Início » Política de memória curta

Política de memória curta

Por admin

A semana finda foi marcada pela realização do segundo frente-a-frente entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama. Há quem chame este tipo de encontros “diálogo político”. Que seja.O mais importante é que foi oportuno e de extrema utilidade para distender a tensão politica que se reinstalara no país no período imediatamente a seguir as eleições gerais de 15 de Outubro de 2014, cujos resultados foram oficial e amplamente divulgados pelos órgãos competentes.

Outros tantos “diálogos políticos”tiveram lugar entre Dhlakama e os antecessores do Presidente Filipe Nyusi nomeadamente Armando Guebuza e Joaquim Chissano. Em quase todos eles o leitmotiv era a busca dos melhores caminhos conducentes a preservação de um ambiente de harmonia e paz duradoira.

Uma paz que estremece cada vez que a Renamo perde as eleições pois o seu líder, no tom e jeito que já nos habituou, (re)toma o estribilho da fraude eleitoral e quejandos. Como diria o economista e filosofo canadense John Kenneth Galbraith “nada é tão admirável em política quanto uma memória curta”.

Gozando e abusando do facto de a Renamo ser o único partido político no país e, se quisermos no mundo, que tem ilegalmente homens armados, Afonso Dhlakama passa a vida a fazer discursos belicistas que atentam a paz e violam, no espírito e letra, o Acordo Geral de Paz (AGP), que ele próprio rubricou, e até mesmo as mais elementares regras de convivência humana num mundo civilizado…se bem que os sábios já alertavam para o perigo de negociações reiteradas com os mesmo cangaceiros, que tendem a desrespeitarem as suas assinaturas!

Aliás, num passado muito recente o líder da Renamo não se coibiu em ordenar as suas forças residuais a perpetrarem ataques militares contra civis indefesos e suas propriedades, unidades militares, infra-estruturas públicas, de entre outros. Tudo isto para tentar mostrar que a paz em Moçambique está refém do seu bom ou mau humor!

Em termos substantivos não conhecemos na sua plenitude o teor das conversações havidas entre o Presidente Filipe Nyusi e o líder da Renamo. O certo é que no final dos dois encontros as partes abraçaram-se e deram-se um forte aperto de mãos e afirmaram, em ocasiões separadas, que estavam satisfeitos com os resultados alcançados. Ambos expressaram o seu compromisso em manter a paz no país. Foi a partir destes encontros que o líder da Renamo deu um volt face e decidiu “autorizar” os 89 deputados eleitos para a Assembleia da Republicae os 294 membros das Assembleias Provinciais a tomarem posse.

Que o diálogo é um dos condimentos imprescindíveis nas relações humanas estamos totalmente de acordo. Mas este deve ser, como sempre pontuou o Presidente Nyusi, um “diálogo sem pré-condições” e nós acrescentamos: um diálogo inclusivo a outros actores políticos, sociedade civil e demais forças vivas desta sociedade moçambicana. Os moçambicanos merecem viver em paz efectiva e em harmonia para unidos concentrarem-se no desafio da erradicação da pobreza do solo pátrio. 

Pensamos que Afonso Dhlakama ainda não lhe foi dito que o Estado Democrático (já que arvora-se ser o pai da Democracia em Moçambique) é um instrumento criado para servir aos interesses do homem e não o contrário. Esse homem abdica de seus interesses egoístas e submete os seus interesses compartilhados, sob uma óptica generalista e universal, a um ente que será ao mesmo tempo juiz e promotor de sua realização, um garante e um mediador de esforços comuns.

Por último mas não o menos importante, entendemos que o líder da Renamo não perderia nada em assumir uma postura condicente com a de um Estado democrático e de Direito, onde o império é da Lei, e os órgãos de soberania são igualmente respeitados.“Impor” sistematicamente que altos magistrados desta Nação se desloquem ao seu encontro na “sombra” ou “esquina” que ele bem entender é, convenhamos, aborrecido.

 

 

Você pode também gostar de:

Leave a Comment

Propriedade da Sociedade do Notícias, SA

Direcção, Redacção e Oficinas Rua Joe Slovo, 55 • C. Postal 327

Capa da semana