Em Foco

Acento tónico na diplomacia económica

Moçambique e Portugal assumiram o compromisso de abrir uma nova frente na esfera das relações bilaterais, mais virada para o capítulo da diplomacia económica, para incrementar o intercâmbio a vários níveis e domínios e, por conseguinte, com benefícios mútuos para seus povos.

A determinação constitui o saldo da visita de estado, que Filipe Nyusi fez a Portugal, a primeira fora do continente africano na qualidade de Presidente da República. A escolha recaiu sobre a República Portuguesa, país cujas relações datam desde períodos recuados, mas de valor frutífero às economias dos dois países parceiros.

Nyusi, cuja agenda de trabalho em Lisboa, esteve repleta de encontros, audiências e vistas a diversos empreendimentos económicos, históricos e artísticos, atribui nota positiva a maratona percorrida, até porque visava fundamentalmente lançar um sinal de aviso sobre a “agressividade” que doravante vai caracterizar as relações entre ambos países.

O primeiro momento de maior incidência de Nyusi na sua ofensiva diplomática em Portugal foi o encontro com o seu homólogo luso, Cavaco Silva, que foi antecedido da deposição de uma coroa de flores no Mosteiro dos Jerónimos, onde repousam os restos mortais de Luís de Camões, o poeta-mor da língua portuguesa.

No termo do encontro, que serviu para passar em revista o grau de realizações, o Chefe de Estado disse, em declarações a imprensa, que o país continuará a aprimorar a cooperação económica com Portugal.

“No contexto diplomático estamos bem, todavia precisamos de embarcar, de forma mais agressiva, nas relações económicas”, disse o Presidente, apontando, a título de exemplo, o facto de Portugal ter sido, nos dois últimos anos o quarto maior investidor no país.

Segundo os dados do Centro de Promoção de Investimentos (CPI), o investimento privado português em Moçambique, no biénio 2013/14, duplicou de 167 milhões de dólares para 338 milhões, que o passou a colocar aquele país europeu na posição de parceiro com mais projectos no terreno nas de áreas como construção, serviços, finanças, turismo, energias e, nos últimos tempos, no domínio do agro-negócio.

FÓRUM DE NEGÓCIOS

A delegação presidencial moçambicana, liderada por Filipe Nyusi, integrava uma legião composta por 154 homens de negócios, do sector privado, das áreas de energia; mineração; hidrocarbonetos; media; transportes; comunicação; imobiliária; agricultura; construção e restauração; serviços com o propósito de fazer a prospecção de oportunidades de parcerias.

Na manhã de sexta-feira, o empresariado moçambicano juntou-se a contraparte portuguesa para, em conjunto, estabelecerem contactos e intercâmbios conducentes à concretização do desiderato expresso pelo estadista moçambicano de atrair e levar, ao país, novos investimentos capazes de acrescentar valor à economia ainda sedenta e de “mãos abertas” aos investidores.

“A agenda de desenvolvimento que desenhamos tem no centro da sua implementação a expansão do empreendedorismo, do sector privado, e do empresariado, centrando-se no desenvolvimento humano”, explicou o Presidente, anotando que o seu governo continuará a privilegiar uma política governativa de consolidação orçamental que levou ao crescimento, do PIB anual, de sete por cento.

O Primeiro-ministro luso, Passos Coelho, orador na sessão de abertura, destacou, por seu turno, o salto quantitativo do investimento português, em 2014, que atingiu 336 milhões de dólares, montante mais representativo desde 2009.

Segundo Coelho, no período entre Janeiro e Abril, as exportações portuguesas para o país atingiram 119 milhões de euros, um aumento em 30 por cento quando comparado ao mesmo período de 2013. Ainda no período em análise, as importações atingiram 6,4 milhões de euros.

Desta feita, disse estar convicto que as empresas portuguesas, quer a título individual quer através de parcerias com as congéneres moçambicanas, saberão tirar partido do clima económico favorável que de o país dispõe, numa dinâmica de interesses e benefícios mútuos, existentes nas áreas de crescimento.

NYUSI “RASGA PAPEL”

NA PORTUCEL    

O presidente efectuou uma visita ao complexo industrial da Portucel, em Setúbal, que vai inaugurar, em Setembro próximo, o maior viveiro de plantas em África com uma capacidade anual inicial de 12 milhões de plantas, nas províncias de Manica e Zambézia, em Moçambique, número que poderá duplicar em 2016.

No quadro das várias actividades inseridas no projecto está prevista a implantação, em Moçambique, até ao ano 2023, de uma fábrica de produção de pasta da celulose, matéria-prima usada na produção de papel, um investimento orçado em 2,6 mil milhões de dólares.

Nyusi transmitiu o gesto de confiança ao afirmar que o projecto se enquadra no ciclo da governação que preconiza a industrialização do país. Através do projecto, pretende-se, tanto da planta quanto da produção, promover o desenvolvimento e não pura e simplesmente a produção do papel.

Aliás, o mesmo empregará milhares de moçambicanos a partir da plantação, que está a ser desenvolvida numa extensa área, porquanto não há dúvida que vai ocupar os concidadãos das duas províncias onde está em desenvolvimento, assim como gerar benefícios directos e indirectos.

Antes do apagar das luzes na sua agenda, Nyusi manteve um encontro com os membros da comunidade moçambicana residente em Portugal, estimada em pouco mais de três mil pessoas, onde avultaram queixas relacionadas com o custo das passagens aéreas na única transportada que estabelece ligações directas entre Maputo e Lisboa; a possibilidade de contagem de tempo para a reforma; a descriminação a que estão sujeitos alguns concidadãos na embaixada, só para citar alguns exemplos.

Presidente nyusi

em visita oficial à frança 

O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, efectua, a partir de hoje até dia 21 de Julho corrente, uma Visita de Oficial à República Francesa, a convite do seu homólogo, François Hollande. A visita do Chefe do Estado moçambicano tem por objectivo o reforço das relações de amizade e cooperação existentes entre os dois países. Durante a visita, o Presidente Nyusi vai manter encontro com o seu homólogo francês, François Hollande, no qual deverão passar em revista o estágio actual da cooperação bilateral, bem como identificar novas oportunidades de estreitamento das relações entre Moçambique e França.

Consta ainda da agenda do Chefe do Estado moçambicano uma reunião com a Confederação do Empresariado Francês, encontro com a comunidade moçambicana residente naquele país europeu, bem como visitas a locais de interesse social e económico. Nesta visita, o Presidente Filipe Nyusi faz-se acompanhar pela Esposa, Isaura Ferrão Nyusi, pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, do Mar, Águas Interiores e Pescas, Agostinho Salvador Mondlane, da Indústria e Comércio, Ernesto Max Elias Tonela, da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia pelo Embaixador de Moçambique na França, Alexandre Zandamela, por uma Delegação de Empresários moçambicanos, Quadros da Presidência da República e de outras instituiçõesdo Estado.

 

  

Por Leonel Muchano, da AIM, em Portugal
Foto de Armando Munguambe

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo