Drama de Xihaquelane

Xihaquelane foi o local escolhido pelas autoridades para acolher parte dos mais de 60 mil habitantes de Chókwè, Guijá, Lionde e Xilembene afectados pelo drama das 

inundações, fazendo daquele ponto, uma verdadeira babilónia de famílias.

Para quem vem de Maputo, rumo ao distrito de Chókwè, deixando a Estrada Nacional Número Um (EN1), na zona da Macia, estaria longe de imaginar o cenário que ia encontrar. Em cada metro quadrado há uma família, bens pessoais, viaturas de todas as capacidades carregadas de bens como geleiras, congeladores, guarda-fatos, armários, malas, entre outros. Trata-se, na verdade, de bens que conseguiram salvar da fúria das águas.

Aliás, os proprietários das fábricas de descasque de arroz que funcionam em Chókwè, quando foram alertados das descargas trataram de retirar as máquinas para Xihaquelane.

Entretanto, algumas vítimas falando à nossa Reportagem relataram as suas tristezas. “Perdi tudo. Logo que tivemos a informação das cheias, levei a minha família para Macia e eu fiquei a ver como é que isto poderia terminar. Mas a minha presença não valeu nada. Agora estou sem nada. Agora é começar de zero”, disse Iassin Ibrahimo que reside no 2º bairro, em Chókwè.

Aniceto Jeque Chiringa, residente do 3º bairro, para além de ter perdido os seus bens com as águas, desde a última terça-feira que não consegue localizar a sua família.

Havia ido para o mercado, quando voltei não encontrei a família em casa, esposa e filho de três anos. Não sei se foram arrastados pela corrente de águas ou se se refugiaram em casa de um familiar, ou ainda buscaram refúgio numa zona alta. Está difícil saber, porque deixei o telefone, disse Chiringa.