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AfreximBank quer impulsionar exportações

Por admin

O African Export-Import Bank (AFREXIMBANK) reuniu o sector público e privado moçambicano para dar a conhecer as oportunidades de investimentos em diversas áreas cuja finalidade é promover o comércio e as exportações dentro e fora do continente.

As áreas escolhidas para receber os investimentos em causa são infra-estruturas diversas, postos de transmissão de energia, agricultura e turismo. O nosso país é accionista daquela instituição financeira, entretanto tem beneficiado muito pouco dos investimentos disponíveis.

O  Banco Africano de Exportação e Importação, ou simplesmente AfreximBank, foi criado em 1993, tendo 38 países como accionistas, dos quais Moçambique faz parte. Foi criado por se constatar que sempre que o mundo é assolado por uma crise internacional os bancos internacionais retiram o seu financiamento por ser arriscado e África é considerada uma zona arriscada, dai que faltam finanças para a promoção do comércio.

Um dos objectivos da sua criação é estimular a expansão, diversificação e desenvolvimento do comércio a nível do continente. A ideia é promover o comércio de África para África e de África para fora, com destaque para os países asiáticos.

Queremos fomentar o comércio entre os países africanos porque exemplos mostram que países da mesma região que fazem as trocas comerciais entre eles são menos susceptíveis aos choques das commodities. Já temos um exemplo dentro do continente que é de Moçambique que exporta energia para a comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), disse o representante da AfreximBank, Gift Simwak.

Por outro lado, visa aumentar o acesso ao financiamento para o sector do comércio, pois a maior parte dos países africanos importa mais do que exporta, dai que aquela instituição pretende criar capacidade no sector de manufacturação para variar a base de exportações.

Para tal, pretende-se estender o crédito directo a exportadores africanos elegíveis, pois muitas vezes as empresas exportadoras precisam de financiamento desde a primeira fase que é juntar a matéria-prima e mesmo depois de exportar, enquanto espera pelo pagamento.

Falando das oportunidades que o AfriximBank pode oferecer ao nosso país, Gift Simwak, disse que Moçambique tem uma das maiores costas de África, o que contrasta com a maior parte dos países do continente que possuem mais terra. Apesar de ser único país que tem energia de sobra e exportar para SADC deve investir na rede de transmissão com vista a evitar perdas.

Em relação a costa vasta de que o país dispõe pode ser usada para desenvolver o sector do turismo, com estâncias turísticas de alto nível como está a acontecer com a Tanzânia, o que pode aumentar a taxa de emprego e a contribuição deste sector para o Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo o representante daquela instituição se os empresários nacionais quiserem desenvolver hotéis com vista a estimular o turismo de conferência aquela instituição está disposta a ajudar. “Pode haver unidades que precisam de trabalhos de reabilitação e expansão para ficarem como hotéis que encontramos a nível mundial. Em alguns países os turistas chegam a gastar milhares de dinheiro, isto pode acontecer aqui também”, disse.

domingoapurou que aquela instituição dispõe de programas para o apoio no melhoramento da produção agrícola, sobretudo tendo em conta que Moçambique possui terra arável, água, energia e pessoas dispostas a trabalhar na terra.

Sabe-se que em África a agricultura, sobretudo de pequena escala, tem sido de sobrevivência, dai que é necessário trabalhar para transformar numa agricultura de negócios, ou seja, deve se produzir para comer e vender e ultrapassar a problema de falta de títulos sobre a terra.

Se o financiamento for o que está em falta podemos ajudar. Estamos dispostos a financiar projectos que acrescentam valor no acto da exportação, com os respectivos equipamentos para o processamento e as infra-estruturas”.

Ainda no rol dos sectores que podem ser financiadas pelo banco, consta a expansão das redes aéreas, ferroviárias e portos, uma vez que estas infra-estruturas podem facilitar naquilo que é o objectivo de se efectuarem trocas comerciais intra-africanos.

Tem ainda o sector da saúde onde se encoraja a construção de unidades hospitalares de nível mundial para reverter a actual situação em que doentes são obrigados a viajar para outros países para receber tratamento.

Aliás, se Moçambique construir hospitais com tecnologias de ponta, oferecer serviços de nível mundial, o cenário pode se reverter.

Refira-se que as Pequenas e Médias Empresas (PME´s) fazem parte dos principais alvos do AfreximBank no que concerne a alternativas de financiamento para poderem fornecer bens e serviços às empresas de gás e petróleo que operam dentro do país.

A nossa Reportagem apurou que devem ser preenchidos alguns critérios para a elegibilidade do projecto em causa, nomeadamente a empresa precisa estar num dos 38 estados-membros que são os responsáveis por investir no capital do banco.

Mesmo os países não membros podem pedir dinheiro para investir na importação e exportação desde que seja a partir dos países membros. Por outro lado, tem que ter itens que estão a ser colocados no comércio inter-regional e sul-sul (África-Ásia).

Temos artigos não ilegíveis para o financiamento, em geral são os proibidos no comércio internacional, como é o caso de armamento, munições, equipamento militar, drogas, material pornográfico e obsceno”, frisou Gift Simwak.

DIVULGAR O AFREXIMBANK

O nosso jornal apurou que Moçambique é membro de Classe A do Afreximbank, participa através do Banco de Moçambique (BM) desde 1993. Desde então, foram realizados apenas quatro projectos, dai que surgiu a ideia de se divulgarem as actividades daquela instituição para que sejam conhecidas pelos empresários nacionais.

A título de exemplo, apenas 4 instituições nacionais já beneficiaram de financiamentos daquela instituição,   o que  totaliza  cerca de 90 milhões de dólares norte-americanos,   dos quais 35 milhões de dólares americanos ainda estão em processamento.

Você só pode interagir quando estiver ciente da tua existência. Por isso pensamos que poucos sabem de nós. Até então muitas comunidades empresariais não estão cientes da banca, devido ao facto do nosso escritório principal existir em Harare, no Zimbabwe”, sublinhou Gift Simwak.

Para depois acrescentar que a instituição quer financiar empresas que estão em negócios de exportação e importação, tendo recebido algumas propostas imediatas, ainda em análise, relacionadas com o financiamento da importação de petróleo.

Por outro lado, está a ser estudada a possibilidade de financiar a construção de armazéns na Beira e financiar a importação de equipamentos pela Electricidade de Moçambique (EDM). “Essas são transacções que estão em primeiro lugar. Mas pensamos que um ou dois deles deverão obter sucesso no final”.

AUMENTAR EXPORTAÇÕES

Segundo a administradora do Banco de Moçambique (BM),  Joana Matsombe,é do interesse do Banco Central que as novas perspectivas de exportação do país, alicerçadas nos vários recursos de que disponíveis no país mos, com destaque para os minerais, tais como o gás e o carvão, sirvam de alavanca para a promoção de um crescimento económico robusto e sustentável, através do aumento da contribuição das exportações no nosso PIB, que tem rondado os 26 por cento em média, nos últimos cinco anos, incluindo os grandes projectos, e cerca de 10 por cento quando excluídas as transacções destas empresas.

Esta última percentagem está ainda muito abaixo da média dos países africanos, que se situa actualmente entre os 20 por cento e 22 por cento, o que traduz, entre outros factores, a fraca produção interna orientada para a exportação, mostrando-se por isso necessário adoptar medidas de política e estímulos que propiciem o aumento das condições de produção doméstica e promoção das exportações.

Com a estabilidade económica e financeira que se regista no nosso país, estamos em crer que o AfreximBank, ao disponibilizar linhas de financiamento para a promoção do comércio externo, pode tornar-se num parceiro estratégico para apoiar a concretização deste desiderato nacional de aumento das exportações e contribuir para a redução do nosso défice da conta corrente sobre o PIB, que se situa em torno de 36 por cento do PIB, quando considerados os grandes projectos, ou 26 por cento, quando excluídos”, disse.

Na ocasião, o Banco de Moçambique reiterou o seu compromisso de continuar os esforços para, em coordenação com o Governo de Moçambique, manter a estabilidade macroeconómica, tão necessária para promover o crescimento económico e garantir que as empresas possam investir num ambiente de negócios estável e previsível, factor imprescindível para o aumento dos investimentos em qualquer economia. 

A estabilidade macroeconómica é um forte estímulo à redução dos custos de intermediação financeira e, por consequência, ao recurso ao crédito pelo sector privado, o que poderá fortalecer o apoio à participação das empresas locais nas cadeias de valor dos projectos já implementados ou por implementar em diversos sectores, com destaque para os da agricultura, mineração, gás e turismo, que começam a despontar no nosso país.

Aliás, a inclusão das empresas moçambicanas, desde as Micro às Pequenas e Médias, na cadeia de abastecimento aos grandes projectos em curso em diferentes áreas, através do fornecimento de produtos e serviços nacionais, respeitando os padrões internacionais, constitui o caminho certo para atingir um crescimento económico de base mais ampla e diversificada, e uma participação mais inclusiva nos esforços de desenvolvimento da economia.

O acesso aos financiamentos do AFREXIMBANK por parte deste grupo de empresas pode também constituir um importante factor de apoio à diversificação da actividade económica no País e redução das importações de bens e serviços que hoje servem a estes grandes projectos de exploração mineira”, concluiu.

Angelina Mahumane
vandamahumane@gmail.com

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