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Governo atento ao leilão de rubis

Por admin

O sector de Recursos Minerais está a esfregar as mãos de contentamento pelo facto de, finalmente estarem criadas as mínimas para que o rubi nacional possa ser comercializado no mercado internacional obedecendo a regras de exploração, incluindo segurança, questões ambientais, legais, e ainda poder gerar postos de trabalho e receitas fiscais para o país.

Dados disponíveis indicam que uma quantidade não especificada de pedras de rubi extraídas no interior do distrito de Montepuez, na parte sul da província de Cabo Delgado, estão a ser encaminhadas para um leilão que será realizado nos próximos dias numa praça situada em Singapura, país do sudoeste asiático.

As tais condições mínimas foram criadas através da concessão de quatro áreas de 100 mil a 200 mil hectares, localizadas no interior do distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado, a uma empresa denominada Montepuez Ruby Mining (MRM), subsidiária da multinacional Gemfields que opera no sector de bens de luxo e de pedras preciosas.

A escolha de Singapura para a venda do rubi moçambicano não terá sido feita por acaso pois, dados disponíveis indicam que aquele país da Ásia, composto por 63 ilhas, segundo o Banco Mundial é um dos melhores locais para fazer negócios no planeta, é o quarto centro financeiro mundial, segundo maior mercado de jogos de casino, terceiro maior centro de refinarias de petróleo, onde reside o maior número de famílias milionárias com contas bancárias em dólares americanos, em suma, um dos países mais ricos do mundo.

Para além de tornar o minério conhecido a nível mundial, o Ministério dos Recursos Minerais (MIREM) também festeja o facto de ter conseguido, por esta via, resolver um velho e bicudo problema de garimpo que ocorria na área que agora está sob a gestão da MRM e que, de forma rotineira, culminava com batalhas campais entre operadores ilegais, derrocadas de minas e consequente morte dos mineiros clandestinos, entre outros prejuízos sociais e económicos.

Segundo os sócios da MRM, a exploração da área concessionada pelo Estado moçambicano iniciou em 2012 e já foram revolvidos mais de um milhão e seiscentas mil toneladas de terra que culminaram com a extracção, até Dezembro do ano passado, de cerca de sete milhões de “carats” de rubi (cada “carat” correspondente a 200 miligramas).

Para chegar àquela quantidade de rubis, a MRM diz ter investido algo como 30 milhões de dólares no processo produtivo propriamente dito, incluindo o pagamento de salários a cerca de 600 homens envolvidos nas diferentes operações, maioritariamente residentes nas cercanias da área de exploração, indemnizações a camponeses, entre outras despesas afins.

Apesar de todo o sigilo que paira sobre a qualidade e quantidade do mineral que vai ser levado àquele leilão, a nossa Reportagem apurou que só metade ou menos de metade dos cerca de sete milhões de “carats” é que serão levados para a apresentação aos potenciais compradores que se vão reunir em Singapura a partir da semana que hoje inicia.

Fontes independentes acreditam que com cerca de três milhões e meio de “carats” de rubi, a MRM pode recuperar o valor investido e o Estado moçambicano pode passar a incluir os rubis na sua lista de produtos de exportação geradores de importantes receitas fiscais.

Tais fontes, vão mais longe ao “tactear” que caso o leilão decorra sem sobressaltos, Moçambique pode encaixar, em impostos, e numa assentada, a volta de seis milhões de dólares, número que parece razoável tendo em conta que alguns países do continente já reclamavam a posição de maiores exportadores de pedras preciosas moçambicanas, quase todas extraídas a troco de tostões para os garimpeiros envolvidos. 

Por seu turno, os representantes da MRM acreditam que depois do leilão os trabalhos na mina poderão ganhar um novo ímpeto, pois com o dinheiro resultante desta venda serão realizados mais investimentos.

Aquela empresa pretende, dentro de alguns anos, ser o maior fornecedor deste tipo de pedras preciosas coloridas, reposicionar esses minerais no topo comércio de bens de luxo e assegurar o crescimento e desenvolvimento às populações envolvidas no processo de extracção, compra e venda de rubis. “Tudo o que fazemos é na perspectiva de nos integrarmos na comunidade”, disse Ian Harebottle, executivo sénio da Gemfiels.

Acrescentou que persistem alguns conflitos com as comunidades locais, pois a área onde a empresa está a explorar era constituída por machambas, dai que sempre que recebem uma reclamação procuram indemnizar os lesados e, ao mesmo tempo, demonstram as vantagens daquela actividade tanto para os residentes como para o país.  

Ian Harebottle referiu que o estabelecimento da MRM em Montepuez está a tornar possível a aplicação do conceito de Conteúdo Local (Local Content), uma vez que várias Pequenas e Médias Empresas (PME´s) também têm a oportunidade de fornecer bens e serviços diversos àquela companhia. A título de exemplo, indicou que actualmente trabalha com um fornecedor local de serviços de geologia que emprega cerca de 200 trabalhadores.

 

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