“Directo, por isso concrecto; humilde; a falar sobre questões quantificáveis e verificáveis, como devia ser qualquer Engenheiro”, são palavras que pedimos emprestado ao professor Joaquim Alberto Nota, a trabalhar na escola primária completa do bairro Mateus Sansão Muthemba, na cidade de Tete, a quem solicitamos que se pronunciasse à volta do discurso do Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, sobre o Estado da Nação, nestes últimos 11 meses, em que ele esteve à frente dos milhões de moçambicanos, como seu timoneiro na sequência do veredicto de 15 de Outubro de 2014.
O professor Nota diz ainda: “temos que acarinhar Nyusi, temos Presidente, que me lembrou Samora Machel logo que ele se fez à Assembleia da República, como se adivinhasse o que viria dizer a seguir! Quando anunciou o indulto a favor dos 1000 cidadãos, que apesar de estarem em conflito com a lei, estão debilitados ou pela idade ou pela severidade de doenças de que padecem ou ainda porque hajam cumprido metade das suas penas, com um comportamento exemplar, razão porque estejam em liberdade condicional, ai senti arrepios de quem estava ouvir o que esperava e nunca vinha. Acrescentei à minha lista de adjcetivos com o humanismo que respira pelos poros do nosso Chefe de Estado”.
Como o professor Nota, temos mais cidadãos de diferentes ocupações profissionais (vide página 4 e 5 deste edição) de diferentes províncias do nosso país, que se contentaram com o discurso, por não ter inventado nada sobre como os moçambicanos viveram os 11 meses. Por não se ter deixado levar pela tentação sempre presente de teorização das variadas facetas da vida nacional, com números impossíveis de cifrar, longe de espelhar a cara humana que eles deviam representar.
Dito isto, não nos resta mais nada do que alinharmos com a opinião prevalecente de que gostamos de ouvir do Chefe do Estado, em primeiro lugar, a dizer quese lhe perguntasse se estava orgulhoso pelo que o Chefe de Estado e o Executivo que formou fizeram, responderia que sim, tal como não fugiu à responsabilidade do que ainda não foi possível fazer. Daí, a famosa frase “não estamos ainda satisfeitos.
Filipe Nyusi não precisou de impor ao país e de forma artificial o qualificativo de “bom”, referindo-se ao Estado da Nação, porque materialmente essa Nação haveria de o contradizer. Ai, perguntar-nos-íamos para que serviram as visitas de contacto com a realidade do país, interagindo com o povo em todas as capitais provinciais, em 45 distritos, em cinco postos administrativos, nas quatro localidades, na única povoação em que esteve e nos 24 municípios. Perguntar-nos-íamos para que serviu o trabalho com diferentes grupos da sociedade, nomeadamente, jovens, mulheres, professores, académicos, artistas, agricultores, extensionistas, combatentes, pescadores, vendedores informais, autoridades comunitárias, associações de mineração, líderes religiosos e com jornalistas. Concluiríamos, então, que o PR está equivocado.
Depois deste gesto de honestidade intelectual que reflecte ao mesmo tempo, parafraseando o nosso professor, aparentemente anónimo, humildade, vimos deitados abaixo quaisquer possíveis argumentos dos seus detractores. O julgamento a um confesso não leva tempo ou, na melhor das hipóteses, não se realiza. Apela-se para o que há a fazer em face da realidade objectiva dos factos.
Há-de ser por isso que a seguir ficou fácil entendero resto, a partir dos factores que influíram no desempenho. Aliás, o próprio Presidente disse que eraimperativo referir que vários factores contribuíram para que o desempenho não fosse ao ritmo do desejado.
Há-de ser por isso que quando falou das calamidades naturais que assolaram o país, causando prejuízos materiais directos e indirectos incalculáveis, cenário que resultou na revisão, em baixa, do Produto Interno Bruto, para 7%, em comparação com os 7.5% inicialmente projectados, não entrou dum ouvido e saiu do outro;
Há-de ser por isso que quando sublinhou que a baixa generalizada de preços dos principais produtos de exportação como alumínio, algodão, gás, carvão e açúcar, que reduziram em 9.3 % o nível das nossas exportações, particularmente agravada pelo aumento de preços do que compramos fora, não causou estranheza.
Não é difícil ouvir, de quem não está a mentir e se veste de total insignificância perante o seu patrão, visto como o povo moçambicano, a dizer sinceramente que não tem comando sobre os factores financeiros que determinam a situação mundial.
Uma aula administrada deste modo anima: com princípio, meio e fim, com o doseamento necessário à medida da grande turma que constituímos como país, para que a mensagem chegasse a todos os moçambicanos, estivessem na Assembleia da República, em Chokwé ou Tete, em Nampula ou Balama, segundo nos demonstram os compatriotas que se pronunciaram a este respeito.
O resto, quanto a nós, só pode ser uma leitura propositadamente distorcida, partindo de quem pensa que o virar a realidade dos factos às avessas é a forma apetitosa de fazer politica, para quem, também serve o seguinte trabalho de casa (TPC) ao jeito do quotidiano escolástico, já que o Presidente diz ter chegado o momento de escolhermos onde queremos estar nos próximos anos, que país queremos deixar como herança para os nossos filhos e netos, tendo em conta que o muito desse legado nasce das decisões políticas e económicas que fizermos hoje.
Sendo assim, fazemos o coro a Filipe Nyusi, pois se queremos um futuro diferente, devemos saber questionar o presente que vivemos, visto que há perguntas que precisamos de fazer que têm a ver, primeiro, com a construção da Paz e da Unidade, nomeadamente:
Será que (I) vamos continuar a arrastar ameaças ou desentendimentos internos que colocam moçambicanos contra moçambicanos (II) se vamos manter conturbações que arruínam o presente e comprometem o nosso futuro comum ou (III) será que existem dois futuros diferentes para os moçambicanos que, por qualquer razão, têm pontos de vistas diferentes, e, finalmente se (IV) é tão difícil optar pelo bom senso e unirmo-nos no propósito comum de construirmos uma Nação que seja a casa de todos moçambicanos?