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Namaacha melhora produção de morango

Por admin

Os agricultores do distrito de Namaacha, provincia de Maputo, estão apostados em melhorar a produção de morango. Para o efeito, uma equipa constituída por técnicos do Instituto da

 Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), Universidade de Florida e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), leva a cabo, no local, ensaios de novas variedades daquela cultura.

O distrito de Namaacha tem uma população estimada em cerca de 42 mil habitantes, que se dedicam predominantemente ao sector agro-pecuário. A sua produção é comercializada na cidade e província de Maputo.

No entanto, até muito recentemente a produção de morango, por exemplo, não era considerada prioritária, razão pela qual uma dezena de agricultores que se dedicavam a essa cultura acabaram abandonado esta actividade. O facto abriu espaço para que produtores sul-africanos dominassem o mercado nacional.

Este cenário, entretanto, pode passar para a história, pois, uma equipa constituída por investigadores de três países, designadamente, Moçambique, Estados Unidos e Brasil decidiu revolucionar a actividade através da introdução de novos mecanismos.

Para o efeito, escolheram o distrito de Namaacha, onde encontraram um agricultor, Erasmo Laldas, que, mesmo com dificuldades, tem procurado trabalhar para minimizar as carências do produto nacional no mercado.

Ao agricultor, que vinha trabalhando com uma variedade local, foi lhe fornecido mudas duma outra variedade, denominada “Festival”. Na fase experimental, as mudas serviram para cobrir meio hectare.

A variedade foi introduzida em Junho último e já no passado mês de Julho estava a fazer-se a primeira colheita.

Os resultados estão a animar tanto o agricultor, assim como os investigadores agrários, uma vez que com a variedade anterior, o agricultor ficava três meses para fazer a colheita, enquanto com a nova, espera-se apenas um mês.

Outra vitória daquele produtor é o facto de já não precisar de procurar compradores, pois com aumento da produção, alguns comerciantes que adquiriam aquela fruta na África do Sul, agora fazem-no na sua machamba.

Actualmente, Laldas colhe uma média semanal de 200 quilogramas, quantidade que espera superar entre o final de Agosto e Setembro, momento considerado de pico na produção.

MAIS MUDAS

Falando à nossa reportagem, Erasmo Laldas referiu que a intervenção daqueles pesquisadores veio abrir-lhe novos caminhos, visto que, com as novas mudas, conseguiu aumentar a produção e produtividade, para além de encurtar o tempo de espera dos seus clientes, uma vez que a colheita é feita mais cedo.

Acrescentou que em termos qualitativos, a “Festival” é mais lucrativa, uma vez que, depois da sua colheita, pouca quantidade é desperdiçada, o mesmo não acontecendo com o morango “nacional”. Em contrapartida, o “nacional” é mais saborosa.

Em relação aos próximos desafios, Erasmo Laldas disse que neste momento o seu plano é aumentar as áreas de cultivo e melhorar ainda o sistema de rega, passando a usar a energia eléctrica. Actualmente, socorre-se de uma motobomba.

“Queremos melhorar a nossa produção, porque os níveis que temos não satisfazem na totalidade. O nosso desejo é não parar mais com a produção, isto é produzir de Janeiro a Janeiro, sem interrupção. Há muitos projectos que estão na manga, como é o caso de construção de um centro de processamento e conservação destes produtos”, disse Erasmo Laldas.

Para garantir a produção anual do morango, Ersamo Laldas disse precisar de modernizar as estufas e melhorar a segurança através de um sistema electrificado.

De referir que 250 gramas de morango, são adquiridos na machamba de Erasmo pelos revendedores a 50 meticais e revendidos a valores que vão dos 80 a 150 meticais nos mercados e supermercados da cidade de Maputo.

CONTINUAR A FINANCIAR

Os investigadores, promotores da iniciativa da produção de morango em Namaacha, falando a nossa reportagem prometeram que vão continuar a trabalhar com os agricultores da província e cidade de Maputo, de forma a ajudar a melhorar a produção, tanto de morango, assim como de outras culturas, sobretudo hortícolas. A ajuda consiste na aquisição de novas mudas, insecticidas, capacitação sobre novas mecanismos de produção.

Acreditam que desta maneira estarão a contribuir para a melhoria das actividades dos agricultores, na produção de comida para o país e, por outro lado, estarão a procurar formas de reduzir o nível de importação de alimentos.

Carvalho Carlos Ecole, um dos investigadores do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, disse que estava satisfeito pelo facto de ter desenhado o projecto que, mais tarde, conseguiu patrocinadores e finalmente um agricultor está a corresponder às expectativas.

“Nesta experiência, para além de entregarmos as mudas, introduzimos também uma nova tecnologia, que consiste na colocação de plásticos para proteger as mudas. Esse foi um ganho para o produtor, porque anteriormente usava serradura e folhas, as quais eram sujeitas a ataques de ratos e gafanhoto e o fruto estragava-se com facilidade”,disse.

Ecole referiu que neste momento é preciso que comece a haver financiamentos aos projectos dos agricultores para poderem prosseguir com as suas actividades.

Outro investigador, Walter T. Bowen, da Universidade de Florida, garantiu que vai continuar a ajudar aquele agricultor a intensificar a sua produção, visto que este mostrou que tem vontade de continuar com as novas modalidades de produção.

“Em condições normais, estas mudas não podem ser reproduzidas durante dois anos. Então a melhor forma é cada ano introduzir novas mudas. Isso vai permitir uma produção de qualidade”, disse.

O administrador do distrito de Namaacha, Domingos Junqueiro, louvou a nova iniciativa de produção de morango e acrescentou que, actualmente, o governo local está apostado na construção de fábricas de processamento e recintos para a conservação dos produtos.

Neste momento, já funciona, naquele distrito, uma fábrica de processamento de carne. O distrito tem capacidade de produzir várias culturas agrícolas e grandes quantidades são desperdiçadas, uma vez que não há condições para a sua conservação e processamento.

Abibo Selemane

habsulei@gmail.com

Fotos de Jerónimo Muianga

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