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Exportações registam tendência decrescente

Por admin

Dados do Banco de Moçambique (BM) disponibilizados, recentemente, em Maputo, indicam que as exportações registaram, durante o semestre passado, uma tendência decrescente. Aliás, excluindo os megaprojectos, a queda foi de cerca de 27 por cento, com a inclusão destes o decréscimo chega a 14 por cento.

A queda deveu-se a variações em baixa dos preços dos produtos exportados no mercado internacional, com destaque para a redução acentuada do preço do carvão metalúrgico para menos 12 por cento justificada, em parte, pela redução das importações pela China, resultado do declínio da procura industrial chinesa.    

Há que fazer referência, igualmente, à queda, contudo menos expressiva, dos preços do alumínio situando-se em menos dois por cento, resultado dos sinais optimistasde recuperação das economias europeias e dos Estados Unidos da América (EUA) e o incremento do preço do algodão para cerca de dez por cento, determinado pelo aumento da sua importação pela China para a constituição das suas reservas, que representam cerca de 60 por cento das reservas mundiais de algodão

No que toca aos produtos de importação, destaque vai para a queda anual do preço do barril do petróleo em pouco mais de um por cento, no passado mês de Agosto, determinada pelo aumento da probabilidade de uma resolução pacífica para a crise Síria.

Ainda na mesma senda, verificou-se a redução dos preços do milho para cerca de 27 por cento, decorrente das condições climáticas favoráveis nos EUA, perspectivando-se um recorde na colheita para o ano em curso.

Por outro lado, os preços do arroz no mercado internacional registaram um decréscimo de cerca de 14 por cento, justificada pelaredução dos custos de exportação da Índia e Tailândia devido ao incremento dos estoques dos seus governos, conjugado com a forte depreciação das moedas dessas economias face ao Dólar norte-americano.

No que concerne às perspectivas de inflação para o presente ciclo, dados do Banco Central indicam para uma inversão do comportamento da evolução deste indicador iniciado em Maio, de variações mensais negativas para variações positivas a partir de Outubro. Ainda assim, em termos anuais, espera-se que o nível geral de preços continue a desacelerar até ao final do ano, em linha com a meta estabelecida pelo Governo para o ano de 2013.

Dados avançados pelo Porta-voz do BM, Waldemar de Sousa, relativos às transacções correntes de Moçambique com o resto do mundo, mostram que no segundo trimestre o país registou um saldo negativo de cerca de dois milhões de dólares americanos, que no entanto, representa uma melhoria de 14 por cento, comparativamente ao período igual de 2012. Assim, o défice do primeiro semestre de 2013 ascendeu os três milhões de dólares americanos, sendo inferior ao apurado em igual período de 2012, em pouco mais de seis por cento.

Esta melhoria é explicada pelo desempenho positivo da conta parcial de serviços, justificado pela queda no défice das contas dos serviços de construção e transporte, reflectindo nos factores como a conclusão das obras de implantação e expansão de algumas unidades fabris, com destaque para as grandes empresas de Investimento Directo Estrangeiro (IDE), e o aumento das receitas de transporte e manuseamento de mercadorias em trânsito”, disse.

Ainda no primeiro semestre de 2013 foi registada a entrada de três mil e quinhentos milhões de dólares americanos, sob a forma de IDE, montante que representa um crescimento de cerca de 42 por cento, se comparado com o período homólogo de 2012. Deste montante de IDE cerca de dois milhões de dólares americanos deu entrada no segundo trimestre de 2013.

Salientar que em África, Moçambique é o segundo país que conseguiu atrair maiores investimentos durante o ano passado, perdendo apenas para a Nigéria. Segundo o BM a indústria extractiva é a campeã e chega a captar cerca de 91 por cento IDE.

Inflação anual

desacelera 95 pontos base

Durante o mês de Setembro 2013, a inflação anual, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor da Cidade (IPC) de Maputo foi de cerca de quatro por cento, equivalente a uma desaceleração de 95 pontos base (pb), contra pouco mais de cinco por cento verificada no mês de Junho.

A inflação acumulada até Setembro do corrente ano foi de pouco mais de um por cento, após registo de três por cento no fecho do primeiro trimestre do ano em curso, reflectindo os últimos cinco meses consecutivos de inflação negativa.

O abrandamento da inflação no trimestre em análise reflectiu o efeito de um conjunto de factores, designadamente o aumento da produção local, com reflexos na continuidade da queda de preços dos produtos da classe de alimentares. O efeito da apreciação do Metical face ao Rand, perante uma estabilidade em relação ao Dólar dos EUA e a coordenação das políticas monetária e fiscal.

Refira-se que o efeito destes factores sobre a inflação foi amortecido pela subida de preços internacionais de algumas mercadorias com significativo peso na inflação doméstica.

Apesar do incremento no índice, o IPC da Cidade de Maputo registou uma variação negativa acima identificada, o que é explicado pela subida do número de produtos com peso relativamente baixo em comparação com os que, no mesmo período, registaram um comportamento deflacionista. Adicionalmente, cerca de 7 pontos base de produtos com variação nula em no mês de Agosto, passaram a registar uma variação negativa em Setembro.

Com efeito, a proporção de produtos com variação negativa passou de 26 por cento para cerca de 27 por cento, de Agosto para Setembro de 2013, sendo que a proporção dos produtos que registaram variação nula teve uma queda de seis pontos percentuais, reduzindo o seu peso no cabaz do IPC para 49 por cento. 

Por outro lado, no terceiro trimestre de 2013, a inflação agregada de Moçambique, calculada a partir do índice que agrega as cidades de Maputo, Beira e Nampula, manteve a sua tendência, depois de atingir o pico de cinco por cento em Maio, tendo passado para a magnitude de perto de cinco por cento, em Setembro, após 4.86 por cento em Junho último. No mesmo período, a variação média anual foi de quatro por cento, contra os três por cento em Junho e cinco por cento, em igual período do ano passado.

Para Waldemar de Sousa, dois momentos marcaram a trajectória da inflação agregada com uma aceleração no primeiro trimestre que se deveu ao efeito das inundações, seguida de um abrandamento a partir do segundo trimestre, como resultado da recuperação da produção local de alimentos que atenuou, significativamente menos de um ponto percentual o efeito da subida de preços de produtos e serviços em cerca de três pontos percentuais. Ainda assim, os actuais níveis de inflação acumulada estão acima dos registados de Janeiro a Setembro de 2012.

A dedução da classe de frutas e vegetais (mais voláteis) do IPC agregado resulta numa inflação anual que se situa cerca de 10 pontos base acima do IPC geral. O mesmo efeito observa-se quando é excluída a subclasse dos combustíveis pois a inflação anual passa para cerca de seis por cento, ou seja, 12 pontos base acima da inflação geral”, referiu.

Segundo o Banco de Moçambique são diversos os factores que concorreram para a desaceleração da inflação, no período em análise, com destaque para o aumento da produção local e da oferta de alguns vegetais importados com efeito na continuidade da queda de preços dos produtos da classe de alimentares.

Por outro lado, verificou-se a apreciação acumulada do Metical face ao Rand em cerca de 15 por cento, combinado com a estabilidade da moeda nacional em relação ao Dólar americano o que levou à queda de preço de alguns bens importados.

Tivemos também a coordenação das políticas monetária e fiscal, o que assegurou que o financiamento da Tesouraria do Estado não fosse inflacionário. Estes factores conjugados com a manutenção de preços de administrados tiveram um efeito amortecedor sobre o nível geral de preços, no período em análise”, referiu Waldemar de Sousa.

Economia nacional

cresce nove por cento

domingoapurou que no segundo trimestre de 2013, a economia nacional cresceu, em cerca de nove por cento, depois de  pouco mais de quatro por cento no trimestre anterior, uma aceleração em acima de um ponto percentual face ao trimestre homólogo de 2012. Enquanto isso, o Produto Interno Bruto (PIB) acumulado no primeiro semestre de 2013 alcançou um crescimento de sete por cento, comparativamente ao realizado em Junho 2012.

A análise do desempenho da actividade económica ao longo do segundo trimestre permite reter que o sector primário foi o que mais se destacou ao crescer em mais de dez por cento, impulsionado pela indústria extractiva que continua a ser o mais dinâmico da economia nacional desde o segundo trimestre de 2011, com um crescimento médio acima de 35 por cento, semestralmente. Este comportamento foi reforçado pela recuperação do ramo da agricultura e das pescas depois da queda de produção agrícola.

 O sector terciário, à semelhança dos trimestres anteriores, manteve os níveis de crescimento anual em torno da média dos oito por cento, embora com a contínua queda de produção do ramo de hotelaria e turismo desde princípio do ano. O sector de comércio e serviços registou uma recuperação considerável em relação ao primeiro trimestre do ano.

O sector secundário regista, pelo segundo trimestre consecutivo, níveis de produção abaixo da média, influenciados pelo andamento do sector da electricidade e águas, que regista uma fraca produção de energia, resultante da avaria nos equipamentos de transporte de energia, embora o sector de indústria transformadora esteja a entrar em períodos de recuperação.

Angelina Mahumane

vandamahumane@gmail.com

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