As Nações Unidas declararam 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar, por se tratar de um património de práticas sustentáveis incorporadas à rotina de mais de 500 milhões de pequenas famílias em todo o mundo.
A ONU relata que os agricultores familiares são constituídos por produtores de pequena e média escala, camponeses, povos indígenas, comunidades tradicionais, pescadores artesanais entre outros.
Eles detêm boa parte da experiência na área que foi transmitida de geração em geração e aperfeiçoada a ponto de, muitas vezes, conseguir-se manter a produção mesmo em terras onde nunca antes havia sido praticada a agricultura.
Esta declaração visa, na verdade, resgatar o duplo potencial da agricultura familiar na erradicação da fome e conservação dos recursos naturais, elementos centrais do futuro sustentável que se impôs à agenda deste século.
Segundo José Graziano da Silva, director-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), estamos na presença de um património de práticas sustentáveis incorporadas à rotina de mais de 500 milhões de pequenas famílias em todo o mundo.
Acrescentou que em 93 países, segundo levantamento feito pela FAO, esse universo representa, em média, mais de 80 por cento das propriedades agrícolas.
A preservação dos recursos naturais está enraizada na lógica da agricultura familiar. Salvaguardar a biodiversidade, contribuir para a adopção de dietas mais saudáveis e equilibradas e preservar cultivos tradicionais descartados pela agricultura de grande escala, constituindo deste modo um acervo de sobrevivência secular, disse Graziano da Silva.
Segundo a fonte, os agricultores familiares desempenham um papel crucial nos circuitos locais de produção e comercialização, sendo indispensáveis à diversificação das economias regionais. Por isso, em muitos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento, a agricultura familiar tem sido a principal fonte da dieta da população.
Com a crise mundial iniciada entre 2007/08, através da subida dos preços e dos circuitos de oferta, evidenciou-se o erro de terciarizar, aos mercados globais, ajuda externa e a segurança alimentar e nutricional da sociedade.
Tornou-se crescente, desde então, a percepção de que a agricultura familiar, antes de ser um problema, constitui uma parte da solução para o desenvolvimento justo e sustentável nesta época. Por isso, a agricultura familiar é o activo estratégico dessa travessia, concluiu José Graziano da Silva.