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AGRICULTURA: Manuel Palusso-o senhor agricultor

Por admin

O distrito de Angónia é um dos epicentros da produção agrícola da província de Tete, mas por imperativos geográficos o escoamento é uma dor de cabeça. Mesmo debaixo dessas contrariedades ali ninguém baixa a guarda. Devido ao sucesso que alguns agricultores têm registado ao nível da província de Tete, domingo percorreu cerca de 70 quilómetros da vila de Ulónguè à localidade de Mulanguene, uma zona fronteiriça, no distrito de Angónia, para conversar com Manuel Palusso, um exímio produtor da zona.

A nossa Reportagem apurou que anualmente consegue arrecadar cerca de nove milhões de meticais resultado da comercialização do milho, isto sem contar com a venda de outros produtores agrícolas. Aliás, em cada campanha agrícola consegue produzir cerca de 450 toneladas de milho, sem precisar de produtos químicos.

Trata-se de um produtor humilde, hospedeiro, que à distância não parece ser proprietário de uma vasta riqueza. Na sua residência foi possível ver nível de organização. Construiu três armazéns para a conservação de cereais, equipamentos e de máquinas agrícolas avariadas.

No mesmo espaço edificou três garagens com capacidade para estacionar a frota de camiões e carros ligeiros, com a chapa de inscrição de dois países, moçambicana e malawiana. “Uso carros com matrícula de dois países para facilitar a minha actividade”, disse

O distrito de Angónia é uma região potencialmente agrícola e com solo fértil. Basta lançar a semente na terra que ela germina. Nesta região produz-se, no verdadeiro sentido da palavra, mas como acontece com os principais distritos produtores do país não há mercado e as vias de acesso são outra “dor de cabeça”.

Aqui conseguimos produzir muito, mas temos dificuldades para colocar o produto no mercado, o que nos faz procurar outros mercados fora do país, antes do mercado nacional. Para o meu caso, costumo comercializar parte dos meus produtos no Malawi”.

Entretanto, esta transacção não é nada vantajosa. É que os produtores acabam prejudicados por causa da moeda. Para ter ideia, um quilograma de soja é vendido a 14 meticais em Moçambique, mas a mesma quantidade comercializada no Malawi sai a nove meticais por causa da moeda.

Efectivamente, como testemunhou a nossa reportagem, Angónia não passa fome. O nosso interlocutor tem uma área de mais ou menos 200 hectares, que parte da localidade de Mulanguene até à fronteira entre Moçambique e Malawi.

É uma área que precisa de, pelo menos, um dia inteiro para percorrer. Para conseguir controlar os trabalhos realizados diariamente, o produtor usa uma viatura dupla cabine 4×4 para inspeccionar a produção. O verde das hortícolas e de milho deleita a vista de qualquer visitante.

Para esta campanha agrícola, Manuel Palusso lavrou uma área de 120 hectares, dos quais 98 hectares são exclusivamente para a produção de milho, oito hectares para tomate e outros campos para a produção de alho, repolho e batata-reno. “Com 98 hectares, na época da colheita, consigo encher 15 camiões de trinta toneladas para comercializar e em cada carro arrecado aproximadamente 600 mil meticais”, disse.

Manuel Palusso para poder lavrar aquela área e conseguir produzir grande quantidade de cereais e hortícolas usa máquinas agrícolas, compostas por um tractor com alfaias, pulverizador, semeadores, entre outros equipamentos, financiado pela Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze. Em contrapartida, o produtor tem de desembolsar um valor equivalente a vinte por cento, num período de cinco anos, por estar a usar o material.

No caso do apoio do tractor fornecido pelo FunAgro, Manuel Palusso comparticipou com um valor na ordem de 300 mil meticais, que equivale a 30 por cento, para a amortização da dívida e passou a ser proprietário do tractor, uma vez que os tais apoios são como uma espécie de empréstimo. “Praticamente venderam-me o tractor a preço bonificado”.

Por outro lado, Manuel Palusso, pela sua experiência na agricultura, é tido no distrito de Angónia como “um pequeno burguês”. Pela sua pujança na conquista do mercado e na quantidade do produto que consegue tirar da machamba.

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