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Zambézia deve unir-se para se impor no desporto

Por admin

O treinador do 1º de Maio de Quelimane, clube participante do Moçambola, defende uma Zambézia unida para se impor no futebol e merecer o devido respeito. Desse modo, os zambezianos deixariam de estar sempre duvidosos se na época seguinte terão ou não jogos de Moçambola em casa.

O actual cenário, em que a intriga reina, em detrimento de união, impede que a Zambézia avance, apesar do reconhecido talento que a província ostenta.

O técnico gostaria que houvesse mais zambezianos com corações desportivos como o de David Ramos dos Reis, que para ajudar não olha para as cores do clube necessitado, desde que o interesse seja de representar, de forma condigna, a província.

E é do futebol Zambeziano que começa esta entrevista com Vasco Ibraimo Nurmamad, por uns chamado Vasquinho e por outros Alemão.  

“Mister” Vasquinho, aliás, Alemão, o futebol zambeziano vai para frente ou para trás?

A Zambézia precisa de uma academia de futebol. Se não temos dinheiro para contratar bons jogadores, então invistamos na formação, o que não requer grandes custos. Eu posso ser coordenador dessa academia. Não preciso do dinheiro do desporto.

Não precisa de dinheiro!

Apenas estou a dar meu contributo ao futebol. Sou funcionário do Aparelho de Estado, Professor N1 (Nível Um) com formação Psico-pedagógica. Portanto, o país é quem deve aproveitar a mim no desporto e não o contrário. Estudei futebol, modalidade de que fui praticante. Não disputo comando de nenhuma equipa técnica de futebol, mas quando me chamam para uma ajuda lá estou a dar o meu contributo. Agora posso dizer não quero nada de futebol, sem prejudicar a minha vida.  

Responda-me, o que vai bem e o que vai mal no 1º de Maio de Quelimane?

O que vai bem é o facto de o 1º de Maio estar a representar Zambézia no Moçambola. O que vai mal é me terem como seu “bombeiro”, aquele que é chamado para apagar a crise de resultados e depois é mandado embora.

Um “bombeiro” que está sempre disponível! Não é isso?

Por outros não aceitaria voltar a treinar a equipa do 1º de Maio. Voltei em nome do seu presidente, que muito respeito. Depois de ter socorrido a equipa nas últimas jornadas de 2015, já sem hipótese de manutenção, me dispensaram. Porque a equipa foi repescada para o Moçambola de 2016, com o aumento de 14 para 16 equipas, chamaram António Sábado e um ex-jogador. Os dois foram afastados por maus resultados. E de novo recorreu-se ao “bombeiro”, que sou eu.

Parece que reconhecem o seu valor de treinador mas não lhe confiam. Que acha?

Reconhecem as minhas competências, razão pela qual me chamam nos momentos em que a casa está a arder. Caso contrário, contratariam outra pessoa.

Vai ou não conseguir manter o clube no Moçambola?

Quando peguei a equipa, esta estava em penúltimo lugar. Agora está em quarto lugar, debaixo para cima, fruto de alguma mestria. Comecei com vitória de 3-0 diante de Chingale de Tete, em jogo do Moçambola. O segundo jogo perdi em Maputo com ajuda do árbitro, que deu seis minutos injustificados de compensação para permitir ao Ferroviário de Maputo marcar, o que aconteceu para satisfação dele. Na Taça da Liga BNI, o 1º de Maio bateu Chingale por 2-1. Perdemos com União Desportiva de Songo por 0-1. Na terceira jornada da mesma prova perdemos diante do Ferroviário da Beira por 2-0, em jogo no qual só nos interessava experimentar alguns jogadores, que provavelmente nos vão ser úteis no Moçambola. E ficamos em terceiro lugar no grupo do centro do país. Não estava na nossa agenda ganhar a Taça BNI nem a Taça de Moçambique. O nosso objectivo é manutenção no Moçambola.

Como avalia a arbitragem do Moçambola?

Não quero falar da arbitragem para evitar punição. Deixo a critério de quem de direito.

Não sou sapateiro

sou visionário de futebol

Há condições para o 1º de Maio conseguir manutenção no Moçambola?

O 1º de Maio é um clube de alguém, apesar de os zambezianos considerarem ser clube do povo, esse que não dá nada para a sua sustentação. Nunca tivemos falta de comparência; não nos falta almoços e jantares, nem salários. Nunca estivemos em greve. Ele, o dono do clube, nos dá o básico. Gostaríamos de ter jogadores experientes, mas estamos condicionados financeiramente. Vamos trabalhando com o que temos, que não é mau, que digam os adversários. No inicio da  segunda volta o 1º de Maio já estará jogar mediante processos do futebol moderno, mesmo com jogadores sem nomes.

Afinal, quem é o dono do 1º de Maio?

É o senhor David Ramos dos Reis (o Profeta). Se a província da Zambézia, ao nível do desporto, tivesse mais um homem como ele estaria no topo do futebol nacional. Está sozinho no clube e na província. Apoia tudo e todos nas áreas de cultura, desporto, juventude e social. Ficamos nove anos sem Moçambola, mas quando ele decidiu, a Zambézia reapareceu com duas equipas, Ferroviário e 1º de Maio.  É homem de obras.

Quer com isso dizer que David Reis está para todos e todos não estão para ninguém? Falta união?

A Zambézia unida pode se impor no futebol. Se queremos estar sempre no Moçambola temos que estar unidos. Temos que estar juntos para que quem está lá não desça e para que suba mais outro clube. Não pode haver quem reze para que a equipa de fulano desça para subir a sua. A desunião pode fazer com que quem está lá desça e quem quer subir não consiga subir. Para mim a união não termina dentro dos limites da província. Quando vamos jogar noutra província temos que encontrar no campo zambezianos que lá vivem para nos apoiar. Por exemplo, temos que encontrar no campo do Costa do Sol uma bancada repleta de zambeziamos que residem em Maputo. Tenho a certeza que quando o 1º de Maio ganha em Maputo, esses zambezianos, mesmo que não tenham estado no campo, enchem-se de orgulho, então, para que isso aconteça sempre é bom que se façam presentes no campo para o apoio que sempre precisamos. Isso também faz parte da união que defendo para a auto-estima da Zambézia e dos seus naturais e amigos. 

Talvez por falta dessa união, quando se está na cidade de Quelimane fica-se com a sensação de que o melhor representante da Zambézia no Moçambola seria Ferroviário, Sporting ou Benfica, clubes históricos da província. Nunca se apercebeu disso?

Nós estamos a realizar um sonho, enquanto os outros estão sonhando. O 1º de Maio é das 16 melhores equipas de Moçambique. Não estamos preocupados com os que não estão na festa. Que esperem pelo convite. 

Já agora, não têm tido problemas de viagens, como chegar à madrugada ou mesmo não viajar no dia programado?

Felizmente, não temos tido transtornos nas viagens.

Comenta-se que o “Alemão” não tem graduação para treinar uma equipa do Moçambola?

Eu fiz curso de treinador de futebol na Alemanha designado B Europe, juntamente com Bernardo Mabui, em 1012. Portanto, frequentei um curso internacional na Alemanha para onde fui enviado pela Federação Moçambicana de Futebol, a que se pode consultar em caso de dúvida. Se me levaram para Alemanha é porque não sou sapateiro, mas sim um visionário de futebol.

É por ter estudado na Alemanha que agora lhe chamam de Alemão e não de Vasquinho como era de costume?

É isso mesmo. Continuando. Será que o nível B nacional ou da CAF é superior que o B Europe? Andamos a copiar tudo que é da Europa e minimizamos os níveis dos seus cursos. É ridículo! Mas para que fique claro, eu não ando no futebol à procura de dinheiro para comprar pão. Sou licenciado em Psicologia, estou licenciado em pedagogia e estou a fazer mestrado em Peace, Lidership And Conflict Resolution (Paz, Liderança e Resolução de Conflitos) na instituição Zimbabwe Open University (Z:O.U). E pode acrescentar que fiz curso médio de jornalismo na AMEC.  

Texto de Manuel Meque
manuel.meque@snoticicas.co.mz

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