Nacional

População questiona porque a Renamo insiste em ter duas facetas

A propósito o Presidente Guebuza disse no rescaldo da presente edição da Presidência Aberta que o governo e ele próprio continuam abertos ao dialogo mas não para satisfazer as imposições  da Renamo e seu líder , ora refugiado algures na serra da Gorongosa.

Caiu o pano, na quarta-feira última, a partir da cidade de Chimoio, província de Manica, daquela que, ao que tudo indica, foi a penúltima edição da Presidência Aberta e Inclusiva (PAI), já que no próximo ano haverá mais uma e com carácter de despedida do Presidente da Republica (PR), Armando Guebuza, ao seu povo, ao fim de dois mandatos consecutivos. Foi uma edição marcada por vibrantes e reiterados apelos à preservação da paz, necessidade de diálogo, reforço do espírito de unidade nacional e repúdios veementes ao retorno à guerra. Estes foram os temas que constituíram o denominador comum da multiplicidade de discursos proferidos pelo Presidente Guebuza em, comícios populares, assim como pelos governantes locais, lideres comunitários, populares e membros da sociedade civil.

Tratou-se inequivocamente de um exercício que permitiu ao Chefe do Estado e sua comitiva, durante cerca de sete meses, estabelecer uma interacção directa e profícua com a população e as autoridades locais bem como efectuar um diagnostico dos avanços e desafios que ainda se colocam no país real.   

A reflexão colectiva sobre a actual conjuntura política que o país atravessa impôs-se como um ponto incontornável nos vários momentos de interacção entre o PR e a sua diversificada audiência em quase todas localidades e postos administrativos ora escalados.   

Nas inúmeras oportunidades que a população teve para “aconselhar” o Chefe do Estado e seu governo esta demonstrou ter consciência da delicadeza da crise político-militar que o país atravessa e mostrou-se preocupada com o facto de ainda não haver sinais claros de que será ultrapassada a breve trecho.

Alguns populares foram mesmo ao extremo de dizer que embora seja óbvio que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e alguns dos seus seguidores têm estado a agir fora dos parâmetros que caracterizam qualquer estado democrático ainda assim apelam “ao Presidente Guebuza e ao governo para tentar persuadi-los a sentarem à mesa de conversações e dialogarem porque só esse exercício irá permitir que se encontre uma solução airosa para actual tensão politico que Moçambique vive”.

Na verdade, centenas de populares alinharam pelo mesmo diapasão e deploraram o facto de a Renamo e seu líder, volvidos 21 anos depois da assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) insistirem em manter homens armados, uma espécie de exército irregular, aos quais amiúde recorrem para intimidar, chantagear ou pressionar quer ao governo assim como a população civil, sempre que entender que “alguns dos seus interesses não estão sendo satisfeitos”.

A cidade de Chimoio foi palco da realização do último comício popular orientado pelo PR nesta edição da Presidência Aberta e Inclusiva onde, a titulo de exemplo, o cidadão Benguela Gemuce Queche emitiu uma mensagem muito forte sobre a actual situação de tensão político-militar e a necessidade de se por termo aos ataques armados pois entende que “durante muito tempo os moçambicanos eram vistos com algum desprezo por alguns povos estrangeiros devido a falta de unidade facto que, de entre outros, levou o país a estar mergulhado numa guerra civil que dilacerou o país durante 16 anos”.

Quando conseguimos alcançar o AGP começamos a ser vistos de forma diferente no mundo inteiro pelo que não podemos deixar que a paz nos escape das mãos. Apelamos tanto ao governo assim como a Renamo e todas as forças vivas da nossa sociedade para que se empenhem verdadeiramente na preservação da paz, que é a condição fundamental para que a nossa acção no combate a pobreza seja coroada de êxitos, mas para isso a Renamo tem que deixar as armas e fazer política como mandam as regras democráticas, afirmou Benguela Queche no comício popular realizado no bairro da SOALPO.  

Queche disse ainda ser importante que o cidadão comum faca a sua parte para demover dos seus intentos ou inviabilizar a acção daqueles que preferem a guerra no lugar da paz porque caso Moçambique retorne a guerra “vamos perder o nosso valor como pátria ou país que conduziu exemplarmente o seu processo de pacificação depois de 16 anos de uma guerra civil.”

Alguns irão rir-se de nós caso rebente uma nova guerra no nosso país e mais do que isso o ritmo de desenvolvimento do país irá abrandar, o que a maioria dos moçambicanos não deseja. Reconhecemos e confiamos na capacidade do Presidente Guebuza daí que apelamos para que procure encontrar uma solução que permita acabar definitivamente com esta situação de homens armados, tiroteios e outros focos de instabilidade generalizada que só mancham o prestígio do nosso país a nível internacional. Afinal o que é que a Renamo quer porque não só está representada no Parlamento como também tem assento em todas assembleias provinciais e demais órgãos como o Conselho do Estado, disse aquele cidadão arrancando fortes aplausos dos demais participantes ao encontro popular.

E as razões que levam a população a apelar, com uma lágrima no canto do olho, para que o Presidente Guebuza e Afonso Dlhakama se sentem à mesma mesa e resolvam “estes problemas” vão desde o desejo ardente de continuarem a usufruir da tranquilidade e segurança relativa que vinham tendo desde que se assinou o AGP, em Roma, a 4 de Outubro de 1992, até a necessidade de “em paz” organizarem as suas vidas e garantirem as condições estruturantes para o seu pleno desenvolvimento, das gerações vindouras e do país no geral.

Só num ambiente de estabilidade política e segurança é que poderemos prosseguir a luta contra a pobreza e continuarmos a dar passos galopantes e decisivos para o nosso desenvolvimento individual e colectivo. Este é tempo de avançarmos com a construção do nosso país e não para aceitarmos que se destrua aquilo que com muito sacrifício conseguimos fazer nos últimos vinte anos, sustentaram alguns populares em alguns comícios.

NÃO DEIXAR A PAZ

EM MÃOS ALHEIAS!

O Presidente Guebuza reiterou nos seus discursos que a preservação da paz, a unidade entre os moçambicanos e a cultura do trabalho devem estar no topo das prioridades dos moçambicanos cuja linguagem e acção quotidiana deve estar virada para a construção do país “e não na destruição daquelas conquistas que conseguimos alcançar”.

O passado provou que a guerra só destrói tudo aquilo que foi construído com muito sacrifício. Impede qualquer povo de trabalhar e leva a todos nós a desgraça. Realmente, nenhuma nação progride sem a paz, unidade e trabalho árduo.

Para Guebuza impõe-se nesta fase o redobrar da vigilância para que todos aqueles que tentem desencadear acções que possam perigar a paz sejam denunciados junto as autoridades competentes para que sejam punidos de acordo com aquilo que a lei estabelece, neste tipo de casos.

Passamos 16 anos a sofrer por causa da guerra e um milhão de moçambicanos morreu para alem de milhares de feridos e muitas destruições. Mas finalmente conseguimos alcançar a paz por via do diálogo. Por isso a paz é uma conquista colectiva dos moçambicanos. Só que não podemos permitir que esteja nas mãos de um indivíduo que pode se distrair, e as vezes até se distrai, e abra a mão e deixe a paz fugir. Todos moçambicanos são beneficiários e donos desta paz que custou muitas vidas, pelo que não a podemos largar, disse o PR numa alusão implícita ao líder da Renamo.   

Segundo Guebuza, naturalmente que uma conquista como a paz e de outra índole sofre investidas o que serve para ver se estamos mesmo decididos a manter a nossa moçambicanidade

A nossa resposta a isso é que temos que dialogar mais ao nível da direcção e ate os níveis inferiores nos nossos bairros, escolas, empresas , etc. Devemos combater a linguagem violenta e que só semeia confusão, violência dor e luto. Mesmo nos “chapa 100” devemos transmitir a necessidade de defendermos esta grande conquista colectiva que a paz isso conjugado com o reforço da unidade nacional”,

A paz e a unidade nacional são na óptica do Presidente Guebuza algumas das maiores conquistas que o nosso país alcançou ao longo dos tempos e que, por conseguinte, condicionam o alcance das conquistas individuais de cada cidadão pelo que “os moçambicanos devem conhecer e valorizar bem essas conquistas.

Por exemplo, a unidade nacional faz com que cada um de nós sinta que tem uma nação e que independente de as pessoas viverem em regiões diferentes, estarem filiados a outros partidos políticos, serem pobres ou ricos, terem crenças e tradições diferentes são um mesmo povo que se deve unir mesmo na diversidade sócio-cultural que os caracteriza. Pelo que, ninguém é mais dono de Moçambique, disse Armando Guebuza recordando que antes da independência os moçambicanos viviam divididos em tribos e raças e que só em 1962 o DR Eduardo Mondlane conseguiu inculcar na “cabeça” dos moçambicanos que as “nossas diferenças são um factor de riqueza e não de divisão, pelo que não podemos permitir que ninguém atente contra a nossa unidade.

AS FACES DA RENAMO

O Chefe do Estado, Armando Guebuza, considera que a vontade e abertura para o diálogo que tem sido demonstrada por ele próprio e seu governo “não tem encontrado bom ecopor parte da Renamo e seu líder que, infelizmente, se furtam a discutir com a seriedade e serenidade necessária os assuntos que se julga serem fundamentais para resolver a actual crise político-militar que o país atravessa.

A nossa predisposição para o diálogo não está encontrando bom eco da parte de alguns elementos da Renamo. Por isso, a nossa mensagem é de apelo ao senhor Afonso Dhlakama, líder da Renamo, a deixar de ser o problema para ser parte da solução. Ele tem todas as possibilidades de contribuir para isso. E naturalmente com a disponibilidade que nós temos para falar com ele ai vamos encontrar uma solução que é partilhada, o que é muito importante, disse.

Guebuza que falava perante jornalistas que acompanharam a sua visita de trabalho à província de Manica disse ainda no rescaldo da edição da Presidência Aberta ora finda que não se pode esquecer do facto de efectivamente a Renamo estar representada em diferentes órgãos legislativos nos seus vários níveis quer na Assembleia da Republica, Assembleias Provinciais e também nas Assembleias Municipais.

Agora existe uma outra força, que não sabemos se se chama Renamo ou não, que está atacando o Estado e nós pensamos que estes que estão lá naqueles órgãos do Estado deviam fazer compreender aos outros que a via armada não é a que vai lhes levar a obter resultados satisfatórios na discussão de qualquer que seja o assunto, referiu o PR.

Para o Presidente da Republica é preciso que a Renamo saiba e entenda que dialogar não significa que a outra parte deve concordar com tudo e predispor-se apenas a cumprir ordens tal como acontece no exército ou na Policia, onde a regra é cumpra-se tal como se instrui. 

Temos que partir do pressuposto de que num dialogo desta natureza as partes são iguais e pretendem discutir um certo assunto. Para o efeito, elas teem ideias, que até podem ser divergentes, e dai vai ocorrer uma confrontação dessas mesmas ideias e , naturalmente, deverá prevalecer o bom senso para se chegar a um entendimento comum mas “não aceitamos o tipo de dialogo que nos é sugerido pela Renamo do tipo se não fazes o que eu digo ou quero então estás mal comigo, ponho tudo pelos ares”.

Há quem até aplauda este pensamento da Renamo. Mas eu penso que este é um pensamento perigoso para os moçambicanos porque no dia em que eles vão assumir o poder, não sei quando já que não participam em eleições, praticamente ninguém mais vai falar e nem pensar neste país, disse Guebuza.

Entretanto, e num outro desenvolvimento, o PR apelou aos moçambicanos para que não se deixem intimidar e afluam as urnas, no dia 20 de Novembro, para votar naqueles que acham que devem dirigir as autarquias onde vivem.

Guebuza disse haver condições para que o país realize as eleições nos 53 municípios do país e deplorou o facto de alguma imprensa estar a veicular muita desinformação e a investir na intimidação da população para que está não participe massivamente no pleito eleitoral.

É preciso que alguma imprensa deixe de intimidar o alarmar as pessoas. Que essa imprensa não sirva de agitadora para impedir a realização das eleições, disse o PR.   

Para o Presidente da Republica há muita desinformação e dramatização deliberada sobre a actual situação sócio-politica do pais embora não tenha havido momento nenhum da história do pais em que a criminalidade não tivesse constituído problema “por isso mesmo que temos a Policia e em todos os países do mundo esta se confronta com a criminalidade”.

O país está sim a atravessar uma fase que requer que a sociedade se reencontre na estrada do desenvolvimento. Nem todos entendem exactamente o que está a acontecer e por isso esses tornam-se presas fáceis para aqueles que têm as intenções que tem, e que nem sempre coincidem com as intenções que possam servir o bem dos moçambicanos, concluiu Guebuza

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