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Alívio não significa fartura

Por Idnórcio Muchanga

O Governo moçambicano anunciou na semana passada um significativo alívio das medidas de restrição de abastecimento de água para o consumo das populações da Área Metropolitana de Maputo, que engloba a vila autárquica de Boane, as cidades da Matola e Maputo. Entretanto, foi ressalvado que o alívio nas restrições não significava automaticamente que as áreas abastecidas pela Estação de Tratamento de Umbeluzi (ETA) gozavam de total liberdade para uso desbaratado da água.

A Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos vincou que o caudal na bacia do Rio Umbeluzi registou, desde o mês passado, um aumento de 32 por cento, passando o nível de encaixe da Albufeira dos Pequenos Libombos para 122 milhões de metros cúbicos. Aquela cifra registada naquela que é considerada a principal fonte de abastecimento de Maputo resulta de um incremento de 18 milhões de metros cúbicos oriundos de eSwatini, resultante de um entendimento diplomático entre o Presidente Filipe Nyusi e o monarca Mswati III.

Importa salientar que o aumento do caudal permitiu também aumentar em cerca de 15 por cento a quantidade de água destinada para o sector agrícola, uma das actividades de rendimento intensamente desenvolvida junto às margens da bacia do Umbeluzi.

Ora, é importante reter que o facto de se aliviarem as restrições não significa que passamos automaticamente a ter fartura e que, por via disso, podemos passar a usar a água de qualquer maneira. Há várias razões para continuarmos a usar a água com responsabilidades acrescidas. Primeiro, não se sabe se haverá precipitação satisfatória na próxima época chuvosa (que só deverá acontecer dentro de sensivelmente quatro meses). Segundo, a escassez de água é cada vez mais notória em muitas partes do Globo fruto das chamadas mudanças climáticas, associado ao facto de não termos praticamente nenhuma capacidade de retenção e armazenamento daquele líquido.

Isto equivale a dizer que se a próxima época chuvosa manifestar-se abaixo do normal ‒como tem vindo a acontecer há mais de três anos ‒a escassez de água para alimentar o minguado caudal da bacia do Umbeluzi pode continuar a ser fonte de preocupação para as pessoas que se beneficiam de água tratada na ETA.

Racionalizar o uso da água é a palavra de ordem pela qual devem alinhar os beneficiários, o qual não pode ser descurado, sobretudo, nesta altura em que se ouve o alarme relacionado com os efeitos negativos das alterações climáticas, que têm no fenómeno “El Niño” o expoente mais alto, resultando em escassez de precipitação, associado ao aumento do aquecimento da atmosfera e de abundantes secas em muitas regiões do Planeta.

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