura, utensílios usados pelas comunidades pesqueiras. São exemplo disso a canoa de tipo Moma, usada primeiramente na costa da província de Nampula, hoje expandida por todo o país. A Chata da Baia de Maputo e Lancha da Ilha de Moçambique são outras embarcações antigas, mas que continuam em uso.

Na galeria do Museu destaca-se ainda a Canoa de Tronco escavado e o Chitataro duas embarcações usadas nos anos 70, a primeira feita com base em troncos de uma árvore e a segunda, também conhecida por Mwala feita na base de uma palmeira.

Em termos de utensílios usados na pesca destacam-se as armadilhas, gaiolas, redes, arpões e a tocha de atracção luminosa que é usada há mais de 500 anos pelos pescadores moçambicanos.

Existe ainda um conjunto de nove painéis informativos sobre os recursos pesqueiros, artes, actividade, tipo de pescado que se pode encontrar nas águas moçambicanas, entre outros.

A actividade de investigação afigura-se, para o país, pertinente e oportuno, num contexto em que a política dos museus prevê o desenvolvimento, pelos sectores, de acções e mecanismos de valorização do respectivo património identitário. É neste contexto que surge o Museu das Pescas.

ACERVO DESENHADO

A par dos artefactos expostos no Museu, existe uma biblioteca onde está depositado todo acervo informativo e desenhado dos objectos referidos.

O objectivo do sector é preservar todos artefactos em forma ilustrada, para que caso algo se estrague ou perca-se possam fazer um novo com base no desenho.

Para operacionalização desse desiderato, as autoridades do sector foram buscar o desenhista Mário Machaule responsável pelo esboço de cerca de 80 por cento dos barcos semi-industriais que operam na baia de Maputo.

“Estou a retratar cada uma das peças que se encontram expostas no Museu para a posterioridade, fundamentalmente pretende-se ter umback up de todo material físico para que, em caso de alguma eventualidade, possamos recompor o objecto com base no desenho”, disse Machaule.

Ele explicou que primeiro faz esboço do desenho na forma inicial, depois na final para em seguida entregar ao carpinteiro a quem compete construir o barco. Em caso de alguma dúvida, o carpinteiro contacta o desenhista para esclarecimentos.

Jaime Cumbana

Fotos de Jerónimo Muianga

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