As Pequenas e Médias Empresas (PME’s) são chamadas, mais uma vez, a identificar e prender-se às oportunidades de negócios que surgem no quadro da implementação dos grandes projectos de exploração do petróleo e gás existentes no país, sobretudo na Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado.
Na Bacia do Rovuma foram descobertas mais de 170 triliões de pés cúbicos de reservas de hidrocarbonetos, entretanto as PME´s, que constituem a maior parte das empresas nacionais, ainda não estão integradas nos negócios daí resultantes por diversos motivos, com destaque para a falta de certificação em matérias de qualidade e profissionalismo.
Enquanto isso, segundo as empresas de dimensão média e grande, de certa forma, estão prontas para a subcontratação, nomeadamente nas áreas de construção civil e de engenharia e de fornecimento de bens e serviços.
Por essa razão, a maior preocupação da Confederação das Associações Económicas (CTA) é encontrar formas de emponderar as PME´s por diversas vias, incluindo através do acesso aos serviços, formação, treino e pela transferência do conhecimento por parte das empresas estrangeiras que operam no sector de hidrocarbonetos.
Para a CTA, a exploração efectiva dos recursos naturais oferece uma oportunidade ímpar às PMEs para o desenvolvimento do capital humano, de implantação de projectos de infra-estruturas de grande envergadura, incremento da produtividade agrícola, aceleração do desenvolvimento rural.
Na semana passa, o Instituto Nacional de Petróleo (INP) organizou um seminário em coordenação com a African Influence Exchange (AIE) no qual os representantes da CTA afiançaram que o país precisa de um sector privado forte que contribua para o crescimento económico.
domingoapurou que aquele encontro tinha em vista dar a conhecer os aspectos ligados aos grandes projectos na área de gás e petróleo, e ajudar a identificar oportunidades associadas a estes projectos e os efeitos induzidos.
Por outro lado, aquele encontro também serviu para a identificação de projectos âncoras ao longo da cadeia de valor do gás natural, reconhecimento das condições necessárias para o processo de industrialização e transformação económica e as respectivas ligações empresariais, para além de contribuir para o debate em torno dos projectos ligados a estas áreas e fontes de financiamento para o seu desenvolvimento.
Chivambo Mamadhusen, porta-voz do evento disse que o objectivo principal do encontro é que os actores principais deem detalhes ao sector privado moçambicano sobre quais são os passos, onde estão os projectos e como se podem posicionar para poderem explorar as oportunidades existentes na Bacia do Rovuma, nomeadamente a área 1, que é operada pela Anadarko, e a Área 4 operada pela ENI.
Este é um projecto que tem como “guarda-chuva” um decreto-lei próprio, que existe o artigo 10 que fala sobre procurment e serviços, aonde de certa forma incentiva e chega a obrigar para que as empresas estrangeiras trabalhem com as moçambicanas com vista ao desenvolvimento do projecto”, disse.
Por seu turno, o presidente da CTA, Rogério Manuel disse que com a descoberta de recursos naturais, nos últimos dez anos, foram aprovados a nível nacional projectos orçados em cerca de 25 biliões de dólares americanose, como resultado, temos vindo a assistir a uma trajectória de crescimento económico rápido e consistente, atingindo uma média de sete por cento nas últimas duas décadas”.
Actualmente, o projecto de exploração de gás encontra-se numa fase onde a Anadarko, que é operadora, vai sair da parte de operação e já adjudicou a componente de construção, que corresponde à fase de desenvolvimento, a uma empresa construtora.
Nesse quadro, a Anadarko lançou um concurso internacional que culminou com o apuramento de uma empresa construtora que, por sua vez, teve que procurar parceiros subcontratados fora do país, pois o processo decorreu fora do país e o sector privado nacional não teve a oportunidade de participar.
“Nessa altura, o governo trabalhou para que os outros concursos fossem de certa forma transmitidos através dos meios de comunicação nacionais, da internet e outros meios que tornaram a circulação da informação mais fluente entre os empresários nacionais”, sublinhou.
Por seu turno, Augusto Macovele, administrador para o pelouro de Pesquisa do Instituto Nacional de Petróleos (INP) disse que estima-se que as grandes descobertas da Bacia do Rovuma sejam de 190 Triliões de Pés Cúbicos (TCFs), sendo que neste momento existem planos de desenvolvimento da bacia.
“As empresas que estão a liderar o processo estão activas no processo de negociações com o governo e, uma vez finalizada a componente de negociações, seguir-se-á a fase do desenvolvimento das áreas em questão”, sublinhou.
Em relação à participação das empresas nacionais, Macovela garantiu que está a ser preparado um documento que vai cobrir esta componente e que na Lei de Petróleo existem diversos artigos que fazem referência à necessidade de integração destas desde a fase do treinamento de moçambicanos, criação de créditos e de parcerias entre empresas locais e estrangeiras para o provimento de bens e serviços.
Refira-se que o plano de Conteúdo Local deve ser anexo a cada plano de desenvolvimento dos projectos, onde consta como será implementado o projecto em causa. Por outro lado, existe o Plano de Conteúdo Nacional que deve ser actualizado de três em três anos e pretende-se que as empresas nacionais forneçam serviços às estrangeiras desde que tenham capacidade técnica para o efeito. Ainda com base nestes documentos espera-se, a longo prazo, que haja uma maior contratação de mão-de-obra nacional.