O Presidente interino do Conselho Municipal da Matola, António Matlava, convidou agentes económicos locais e de outras partes do país e do mundo a investirem naquela edilidade por entender
que esta reúne todas as condições, quer geográficas, físicas assim como humanas, para atender qualquer tipo de serviço, incluindo um parque industrial.
O desejo do presidente interino de ver Matola a acolher mais investidores foi expresso durante uma reunião com os empresários daquela parcela da província de Maputo, cujo objectivo era discutir caminhos para o envolvimento do empresariado local no crescimento económico do município.
O Conselho Municipal propõe aos empresários parcerias público-privadas nas áreas de reciclagem de lixo, imobiliária, construção de paragens de transporte de passageiros, para além de parques e jardins.
A escolha destes sectores resultou do facto das autoridades locais terem constatado que, por exemplo, o lixo ali produzido, que é de cerca de 500 toneladas por dia, pode ser aproveitado para a produção de energia.
Aliás, a experiência da empresa INTERWASTE, actualmente a reciclar o lixo nos município de Maputo e Matola, mostra que é possível gerar emprego e riqueza no ramo de recolha de resíduos sólidos, com particular destaque para plástico e papel. Aliás, aquela empresa recolhe garrafas de vidro e exporta para África do Sul, onde estas são reaproveitadas ao mesmo tempo que contribui para a limpeza no interior dos bairros.
Em relação ao sector de imobiliário, as autoridades sugerem que é preciso que os empresários construam casas acessíveis para permitir que mais munícipes tenham capacidade de adquiri-las.
Dados apresentados durante aquela reunião indicam que o Município da Matola concentra o maior parque industrial do país pois, conta com mais de 500 empresas de diversos ramos, ou seja, cerca de 28 por cento das empresas no país. Porém, cerca de 97 por cento destas empresas empregam apenas 20 trabalhadores. Mesmo assim, as autoridades municipais ainda não estão satisfeitas, daí que desafiam os empresários a direccionar seus investimentos para aquela zona.
Burocracia inviabiliza projectos
Em jeito de resposta àquele convite, os empresários presentes disseram que estão dispostos a participar no desenvolvimento económico do município através das propostas já apresentadas, assim como outros projectos que estão nos seus planos mas, muitas vezes, tal não sucede devido a questões estranhas, sobretudo associadas ao peso da burocracia.
Disseram ainda que alguns encontros marcados pelas autoridades locais para discussão dos projectos são desmarcados sem uma explicação plausível, o que desmotiva aquela classe e os leva a investir em outros locais ou a abandonar os projectos.
Outra razão apontada como empecilho para o desenvolvimento de negócios é a demora de atribuição de espaços, assim como na tramitação dos documentos inerentes à instalação das empresas.
A nossa Reportagem ouviu Olívia Magalhães, administradora da empresa Nkomazi, vocacionada para os serviços de abastecimento de combustíveis e lubrificantes, que conta que em 2011 rubricou um acordo com o Conselho Municipal, por via do qual a empresa se dispunha a fornecer tractores para a recolha de resíduos sólidos a troco da indicação de um espaço para a instalação de seus serviços.
Segundo Olívia, este acordo não passou disso porque as autoridades municipais se mantiveram no silêncio, até que aquela empresa decidiu instalar-se no Dondo, província de Sofala. “Lá não podemos investir em grandes projectos porque o contrato de arrendamento não dá esta permissão. O que prejudica as empresas aqui na Matola é a excessiva burocracia”disse.
Aquela administradora de Nkomazi reconhece que o Estado não tem espaço para acolher todos os projectos que são propostos, no entanto, acredita que com uma boa gestão é possível enquadrar mais iniciativas empresariais no município.
“Por exemplo, há empresas que recebem espaços e levam muito tempo para implantarem infra-estruturas. Pensamos que, nestes casos, devia haver coragem de revogar os títulos de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT´s) a fim de atribuir àqueles que querem trabalhar”, questionou.
Por sua vez, o director da INTERWASTE, Arnaldo Tembe, lamentou o facto de muitos projectos propostos, por exemplo, no domínio da reciclagem do lixo, e não só, não terem o necessário encaminhamento depois de aprovados.
Segundo Tembe, a intervenção na área da gestão de resíduos sólidos comporta grandes investimentos, mas a sua fase primária, que consiste na selecção de vários resíduos e o seu empacotamento, é possível com custos muito reduzidos.