Economia

PME’s já têm voz própria

As Pequenas e Médias Empresas (PME´s) já tem um fórum onde podem, entre outros aspectos, discutir os problemas que as afligem, procurar propostas de solução e formar parcerias de trabalho. Trata-se da Associação das Pequenas e Médias Empresas (APME), que já tem 123 membros e 23 processos de pedido de admissão.

domingoapurou que para se candidatar a membro, é preciso conhecer a associação, nomeadamente, os seus estatutos, objectivos e depois preencher a ficha de membro, onde consta a identidade da pessoa (colectiva ou não) que pretende filiar-se, para além de dar algum detalhe sobre o volume de negócios e número de trabalhadores que a empresa candidata possui.

Outros documentos exigidos são o Bilhete de Identidade do representante da empresa e documentos da empresa. Caso tenha sido publicada no Boletim da República, pode apresentar uma cópia da publicação, ou então, a certidão comercial.

Aliás, até o fim do mês de Abril tinham sido registadas 123 associados, entre individuais e colectivas. Actualmente, há 23 processos de pedido de admissão a membros. Os actuais filiados representam empresas de vários pontos do país, designadamente, Maputo província e cidade, Zambézia, Nampula, Tete, Cabo Delgado e Niassa. Esta última província inscreveu 13 empresas de uma só vez.

Segundo Paulino Inocêncio, presidente de Conselho de Direcção da APME, naquela organização serão privilegiadas as ligações empresariais para acabar com a fraca capacidade de prestação de serviços que estas empresas apresentam.

“Estas ligações vão permitir que empresas que trabalham no mesmo ramo possam se unir para enfrentar grandes desafios. Esta pode ser a resposta para o problema da fraca capacidade de oferta. O egoísta não vai longe. Ele cresce, mas sempre num ritmo não satisfatório. Se as ligações empresariais forem saudáveis é possível crescer em menos tempo. Desencorajamos o egoísmo”, disse Inocêncio.

Paulino referiu também que aquela agremiação defende a criação de marcas, por parte das empresas nacionais, que possam ganhar o selo Made in Mozambique, pois se isto acontecer cada empresário ou empreendedor, no seu ramo de actividade, vai se tornar uma referência, com capacidade para deixar o cliente satisfeito.

A agremiação defende ainda que em Moçambique existe um mercado enorme e com muitas insuficiências. No entanto, existem coisas que funcionam bem. Uma das coisas que funciona bem é o grande potencial de compradores dos produtos nacionais.

Para tal, os fornecedores de bens e serviços devem optar pela inovação, ou seja, trazer algo mais em relação ao seu concorrente directo. Em pouco tempo pode vender para todos.

“O que precisamos é de produzir com qualidade, não só olhar para a quantidade e marcar alguma diferença entre o serviço que presto e o que outro empresário presta. Tenho que marcar diferença no bem que vou fornecer, no atendimento e em toda a cadeia de produção e distribuição”, frisou.

 

OS MESMOS PROBLEMAS DE SEMPRE

Os problemas das Pequenas e Médias Empresas são de conhecimento “geral”. Segundo o nosso interlocutor, muitas das empresas nacionais encontram-se em conflito com a lei, daí a importância de haver uma devida interpretação da legislação moçambicana, sobretudo a comercial.

Outro problema que constitui o verdadeiro “calcanhar de Aquiles” para a maioria das PME´s está ligado ao acesso a créditos e financiamento, apesar de muitos bancos comerciais começarem a apresentar produtos para estas empresas.

“O dinheiro é muito caro em Moçambique, por isso as pessoas limitam-se a não ir buscá-lo. Ligado a isso está a questão do risco. Os bancos usam o risco para justificar o porquê do dinheiro estar caro”, referiu Paulino.

Para inverter este cenário, a APME vai trabalhar com os seus associados para melhorar os seus planos de negócios, de modo a que possam transmitir às instituições financeiras alguma confiança.

Tem ainda a questão da excessiva burocracia do lado do governo para tratar documentos diversos, o que não possibilita que este grupo de empresas possa crescer numa base saudável.

Por outro lado, os indicadores de produção nacional são muito baixos quando comparados com outras empresas a nível da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e do resto do mundo, o que constitui uma das preocupações da associação.

Inocêncio Paulino considera que a carga fiscal, no campo de tributação, é igualmente excessiva. O Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) é alto. A título de exemplo, em países como Coreia e Japão, a taxa de consumo (equiparada ao IVA) é de 5 a 10 por cento, respectivamente. Enquanto isso, o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS) é 32 por cento.

domingosoube que uma carga excessiva para as PME’s complica a sua situação, pois algumas empresas não têm uma contabilidade organizada e assim os prejuízos são maiores por incorrerem em dupla penalização.

“ O empresário desconta para o IVA quando vai adquirir os produtos, mas também quando está a fazer o fecho das contas. Muitas vezes tem despesas que, por causa dos problemas de contabilidade, são colocadas ao nível do seu balanço final. Significa que ele deverá pagar mais uma vez o valor deste imposto porque o Estado vai cobrar”.

Para Inocêncio Paulino, são muitas as preocupações que as PME’s têm, o que se corporiza no ambiente de negócios que pode ou não ser favorável nos casos em que o país apresenta muitos obstáculos. Para que este ambiente seja favorável é preciso que essas barreiras sejam removidas.

O ambiente só é favorável quando estão criadas as condições para que a actividade empresarial seja desenvolvida sem barreiras. “O que queremos fazer é complementar o trabalho que outros actores estão a desenvolver no âmbito da melhoria de negócios. É uma situação que tem que preocupar as entidades governamentais, o sector privado e a sociedade moçambicana como um todo”, sublinhou.

O presidente de Conselho de Direcção da APME acrescentou que esses obstáculos contribuem para que a posição do nosso país no ranking doing busness oscile.

Num outro momento, o nosso interlocutor reconheceu a falta de capacidade de algumas empresas, no entanto, recomendou que se trabalhe para reverter o cenário.

No seu entender, as PME´s que já demonstram alguma capacidade devem ser acarinhadas para elevar o seu volume de negócios. “Por vezes dizemos que as empresas moçambicanas não têm capacidade, mas é para excluirmos o moçambicano dos negócios e isso é completamente errado”, destacou Paulino.

Num outro momento, a nossa Reportagem apurou que o objectivo daquela associação é de colher o máximo de informação sobre as preocupações das empresas e depois sumarizá-las para fazer o plano de actividades, que estará a disposição do mercado até o final deste ano.

 

PENSANDO NO FUTURO

Sobre onde a APME quer estar nos próximos anos, Inocêncio Paulino foi categórico ao responder que querem estar num nível em que cada um dos associados esteja satisfeito com a sua actividade, primeiro, porque já terá resultados líquidos satisfatórios, ou seja, consegue pagar os custos fixos, trabalhadores e todos os custos para funcionamento, têm lucros, novas oportunidades de negócios e reconhecimento a nível nacional e internacional.

Outro sonho é assegurar que as empresas moçambicanas comecem a entrar no mercado internacional, da mesma forma que empresários estrangeiros saem dos seus países para investir Moçambique. “Acreditamos que o moçambicano tem potencial que pode ser útil noutros países. Às vezes pensamos que as coisas boas só vêm de fora, mas a nível nacional temos também coisas boas”.

Para este ano, a APME tem como desafio principal aprovar o plano estratégico congregando as sensibilidades de todos e que possa angariar até pelo menos, 400 membros.

“Que as empresas trabalhem no mesmo ramo de actividade e se complementem cada vez mais. Esperamos que a contribuição que as PME´s dão ao Produto Interno Bruto (PIB) seja cada vez maior e que seja proporcional aos níveis de benefícios” referiu Paulino Inocêncio. 

One Comment

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