Internacional

“Bongistas” aprendem liçãodos “bouteflikistas” e aplicamgolpe à zimbabweana

TEXTO DE EDSON MUIRAZEQUE *

EDSON.MUIRAZEQUE@GMAIL.COM

Mais um golpe de Estado ocorreu em África, totalizando três neste ano de 2023. Diferentemente dos anteriores dois que ocorreram na África ocidental “francesa”, desta vez o fenómeno desceu para a África central, também francesa, isto no Gabão. Tudo aconteceu depois de o Presidente Ali Bongo ser declarado vitorioso nas eleições do domingo passado. Aparentemente cansados do clã Bongo, os militares decidiram afastá-lo do poder e cancelar o processo eleitoral. Ao que tudo indica, no seu apego ao poder, Bongo acreditava que a sua família era a única destinada a governar e a ter o controlo dos recursos do país. Essa ganância tê-lo-á impedido de ler os sinais de que o povo já estava cansado do seu clã e que os seus seguidores, os “bongistas”, já se haviam apercebido do desgaste da sua imagem. Com efeito, para continuar a ter acesso fácil aos recursos do país, e tendo lido os casos de Bouteflika e de Mugabe, os “bongistas” anteciparam-se e ensaiaram um golpe à zimbabweana para não terem o mesmo destino dos “bouteflikistas”.

Os acontecimentos em torno da figura de Ali Bongo parecem uma miscelânea do fim das carreiras políticas de Robert Mugabe, do Zimbabwe, e de Abdelaziz Bouteflika, da Argélia. Tal como Robert Mugabe e Bouteflika, mesmo com a aparente fragilidade da sua saúde, pelo menos é isso que mostram algumas imagens que têm circulado sobre a sua participação em eventos públicos, Bongo desejava e acreditava que a sua presidência era vitalícia. Ao que parece, essa vontade e crença tinham a sua razão de ser. Em 63 anos de independência, o país teve somente três presidentes, sendo que o clã Bongo governou durante mais de meio século. Primeiro foi Omar Bongo, que governou durante 42 anos, entre 1967 até a sua morte em 2009, e depois Ali Bongo, filho de Omar, que estava no poder desde 2009, há catorze anos. O facto de o seu pai ter deixado o poder somente quando foi convocado ao eterno descanso pode ter feito Ali acreditar que, também ele, deixaria o poder sob convocação divina. Leia mais…

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