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PROCESSAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS: AGRA apreensiva com falta de investimento

Por Idnórcio Muchanga

A Aliança Africana para a Revolução Verde (AGRA) mostra-se arreliada com as prevalecentes lacunas de investimento que se observam no domínio do agro-processamento que fazem com que o país continue a exportar produtos agrícolas em bruto e a importar sementes.

O representante da AGRA, Paulo Mole, diz que o país deve buscar financiamento para grandes projectos, mas não deve descurar o investimento nas pequenas e médias iniciativas capazes de assegurar o processamento local da produção agrícola e beneficiar a economia.

Na cadeia de valor agrícola há uma série de interessados, nomeadamente os camponeses, comerciantes, armazenistas, transportadores, unidades fabris e até a banca que vão permitir que os produtos cheguem aos consumidores. Esta teia só se torna viável quando há investimento em toda a sua estrutura”, disse.

Segundo Paulo Mole, todos os intervenientes do processo produtivo do sector agrícola só podem se mover dentro de uma estrutura de mercado onde o financiamento flui. “Sem esta componente continuaremos a ter o nosso milho, feijões, algodão, entre outros, a serem exportados em bruto e a importarmos produtos acabados”.

Ajuntou que, a par do financiamento, impõe-se a necessidade de se criar um melhor ambiente de negócios para que os investidores se sintam atraídos pela agro-indústria, pois, enquanto isto não acontecer, os produtores nunca vão ter interesse em comprar sementes de qualidade e muito menos fertilizantes, entre outros insumos. 

Repisou que é possível reverter a actual situação, pois a única razão por que o país exporta em bruto é que nos países receptores foram feitos investimentos. “A Índia, por exemplo, tem uma indústria de processamento que suporta uma cadeia alimentar muito grande. O que temos de fazer é procurar o milagre que eles fizeram. Criaram políticas favoráveis para as empresas investirem nessas áreas”, referiu.

Ajuntou que internamente existem empresas que fazem algum processamento de boa qualidade, mas são poucas para a demanda e, por isso, o mercado ainda é dominado pelas importações.

Disse ainda que é necessário criar um ambiente favorável ao estabelecimento de parcerias entre o sector privado no investimento no sector da agro-indústria. “Esta éa única forma de prover incentivos permanentes aos produtores para estes continuarem a produzir em qualidade e qualidade”.  

Aludiu ainda ao facto de existirem políticas para o desenvolvimento do sector agrário, estas devem ser ajustadas às necessidades e às dinâmicas do mercado, uma vez que “não há políticas estáticas”.

Para ele, o Governo deve também ter em conta a definição de estímulos para o empresariado que está estabelecido em distritos onde prevalecem constrangimentos relacionados com infra-estruturas de escoamento, electricidade, água, entre outras.

É que o investidor dificilmente vai instalar uma fábrica num distrito “e ainda se ver na contingência de construir uma estrada. É muito dinheiro. A política do Governo devia consistir em erguer infra-estruturas básicas como vias de acesso, energia e água, para que os empresários se sintam mais atraídos”, aludiu.

Acrescentou que tem havido incentivos fiscais do Estado aos empresários para investirem, entretanto, e em termos práticos, estes têm um baixo reflexo na contabilidade das empresas porque, por exemplo, as vias de acesso não estão em condições.

Texto de Angelina Mahumane
angelina.mahumane@snoticias.co.mz

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