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Sobre a epopeia dos agradecimentos e despedidas

Por admin

O Presidente Guebuza, iniciou em Lichinga, Niassa, a Edição 2014 da Presidência Aberta e Inclusiva, depois escalou Cabo Delgado. Esta semana esteve na Zambézia, encontrando-se agora em Nampula. É uma viagem epopeica, que irá abranger todas as províncias, numa missão especial para o reconhecimento e agradecimento aos governos locais, a vários níveis, e à população pelo seu contributo na consolidação da Unidade Nacional, pela sua entrega em acções de desenvolvimento, nos últimos dez anos, e, sobretudo pela sua inestimável manutenção do clima de paz em Moçambique.

É também uma viagem em que o Chefe do Estado aproveita para se despedir do seu povo, que o elegeu para conduzir os destinos do país, nestes dois mandatos consecutivos que daqui a alguns meses terminam.

É uma viagem de facto épica, em que o Presidente aproveita para se despedir do camponês e da camponesa que os conheceu numa aldeia remota, do régulo que o conheceu no início do seu primeiro mandato, da enfermeira e do professor com quem entabulou conversa, noutra ocasião, da criança que pegou ao colo à nascença e que agora vai à escola. Da anciã, que vibrou em “nkulunguana” em Furankungo ou noutra região. Ele se despede de toda a gente com quem dialogou em comícios, desde a capital provincial, distritos, postos administrativos, localidades, aldeias, povoados.

Na prática, pode-se dizer que o Presidente se despede de gente que ele conhece. Conhece as suas preocupações, mas também as suas alegrias. Conhece o seu modo de ser, mas também os seus sonhos e aspirações. Ele, que calcorreou todo o país de lés-a-lés, ao longo destes dez anos de governação, é uma figura que o povo conhece e adora, por isso encheu-lhe os comícios nas suas deslocações nesse seu estilo de governação consubstanciada nas presidências abertas e inclusivas.

Foi com ele que se definiu uma das estratégias do desenvolvimento do povo moçambicano, a começar na luta contra a pobreza, elegendo-se o distrito como pólo do desenvolvimento. O distrito foi definido como base, laboratório, pólo de arranque. A este nível conhecem-se com facilidade as pessoas, as suas necessidades e vivências, assim como as respectivas capacidades para gerarem sustentação. Neste ambiente, se podem desenvolver iniciativas concretizadas em pequenos projectos e materializar-se uma cultura de trabalho, tendo como primeira preocupação a erradicação da fome e da doença, ou seja, a construção da saúde em sentido amplo. Neste ambiente se pode enraizar a solidariedade com fundamento no facto de sermos todos sócios uns dos outros, característica indelével com que a natureza nos marcou. Neste ambiente se pode começar por construir o desenvolvimento sustentado.

A sua filosofia foi sempre de que para acabar com a pobreza, criando condições para a respectiva erradicação, é imperativo começar pela base. Somos uma população maioritariamente camponesa sobre a qual pesa, predominantemente, o estigma da pobreza e esta população colhe-se, com mais precisão e facilidade, no espaço distrital.

Da pobreza para o desenvolvimento sai-se através do trabalho com características de rentabilidade, sejam elas ao nível do empresariado, ao nível cooperativo, familiar ou individual. Por conta própria ou conta de outrem. Nestas viagens e contacto com o povo, falou sempre da cultura do trabalho. “Nada cai do céu. Temos que acabar com o hábito de mão estendida”, disse sempre para quem o quis ouvir. É que sabe que o trabalho é a causa eficiente da produção, sendo o capital, um seu instrumento, se bem que imprescindível.

Por conseguinte, para acabar com a pobreza, que é como quem diz em linguagem positiva, para construir o desenvolvimento, há que investir no trabalho, em primeiro lugar. Mas não de qualquer maneira, se não a emenda acabará por ser pior que o soneto.

Nos seus dois mandatos, o Governo resolveu assim dotar os distritos de uma verba de tipo orçamental concretizada em sete milhões de Meticais, que depois foi reforçado. Impulsionou o desenvolvimento de infra-estruturas, entre outras acções.

Com efeito, o Presidente da República, cujo contacto directo com as populações constitui metodologia de governação, achou que o combate à pobreza, que é, como quem diz, o desenvolvimento sustentado, só pode ser levado a caso com êxito duradoiro, se cada uma das pessoas se capacitar de que é com o trabalho que se vencem os obstáculos. É, com efeito, o trabalho a causa eficiente da produção.

Armando Guebuza, que já, quando comissário político, havia contactado com as pessoas, quer nas cidades, quer no Moçambique profundo, percebeu que a receita, para sair do subdesenvolvimento, é a mesma  que se aplica em todas as situações, adaptada, porém, de acordo com as especificidades dessas mesmas situações.

 

Nesta hora de agradecimentos e adeuses, que se vai prolongar nesta Edição 2014 da Presidência Aberta e Inclusiva (PAI, podemos dizer em jeito de resumo e olhando para toda a sua governação, que Armando Guebuza foi parco em promessas, embora rico em iniciativas. Não se pode acusá-lo de demagogia, nem de incumprimento de promessas, porque raramente as fez e, quando as faz, foi em termos muito genéricos.

Quando da sua tomada de posse, para o primeiro mandato, e já nos tempos da campanha eleitoral, adoptou como um dos motes mais martelados, a necessidade premente de combate sem tréguas contra a pobreza absoluta. Um pouco mais tarde, viria a anunciar que  a base desse combate, rampa de lançamento ou trincheira, começa pelo distrito. Percorreu-os, quase todos, de norte a sul, tomou contacto directo com as populações e entendeu que, para o distrito ser uma realidade no combate pelo desenvolvimento humano, era imperiosa uma certa liberdade financeira. E, contra os descrentes na capacidade do povão, resolveu atribuir, como acima referimos, a cada distrito  7 milhões de meticais. Surgiram críticas de todo o lado, baseadas na impreparação das autoridades distritais, mas Guebuza convencido de que se aprende a nadar, nadando, em vez de retroceder, resolveu subir a parada. E cantou vitória.

Uma das características de Armando Guebuza é a confiança que deposita nas pessoas e nas suas capacidades para se desenvolverem e criarem condições de desenvolvimento. A aposta nos distritos começou por se a aposta nos líderes distritais a quem incentivou e pediu responsabilidades.

Um dos cavalos de batalha de Armando Guebuza foi contribuir para que os moçambicanos se auto-estimem e trabalhem afincadamente.

Como referimos, está convencido que a luta contra a pobreza é tarefa enorme, que demora tempo, mas que só se vence através do trabalho, mediante o domínio da ciência e da técnica e de que somos nós, cada um dos moçambicanos, que deve criar a riqueza para si e para a comunidade. Digamos que Guebuza definiu, com clareza, as prioridades

Ainda faltam alguns meses para terminar o seu último mandato, mas podemos arriscar afirmar que Guebuza vem sendo um digno continuador de Eduardo Mondlane, Samora Machel e Joaquim Chissano, todos eles caldeados na dinâmica da Frelimo, primeiro, uma frente, depois, um partido com capacidade enorme de adaptação às mais diversas circunstâncias, sabendo distinguir a essência da mensagem doutrinária, das cristalizações históricas.

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