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O plástico que nos sufoca

Por Idnórcio Muchanga

O Homem é lobo do Homem. A metáfora quer dizer que o Homem é um animal que ameaça a sua própria espécie. O que a máxima, celebrizada por Thomas Hobbs, sublinha é a capacidade destruidora do ser humano contra os seus; o Homem teria por instinto o impulso de usurpar o que é do outro, colocando-se acima dos demais e tendo como prioridade máxima o bem-estar individual, ao invés do colectivo.

A célebre frase é aqui convocada por causa dos estragos que o plástico está a causar ao meio ambiente. As Nações Unidas já alertaram para os problemas resultantes do consumo de embalagens e outros utensílios de plástico de maneira indiscriminada e irresponsável; o sector pesqueiro, que abandona redes e materiais de pesca nos mares; a gestão inadequada de resíduos sólidos, que anualmente depositam cerca de 13 milhões de toneladas de plástico nos oceanos.

No nosso país, este problema está a tornar-se preocupante; as campanhas de limpeza realizadas nas nossas praias alertam-nos para a urgência de tomada de medidas duras contra o uso abusivo do plástico. Toneladas de derivados de plástico são recolhidas durante as campanhas, mas também são reportados casos de animais marinhos, incluindo aves, encontrados enrolados em produtos plásticos ou sufocados pela ingestão de plásticos.

Os alertas têm de ser levados a sério. Quase todo o lixo que entope os oceanos, de 60 e 90 por cento, é composto por plásticos, como sacolas, garrafas. Todos os anos, 8 milhões de toneladas de plásticos vão parar nas águas, segundo dados da ONU Meio Ambiente. Cientistas receam que a breve trecho haja mais plástico do que peixes nos mares, o que configura uma ameaça à sobrevivência de milhões de pessoas que têm no mar a sua principal fonte de sobrevivência, fora todos os outros inconvenientes daí resultantes.

Quem fala de plástico fala de garrafas de vidro e outros desperdícios não degradáveis naturalmente. Parte do plástico e garrafas volta a ser reutilizado por via da reciclagem mas a maior parte é atirada de qualquer maneira. Em Maputo, só para citar um exemplo, os escoadores de águas das chuvas têm a sua capacidade reduzida por conta do plástico.

A má gestão dos resíduos constitui-se como um grande desafio quer para os fabricantes, quer para os consumidores, quer para o Governo que tem a missão de implementar políticas conducentes à criação de condições objectivas para a diminuição do uso abusivo do plástico, quer para a instalação de indústrias que tenham na reciclagem o seu objectivo fundamental ainda que só uma parte ínfima chegue a esse estágio de reutilização.

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