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Educar a mulher é educar a Nação

Por admin

A epidemia de SIDA em Moçambique tende a atingir mais raparigas, sobretudo em torno dos 15 a 24 anos de idade (ler artigo na página 13). Sensibilizado com a situação, o Governo moçambicano adoptou, na luta contra a epidemia, o lema “proteger o adolescente e o jovem do HIV e SIDA é garantir um Moçambique saudável”.

Pese embora a taxa de seroprevalência nacional se mantenha estacionária há sensivelmente três anos, em torno dos 11.5 por cento, são efectivamente raparigas entre os 15-24 anos que são as maiores vítimas de novas infecções.

Os números falam por si: a prevalência do HIV em adolescentes na faixa etária dos 12-14 anos é estimada em 1.8 por cento, sem grandes diferenças entre raparigas e rapazes. Por outro lado, dados do INSIDA indicam uma prevalência de HIV nos jovens de 15-24 anos de 7.9 por cento, sendo três vezes maior nas raparigas (11.1 por cento) que nos rapazes (3.7 por cento) com algumas províncias com diferenças ainda grandes.  A província de Gaza tem seis vezes maior nas raparigas (19,2 por cento) que nos rapazes (3.3 por cento); Sofala cinco vezes maior nas raparigas (20,8 por cento) que nos rapazes (4.4 por cento).

Concorre para estas infecções a falta de conhecimento correcto sobre a transmissão e prevenção de HIV, destacando-se aqui a necessidade de educação para o HIV e saúde sexual e reprodutiva.

Tal educação deve incidir sobretudo sobre a mulher, a maior vítima segundo os dados estatísticos, havendo necessidade de diálogo franco e aberto, na escola, na família, na sociedade, sobre matérias ligadas à sexualidade uma vez sabido que grande parte das infecções resulta de relações sexuais desprotegidas.

As escolas têm o potencial de fornecer educação detalhada sobre HIV e SIDA e outras questões de saúde sexual. A luta pela educação da mulher deve assentar no esforço em curso na luta pela igualdade no acesso à escola por rapariga e rapazes.

Felizmente, são conhecidas as barreiras para a prevenção de HIV entre adolescentes e jovens: baixo conhecimento sobre HIV e saúde sexual e reprodutiva, limitado acesso aos serviços de HIV, desigualdade de género e vulnerabilidade ao HIV.

Curiosamente, sobre a última barreira, o Governo refere que em 2013, a nível global, dois terços dos adolescentes com idade entre 15 e 19 anos, que foram diagnosticados com HIV eram meninas.

As raparigas são mais vulneráveis ao HIV por várias razões: menor nível de conhecimento do HIV e baixa taxa de ingresso na escola e de conclusão da escola secundaria.

Neste ponto é de aplaudir a aprovação recente, pelo Governo de Moçambique, do Plano Estratégico de Combate ao HIV e SIDA, 2015-2019. Com efeito, o plano define acções para reduzir a incidência da infecção pelo HIV nos adolescentes e jovens, particularmente entre raparigas de 15-24 anos, e reconhece a necessidade de reforçar a educação para a prevenção desde os 10 anos de idade.

Reiteramos que se o Governo tem como principal objectivo relançar os esforços para Moçambique alcançar a meta de uma geração livre do HIV, deve olhar para a rapariga com outros olhos, pois diz o adágio popular, educar uma mulher é educar uma Nação.

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