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Sector privado quer maior intervenção do Governo

Por admin

Agentes económicos que gerem pequenas e médias empresas (PME`s) entendem que o Governo moçambicano deve imprimir uma maior dinâmica em termos de adopção de políticas 

susceptíveis de garantir que estes tenham acesso a meios financeiros a taxas de juro acessíveis, materiais e oportunidades de negócio junto de grandes projectos para que possam sobreviver e se desenvolver.

Dados colhidos pela nossa Reportagem junto de proprietários e gestores de empresas de diferentes ramos de actividade, indicam que naquele conjunto de constrangimentos avultam as taxas de juro que, na óptica destes, são elevada pois variam de 20 a 30 por cento, o que é agravado pelo facto dos empresários nacionais não disporem de património que possa servir de garantia bancária.

Temos falta de políticas claras e inclusivas capazes de contribuir para o desenvolvimento do empresariado nacional. O acesso à banca continua a ser um grande entrave uma vez que se pedem garantias reais que poucos possuem. Na nossa opinião, os bancos conceder créditos tendo em conta os serviços que cada empresa presta e fazerem o progresso do investimento, disseram.

Por outro lado, o grupo de gestores de PME´s por nós ouvido entende que estas empresas trabalham com meios próprios o que contribui para que tenham inúmeras dificuldades no que toca à expansão de serviços para outras regiões do país mas, sobretudo para o estabelecimento de parcerias com empreendimentos maiores.

Segundo o representante da Agro-Serviços, Pedro Tomo, o Governo como a banca devem prestar uma maior atenção para as PME´s nacionais, pois começam a surgir empresas estrangeiros de pequena dimensão que ocupam o espaço das moçambicanas por estas terem dificuldades financeiras.

A par do alegado difícil acesso ao financiamento, os empreendedores ligados a esta franja empresarial afirmam que há também problemas ligados à falta de organização institucional que resulta do facto do proprietário ser simultaneamente gestor financeiro, motorista e até gestor dos Recursos Humanos, o que leva aos bancos a recusar financiar a empresas deste género.

A nossa Reportagem apurou ainda que muitas destas empresas não possuem capacidade de contratar serviços de produção estratégica, o que as coloca em risco sempre que se registam baixas nas vendas. Por outro lado, os nossos interlocutores atiram parte da culpa para os próprios agentes económicos, dado que, segundo dizem, parte deles ignoram a mecânica de financiamento bancário, seguros, entre outros serviços e até um forte receio de perderem os seus imóveis.

 

“Hánecessidades em toda a economia

 

A Confederação das Associações Económicas (CTA) defende         que a questão de financiamento às PME´s tem uma dimensão maior do que se possa imaginar, uma vez que até em países com economias desenvolvidas continuam a apoiar este grupo e Moçambique não está fora desse quadro.

Segundo Agostinho Vuma, vice-presidente do CTA, cerca de 80 a 90 por cento das PME´s constituem o tecido empresarial moçambicano, pelo que se observa que existe a necessidade de se encontrar mecanismos de financiamento para toda a economia.

Para aquele, o problema em relação ao financiamento é bem bicudo pois, as garantias exigidas pela banca estão longe do alcance das PME´s, com o agravante dos bancos não aceitarem a terra como uma garantia, diferentemente do que acontece em vários países, com particular destaque para a África do Sul.

A nossa agremiação luta para o melhor ambiente de negócios, de todos os sectores da nossa economia, apesar de contar com a banca na sua estrutura há necessidade de se ter uma maior clareza em relação as políticas financeiras no país. Temos que fazer mais reformas com vista a permitir que a revisão das taxas directoras, pelo Banco de Moçambique, tenha um efeito desejado”, disse.

Outro cenário que inquieta a CTA prende-se ao facto de muitas PME’s funcionarem na informalidade e com uma gestão “caseira”, sem elementos contabilísticos válidos. Mas da parte da banca também se observam problemas relacionados com a falta de especialização para lidar com sectores específicos da economia.

Vuma toma como exemplo a Nigéria que tem bancos para financiar diferentes tipos de actividades como a construção, indústria, entre outras. “A solução que temos estado a propor é a criação de uma política de investimento para empresas nacionais que integre uma Lei de Garantias com uma definição clara do que pode ser apresentado como garantia. Sugerimos também a criação de mais fundos de garantia, sobretudo para o sector da agricultura de forma a minimizar os riscos, em casos de cheias, ciclones e secas, por exemplo”, disse Vuma.

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