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Artistas celebram Dia do Trabalhador

Por Idnórcio Muchanga

Sob o lema “Artista Consciente, Artista com Valor”, cultores das artes reúnem-se hoje para uma marcha “reivindicatória” do estatuto de trabalhadores das artes, no âmbito da celebração do Dia Internacional do Trabalhador que hoje se assinala.

No SABURA, espaço criado pela directora do Mutumbela Gogo, Manuela Soeiro, sob batuta da Associação Moçambicana de Teatro (AMOTE), dezenas de artistas juntam-se esta manhã para reflectirem sobre os caminhos das artes – com os oradores Alda Costa e Roberto Chitsondzo – sob o tema “Arte nos Dias de Incerteza: Perspectivas e Desafios”. Ambos os oradores, cada um na sua área, tem uma vasta produção, dado que garante desde logo uma conversa bastante animada. Alda Costa tem um doutoramento em História da Arte; Roberto Chitsondzo (Ghorwane), artista com vasta produção musical, é mestre em ciências policiais.

Os artistas, como se sabe, há anos que vêm lutando pelos seus direitos e, acima de tudo, pelo reconhecimento da arte como trabalho, devendo, por isso mesmo, ser remunerada com o devido respeito. Por outro lado, também batem-se com várias restrições – só a título de exemplo, recentemente os actores foram proibidos formalmente de usarem nas suas produções uniforme policial – bem como a escassez de salas convencionais para a exibição das suas peças.

Só na cidade de Maputo, espaços como Cine Xenon e Cine Charlot foram “liminarmente” extintos do mapa. O Cinema Gil Vicente está encerrado e a reclamar obras de restauro. O Cine África também está encerrado há anos. O cenário não é animador, mas não o bastante para quebrar o espírito dos artistas.

Somado a estas dificuldades, há ainda sérios problemas com o mecenato, a incúria de alguns promotores de eventos, entre outras contrariedades, incluindo a pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19) que hoje, no quadro da celebração do Dia do Trabalhador, os artistas irão discutir tendo em vista encontrar soluções para os desafios cada vez mais crescentes.

As actividades, no Espaço Artístico SABURA, na cidade de Maputo, incluem também uma instalação teatral inspirada no tema “La Famba Bicha”, do falecido músico Jeremias Nguenha. Música, poesia, dança, entre outras expressões vão corporizar o grito de guerra dos artistas neste “novo normal”. Semelhantes eventos terão lugar noutras partes do país, com os artistas a reivindicarem o seu espaço na sociedade.

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