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Bispos católicos confiantes nas capacidades internas

Por admin

Os Bispos da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) mostram-se confiantes no fim do diferendo que opõe a Frelimo à Renamo no que diz respeito à questão da Legislação Eleitoral e outros

 assuntos que precipitaram os recentes acontecimentos de Muxúnguè que se saldaram na morte de oito pessoas entre civis e membros das forças de defesa e segurança. 

 

Reunidos semana finda em Maputo, na sua 1ª Sessão Ordinária da Assembleia Plenária do presente ano, os bispos exortam às comunidades cristãs, homens e mulheres de boa vontade, às autoridades civis, religiosas e políticos – militares a pautarem por um espírito de diálogo mútuo, respeito e tolerância tendo em vista evitar actos de violência como os que se registaram no início deste mês em Muxúnguè, província de Sofala.

Segundo Dom João Carlos Nunes, bispo auxiliar da Arquidiocese de Maputo e responsável pelo sector da comunicação na CEM, os acontecimentos registados em Muxúnguè são fruto da intolerância política que tomou conta dos protagonistas do Acordo Geral de Paz (AGP), nomeadamente, o partido Frelimo e a Renamo.

Para Dom João Carlos, que falava numa Conferência de Imprensa, o incitamento à violência verbal e física, a injustiça, exclusão social, intimidação e arrogância são práticas que devem ser expurgadas das mentes dos moçambicanos e, sobretudo, de algumas lideranças políticas.

Na ocasião aquele prelado afirmou que certas lideranças políticas têm apregoado nos seus discursos a importância e necessidade de se preservar a paz, quando na prática fazem o contrário.

 “Nós voltamos a afirmar com todo vigor que o diálogo, o respeito mútuo e a tolerância são a única via de pôr fim às situações como as que temos testemunhado e que desembocaram na morte de pessoas em Muxúnguè”, disse João Carlos.   

Acrescentou que os moçambicanos estão cansados e têm experiências amargas da guerra que viveram durante 16 anos, que ceifou milhares de cidadãos para além de destruição das infra-estruturas sociais básicas.

 “O povo moçambicano diz não à guerra. Não à guerra “grande”, como a dos 16 anos, não à guerra “pequena” de um dia ou de uma hora. Em suma, não à guerra armada ou verbal, seja quem for o protagonista. Ninguém deve atacar, ninguém deve ser atacado, ninguém deve retaliar, ninguém deve ser retaliado, porque tudo isso é violência. O caminho justo e correcto é o diálogo franco, honesto e respeitoso”, disse Dom Carlos Nunes para quem as forças políticas no seu todo e particularmente as lideranças da Frelimo e da Renamo devem restabelecer o diálogo no âmbito do compromisso assumido em Roma, em 1992, com assinatura do AGP.

Num outro momento, João Carlos chamou atenção sobre a necessidade de os moçambicanos serem cada vez mais unidos e proactivos na exploração de recursos naturais que estão a ser descobertos um pouco por todo o país.

Segundo afirmou, não faltarão ambiciosos e gananciosos interessados em dividir os moçambicanos, usando esta questão para instrumentalizar cidadãos inocentes, colocando o país em guerra, enquanto eles exploram e drenam as riquezas para as suas origens.

“Para que isso não aconteça não devemos abrir brechas. Os problemas dos moçambicanos devem ser resolvidos pelos próprios moçambicanos, razão pela qual apelamos ao povo para que não se deixe manipular por ninguém, sobretudo partidos políticos e induzir para fazer o mal, seja de que tipo for e seja para que fim, sobretudo para praticar qualquer tipo de violência ou atrocidade”,afirmou 

Questionados sobre que interpretação dão ao facto de 20 anos após a assinatura do AGP a Renamo continuar a manter homens armados, os bispos afirmaram que tal situação era anormal, pelo que há necessidade de diálogo franco e aberto de modo a desarmar aqueles homens que não raras vezes põem em causa a circulação de pessoas e bens.

Aliás, o Arcebispo da Diocese de Maputo, Dom Francisco Chimoio, chegou mesmo a afirmar que o AGP não está ultrapassado, daí haver a necessidade de um diálogo contínuo e permanente “até porque o diálogo é um processo que não acaba”.

“O crescimento é gradual. Não se obriga uma pessoa a fazer um crescimento rápido. Devemos respeitar o ritmo que as pessoas têm, pois há pessoas mais rápidas e outras menos rápidas. Portanto, no diálogo há que considerar também esta realidade. É uma situação anómala, é verdade, mas temos que ter paciência e dar tempo ao tempo”,disse Dom Francisco Chimoio.

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