Terceiro operador impulsiona desenvolvimento local

O acesso aos serviços de telefonia móvel por parte dos moçambicanos continua a ser um problema, particularmente nas zonas rurais, devido à baixa densidade populacional, associada aos

 elevados custos de investimento, para fazer chegar os serviços de telecomunicações às zonas recônditas.

Apesar de Moçambique ter uma das redes de transmissão em fibra óptica mais avançadas da região da SADC, os seus preços são proibitivos pois, o custo conectividade nacional é estimado em sete mil dólares por mês para uma conexão dedicada (E1 de 500 Km, isto é 2Mbps). Esta cifra revela-se como uma barreira significativa para a expansão dos serviços móveis e de internet para os distritos.

Antes de 2012 existiam três operadores de telefones, sendo um de telefonia fixa com cerca de 78 mil clientes, em 2008, e dois operadores de telefonia móvel com cerca de quatro milhões de clientes.

O aumento de intervenientes no mercado de telefonia móvel tem sido particularmente impressionante, chegando a atingir 20 por cento da população total de Moçambique, em menos de dez anos, e confirmando o impacto das reformas tecnológicas conduzidas pelo mercado. A cobertura de vários distritos com serviço de telefonia fixa e móvel situava-se, até Abril de 2009, em 85 por cento e 91 por cento, respectivamente.

Dados disponíveis indicam que ao longo dos anos foi se construindo, a nível nacional, uma espinha dorsal de transmissão de dados em fibra óptica, que cobriu o país até às capitais provinciais. O enfoque de investimentos futuros será na criação de anéis de redundância a nível regional e continuar a expandir para chegar a mais sedes dos distritos.

Telefonia para populações de baixo rendimento

O Governo de Moçambique, por via de um concurso público, tornou possível a entrada do terceiro operador no mercado nacional, cujo foco são as populações de baixo rendimento. Dados em nosso poder indicam que a referida empresa terá investido 177 milhões de dólares americanos, dos quais 99 milhões em equipamento e 78 milhões em injecção do capital.

Em Maio de 2012 esta empresa representava 70 por cento de todos os sistemas de fibra óptica em Moçambique e cobria 105 dos 128 distritos do país, tendo conseguido 415 clientes do serviço pré-pago. Em Maio de 2013, ou seja, um ano depois de ter iniciado a sua actividade, conta com 2 milhões de clientes o que representa cerca de 20 por cento do mercado.

Uma das iniciativas inovadoras deste novo operadordo mercado das telecomunicações foi o acordo de partilha de infra-estruturas com a empresa Electricidade de Moçambique com vantagens recíprocas para as duas empresas e ganhos para o consumidor.

Segundo o Instituto Nacional da Comunicações de Moçambique, instituição reguladora da área das Telecomunicações, um dos impactos imediatos e assinaláveis da entrada em funcionamento do Terceiro Operador de Telefonia Móvel foi a redução do preço ao consumidor pois. entre os anos de 2010 e 2011 o custo do impulso por minuto era de 0,20 cêntimos de dólar americano e, em 2012, o custo diminui para 0,16 cêntimos do dólar americano.

A fibra óptica desta nova empresa estende-se pelas províncias do país numa extensão de 12.600 km, permitindo que cidadãos que vivem em zonas recônditas tenham acesso aos serviços de telefonia móvel

Dados colhidos no Ministério da Educação indicam-nos que no âmbito da sua responsabilidade social, a nova empresa de telefonia móvel instalou Internet em 3.500 escolas públicas e privadas em vários distritos do país, permitindo que muito mais cedo as crianças pobres tenham possibilidade de aceder às nobres tecnologias de informação e comunicação. Na mesma senda, beneficiou o Ministério da Defesa Nacional com um sistema de vídeo-conferência.

Em conversa recente com a presidente do Conselho de Administração do Terceiro Operador de Telefonia Móvel, Safura da Conceição, soubemos que a empresa tem um plano de ligar 4200 escolas a sua rede de Internet e que vai continuar a investir na infra-estrutura para atingir a meta de 3.200 antenas (2G e 3G) e 20 mil quilómetros de fibra óptica.

Para estender o seu leque de beneficiários directos, nas zonas rurais, a empresa tem estado em contacto com a ORAM, uma Organização Não-Governamental que opera na área da Agricultura, tendo como objectivo beneficiar mais de 30 mil camponeses com serviços ligados às tecnologias de informação e de comunicação.

Impacto a nível do consumidor

Recentemente, a nossa Reportagem visitou a localidade de Djavula, no distrito de Matutuíne, província de Maputo, onde existe uma floresta com diversas espécies de plantas, algumas das quais raras e por isso, protegidas a nível regional e mundial.

Naquele povoado, conversamos com Salomone Tembe, um camponês que combina a produção alimentar com o fabrico de carvão, o qual revelou que “para mim, o telefone é um dos maiores milagres do mundo. Aqui em Djavula, éramos vítimas de roubos constantes de sacos de carvão que deixamos no mato. Com o telefone, as coisas mudaram pois, os guardas florestais de Indane informam-nos sobre tudo o que se passa, sobretudo quando se trata de carrinhas ou camiões com carga suspeita”, disse-nos.

Ainda em Matutuíne, visitámos as machambas situadas à beira do Rio Futi, ao longo da Reserva Especial de Maputo. A nossa primeira surpresa foi o facto de termos conseguido conectar a rede da Internet sentados num tronco, antes de iniciarmos a conversa com a senhora Maria Nandza, uma camponesa residente nas proximidades do rio.

“Nunca tinha imaginado que esta pequena máquina tinha a capacidade de me pôr em contacto com o meu filho que trabalha e vive em Tsakane, na África do Sul. As coisas melhoram muito. Agora podemos falar com os nossos familiares que vivem muito longe”.